AUTOR: Francisco Carromeu;
EDITORA: Colibri, 2013 (Agosto/Setembro), 354 p.
“O Estado que se refunda com as revoluções liberais exige a uma geração de
portugueses a invenção de um novo contrato social, que junte a Nação, as
instituições, a História e o progresso. Ao período que vai de 1820 e 1851,
pede-se que se olhe com os olhos desse tempo e não com os do Antigo Regime que
já passara ou com os do futuro que se não podia prever. Nele, ergueram-se os
alicerces desse Portugal Moderno, difícil, controverso e confuso, muitas vezes
gerador de equívocos que se foram repetindo na historiografia que se lhe
seguiu. O padre Marcos esteve em todos os momentos decisivos desse período,
interveio em todos eles, foi decisivo em alguns e tornou-se uma figura
incontornável da sua inteligibilidade. Esteve na reforma do Estado e da Igreja
e nunca considerou que fosse incompatível as suas condições de cristão e maçon,
tendo chegado a Arcebispo de Lacedemónia e grão-mestre da Maçonaria portuguesa”
[ver AQUI]
O livro de Francisco Carromeu
é muito importante [como se compreenderá pelo brevíssimo percurso biográfico que
nos atrevemos a apresentar sobre o padre Marcos] pela lacuna existente sobre
esta “curiosa figura da nossa época constitucional” [cf. Manuel Pinheiro Chagas]
e que lançará, decerto, “luz” sobre este “defensor acérrimo” dos direitos
constitucionais do vintismo.
► O Padre Marcos [aliás Marcos Pinto Soares Vaz Preto] nasceu em Sesimbra a 30 de Dezembro de 1782. Seguindo [cf. A.H. Oliveira Marques; cf. Carlos H. G. Loureiro, “O Padre Marcos e o liberalismo”, Sesimbra, 1939] a carreira eclesiástica, professa o hábito da Ordem de Santiago, estuda filosofia em Évora, é prior de Alhos Vedros (1816-21) e da freguesia da Pena (1822-23), de onde é afastado e proibido de exercer.
Partidário
das ideias liberais (já em 1808 se suspeitava que era autor de publicações clandestinas
liberais, em Sesimbra), foi desterrado em 1823 (pela Vilafrancada) para Mesão
Frio [Trás-os-Montes] e proibido de pregar. Com a chegada de D. Miguel, clandestinamente
embarca (1828) para França, seguindo para o exílio em Inglaterra. Aí dirige os
periódicos liberais, “Português Emigrado” (1828-29) e o “Paquete de Portugal”
(1829-31). Acompanha as forças liberais de D. Pedro IV, que conhece na viagem
para os Açores (1831-32), tornando-se seu confessor e pregador (bem como da
rainha D. Maria II), desembarcando no Mindelo. Foi provedor e vigário geral do
Patriarcado de Lisboa (1834), arcebispo de Lacedemónia (1835) e prior da Colegiada
de Guimarães (1848). Esteve como deputado nas legislativas de 1834-36, 1942-46
e 1848-51.
O Padre Marcos pertenceu (1823) à Sociedade Patriótica Gabinete
de Minerva [sociedade que a que pertenciam vários militares]. Foi maçon,
iniciado em loja desconhecida [A.H.O.M.], com n.s. de “Filemon Fabrício”, tendo
sido obreiro da Loja Regeneração nº338 (entre 1838-42) do REAA, sendo seu
Orador (1841), loja essa que pertencia à Grande Loja Provincial do Oriente Irlandês. Esta
Loja [instalada em 1837, em Lisboa, e extinta em 1872, era predominantemente
ritualista, tendo entre os seus obreiros figuras como António Feliciano de
Castilho (s. Chénier) ou Jorge Figanière e Mourão (s. Hector)] não deve ser
confundida com a primitiva Loja “Regeneração”, fundada em 1797/8 e que se
integrou no GOL (com o nº2) em 1804, tendo depois suspendido os seus trabalhos por
várias vezes, extinguindo-se em 1823. Por último O Irmão “Filemon Fabrício” foi
Grão-mestre da Loja Provincial do Oriente Irlandês, entre 1842-1851.
Morre o padre Marcos a 6 de Dezembro de 1851, em Lisboa.
J.M.M.
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