terça-feira, 14 de maio de 2013

MOÇAMBIQUE - MANOEL PEREIRA (1815-1894): LIVRO


Amanhã, 15 de Maio de 2013, pelas 18 horas, vai ser apresentada a obra de Luísa Vilarinho Pereira, sobre o bisavô Manoel Romão Pereira (1815-1894), fotógrafo português radicado em Moçambique, onde viveu durante largo período tendo acompanhado o processo de transformação que foi tendo lugar na antiga colónia portuguesa durante os finais do século XIX.

Refere a autora na nota de divulgação da obra:


Além do interesse particular que dediquei a esta obra, por divulgar o trabalho de meu bisavô, este bosquejo ilustrado com algumas das suas fotografias, tem por objectivo recordar um curto período da história, a partir da chegada a Lourenço Marques da Expedição de Engenharia, em 07.03.1877, liderada pelo Eng. Joaquim José Machado (bisavô dos Lobo Antunes). Este desembarque, ficou assinalado na toponímia da antiga Praça Picota de Lourenço Marques.

Durante cerca de15 anos, o empenhado projecto de desenvolvimento da Província Moçambique, idealizado pelo Ministro Andrade Corvo, foi transformando o arrabalde do velho presídio e terras alagadas circundantes, nos pilares da futura cidade hoje designada por Maputo. Derrubada a antiga muralha protectora do velho casario, foi decretada a extinção do pântano e traçada a quadrícula dos arruamentos do novo aglomerado urbano, livre da malária que dizimava a população local. Em Dezembro de 1887, foi inaugurado o primeiro troço do Caminho de Ferro, que ficou apenas a cerca de 8 Km da fronteira com o Transvaal. Meu bisavô, a quem fora entregue o desenho do ajardinamento da Praça Sete de Março, foi também responsável por fotografar a construção do Caminho de Ferro, obra há muito projectada mas apenas iniciada em meados de 1886.

Do arrabalde do antigo Presídio, junto à margem da baía, Manoel Pereira mudou a localização da sua Residência-Atelier para o alto do morro, frente ao Hospital e à nova Igreja em construção. Veio depois a Lisboa propor ao Ministro Ressano Garcia a Expedição Phototographica que viria a liderar por todo o Moçambique. A reportagem desta obra de vulto, executada pela engenharia militar, a par do relacionamento pacífico estabelecido com a população indígena, com quem se negociava  a permanência e o ensino escolar no território, bem como a exploração do minério, teve amplo testemunho de imagem que foi servindo para modelo das gravuras, anonimamente publicadas na revista O Occidente, ilustrando textos de Augusto Castilho.

A cobiça internacional, que levou às decisões estabelecidas na Conferência de Berlim, em 1885, atribuindo soberania a quem verdadeiramente ocupasse o território, condenou este viver construtivo e pacífico. Após o Ultimatum de 1890, a visita do Comissário Régio Mariano de Carvalho teve detalhada reportagem fotográfica que registou o avanço da Agricultura praticada nos Prazos da Zambézia, bem como o funcionamento escolar para ambos os sexos, por todo o território de Moçambique.

Nesta colecção de fotografias que vieram a figurar na Exposição Insular e Colonial Portugueza de 1894, ficou bem expressa em imagem a confraternização com os Régulos locais e até mesmo um processo eleitoral, com fila de votantes em frente à Alfandega da Ilha de Moçambique. A presença de António Ennes e a campanha de Mouzinho de Albuquerque, puseram termo a este período notável, que  precedeu a implantação do regime dito Colonial e bem merece hoje ser divulgado.


Ver mais informação detalhada AQUI.

Sobre o trabalho desenvolvido por Manoel Pereira podem encontrar-se algumas fotografias disponíveis no Arquivo Científico Tropical do Instituto de Investigação Científica e Tropical, AQUI.

A.A.B.M.

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