[José Máximo Pinto da Fonseca Rangel] CAUSA DOS FRADES E DOS PEDREIROS LIVRES NO TRIBUNAL DA PRUDÊNCIA, Porto, Imprensa do Gandra, 1821,
61(4) p. [outro
exemplar é datado de 1822, Lisboa, pela Typ. Rollandiana]
"Este opúsculo anónimo é da autoria do militar e poeta José
Máximo Pinto da Fonseca Rangel, implicado na chamada conspiração de Gomes
Freire de Andrade em 1817, e por breve tempo ministro da Guerra em 1823. Esta é
a primeira edição (Porto, Imprensa do Gandra, 1821). Oliveira Marques refere a
segunda edição, no ano seguinte, em Lisboa. Desta obra escrita em defesa da
Maçonaria, sob a forma de um diálogo entre Paulo e Emílio, transcrevemos este
curioso excerto. Já na época se recorria a escribas mercenários e
serventuários:
«Bem sabeis, e nenhum homem hoje ignora, que os autores das
revoluções são os ministros e conselheiros, que em nome dos reis tiranizam e
oprimem os povos; estes, que são racionais, e não jumentos, quando a carga é
insuportável, forcejam por sacudi-la; reage então a Natureza. Eis o rei se
assusta; pergunta a causa; o maligno conselheiro, ou o ministro, que a deu,
desculpa-se com os pedreiros-livres; e para que esta calúnia seja verosímil,
compra de antemão algum escritor venal para ralhar dos maçons a torto e a
direito».
► José
Máximo Pinto da Fonseca Rangel nasce em 1770 [ou 72?] em
Santa Marinha do Zêzere (Baião) – cf. A.H. de Oliveira Marques, in História da
Maçonaria em Portugal, …, e Dicionário de Maçonaria Portuguesa. Filho de João
Pinto Ribeiro da Fonseca (do Porto) e de Matilde Rosa da Fonseca Rangel.
Era primo [cf. Inocêncio F. Silva] de José Ribeiro Pinto, “alferes
de infantaria nº16, justiçado em 1817 na chamada conspiração Gomes Freire”, e
maçon, que foi preso em Guimarães. Ao ser escoltado para Lisboa, já perto de
Santarém, Ribeiro Pinto aproveita uma distracção do oficial que o levava,
tira-lhe a arma e “desfecha-a contra o peito, ferindo-se gravemente” [Raul
Brandão, “A Conspiração de 1817”, p. 153].
Refira-se – de acordo com o Acórdão da Relação de Outubro de
1817 que condenou à morte a 18 de Outubro de 1817 [dois dias antes da sua
publicação] o general Gomes Freire de Andrade e outros onze mártires - que José
Ribeiro Pinto foi denunciado [sendo que, dos principais delatores da presumida
tentativa de sublevação de Gomes Freire e seus companheiros, três deles eram
maçons, como José de Andrade Corvo de Camões (Loja Virtude), Pedro Pinto de
Morais Sarmento (Loja Filantropia, Santarém) e João de Sá Pereira Ferreira
Soares (Loja Filantropia)] como um dos principais instigadores da sociedade conspiradora,
dita como “Conselho Regenerador” [fundada em Fevereiro de 1817].
José Máximo Rangel foi bacharel, oficial do exército (Infantaria
e Artilharia) desde 1794 [ibidem], participa na campanha do Rossilhão, é
nomeado cavaleiro da Ordem de Cristo (1802); iniciado na maçonaria, é em 1808
membro fundador e secretário do Conselho Conservador de Lisboa [associação paramaçónica
fundada a 5 de Fevereiro de 1802, com o “objectivo de lutar contra a ocupação
francesa”]; foi preso em 1809 e 1810 (na setembrizada – vide “A Conspiração de
1817”, de Raul Brandão) e em 1817, na consequência dos acontecimentos em torno
da “Conspiração Gomes Freire” na qual foi apontado como um dos sublevados, tem
ocasião de fugir (alertado por um padre) de uma quinta em Trás-os-Montes, onde
se encontrava, exilando-se em Espanha (aí ficando até 1818). Na ocasião escreve
mesmo aos governadores dizendo-se vítima de “calúnia” e que “está desligado até
da sociedade maçónica” [Raul Brandão, ibidem, p. 215].
Após o 24 de Agosto de 1820, pertence à Sociedade Patriótica
Portuense (fundada em 1820), tendo sido nomeado Governador do Castelo de S.
João da Foz, no Porto (1822-23; 1827-28); foi deputado à Cortes, pelo Porto, em
1822-23 e 1826-28; entre a saída de D. João VI de Lisboa (Maio de 1823) e a
Vilafrancada, é encarregado do Ministério dos Negócios da Guerra, tendo-lhe
sido depois estabelecida residência fixa na sua quinta em Baião (Guimarães).
José Máximo Rangel durante a contra-revolução Miguelista vive
escondido (1828-1932), falecendo em Lisboa a 24 de Março de 1832. Refira-se que
a sua família, na tentativa de não revelar o local onde estava refugiado,
colocou o seu corpo à porta de uma igreja.
Tem várias obras publicadas, algumas sob anonimato. Refira-se:
Poesias (1793); “Templo da Memória” (poesia); “Severo exame do procedimento dos
portuguezes …” [anon.], Lisboa, Imp. Regia 1808, 16 p.; “Desengano feliz, ….”,
Impr. Regia, 1809; “Catalogo por copia, extrahido do original das sessões e
actas feitas pela sociedade de portuguezes, dirigida por um conselho intitulado
‘Conselho Conservador de Lisboa’ e installada n'esta mesma cidade em 5 de
Fevereiro de 1808, para tratar da restauração da patria. Lisboa, na Imp. Regia
(1808? 9?), 94 p. [José Máximo Rangel era, como foi referido, secretário do seu
Conselho]; “A Batalha de OTTA, entremez heróico” [anon.], 1808, 12 p.; “Projecto
de guerra contra as guerras, offerecido aos chefes das nações europeas”, Coimbra,
Imp. Univ., 1821, 24 p.; “Pernicioso poder dos perfidos validos, destruido pela
Constituição”, Imp. Univ., 1821, 22 p.; “Causa dos frades e dos pedreiros livresno tribunal da Prudencia”, Porto, Impr. do Gandra, 1821, 61(4) p.; “Vantagens
do soldado portuguez”, Lisboa, Imp. Nacional, 1823.
4 comentários:
A data de nascimento deve estar errada, talvez seja sim 1770
A data de nascimento deve ser 1770.
Certo! Lapso nosso, como se entenderá. Os nosso agradecimentos.
Era meu avô.
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