quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

ANA DE CASTRO OSÓRIO E A MULHER REPUBLICANA PORTUGUESA


EDITORA: Fonte da Palavra.

LANÇAMENTO:

DIA: 8 de Janeiro 2013 (18 horas);
LOCAL: Reitoria da Universidade Nova de Lisboa (Sala do Senado);
INTERVENIENTES: prof. José Esteves Pereira; Teresa Pizarro Beleza; Maria Alice Samara; Isabel Lousada; Luís Perdigão.

No início do século XX eram concedidos poucos direitos às mulheres portuguesas enquanto cidadãs, contudo, as mulheres desempenharam um papel importante na regeneração da nação e na preservação da identidade nacional durante o período republicano. A obra de Ana de Castro Osório (1872-1935) escritora, activista dos direitos das mulheres e uma figura de destaque da cultura luso-brasileira desta época – está intimamente relacionada com essas temáticas como parte da sua agenda política, social e cívica. Neste livro, pretende-se demonstrar que na sua escrita literária e não literária, Castro Osório apela ao alargamento da educação para as mulheres de todas as classes sociais. Educadas, as burguesas tornar-se-iam melhores companheiras dos seus maridos e educariam melhor os seus filhos; as solteiras e as mulheres das classes mais baixas poderiam exercer uma profissão e tornarem-se economicamente independentes.

A publicista feminista enaltece particularmente o papel das burguesas enquanto educadoras das futuras gerações, sendo elas responsáveis pela preservação da identidade nacional. Cabe-lhes, ainda, prevenir a deterioração dos traços raciais
distintamente portugueses, permitindo às gerações republicanas do futuro representarem dignamente Portugal. Castro Osório desafia as mães burguesas a organizarem campanhas de prevenção e erradicação de doenças, programas para eliminação do analfabetismo, da prostituição, da vagabundagem e do crime na luta pela salvação dos mais pobres, educando-os segundo os valores burgueses.

Assim sendo, a sua obra revela propostas construtivas e definidoras de uma “campaign for the health of the race” (Foucault 1979: 146).

Os seus romances mostram que esse compromisso nacional não se restringiu ao todo nacional, mas ambicionou abarcar as novas comunidades portuguesas estabelecidas no Brasil no primeiro quartel do século XX. Evitar a miscigenação entre os portugueses residentes nessas comunidades e as pessoas oriundas de outros países europeus que chegavam à ex-colónia constituiu um dos objectivos da escritora. Em conclusão, a escrita de Castro Osório representa “a mobile discourse of empire” (Stoler 1995: 58) que se estende para além das fronteiras portuguesas e é fruto de uma agenda nacionalista republicana que deseja fazer de Portugal uma potência mais forte a nível mundial" [ler AQUI]

J.M.M.

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