segunda-feira, 23 de setembro de 2013

ESTADO NOVO E UNIVERSIDADE: A PERSEGUIÇÃO AOS PROFESSORES


AUTORES: Fernando Rosas & Cristina Sizifredo;
EDITOR: Tinta-da-China (Setembro 2013), p. 144.

A Perseguição aos Professores conta a história de todos aqueles que,  por motivos políticos, se viram impedidos de aceder à docência  universitária, foram afastados dos seus centros de investigação,  impossibilitados de progredir nas carreiras académicas ou  compulsivamente exonerados das suas funções como investigadores ou  professores das universidades portuguesas durante a Ditadura Militar e  o Estado Novo.

A depuração política do corpo docente universitário ou de quem a ele  pretendia aceder, quase sempre fundamentada em informações da polícia  política, atingiu um largo espectro de investigadores ou docentes,  muitos dos quais representavam, nos seus sectores – na matemática, na  medicina, na economia, na física, na agronomia, nas ciências humanas  –, o escol do pensamento científico português. A perseguição política  desses elementos por parte de um regime que considerava a liberdade de  opinião e de expressão, e portanto a liberdade científica, como  incompatíveis com a segurança do Estado, acarretaria nefastas e  duradouras consequências para o desenvolvimento científico em Portugal.

Muitos dos investigadores e docentes perseguidos pelas suas convicções  políticas viram-se forçados ao exílio em vários países da Europa e da  América Latina, ou nos EUA, onde livremente puderam exercer o seu  múnus científico. E aí semearam a marca indelével do seu saber,   deixando aos países que os acolheram aquilo que foram impedidos de  oferecer ao seu.

Não parece possível abordar o problema da depuração política das  universidades sem se compreenderem as relações do Estado Novo com o  saber científico e académico e, portanto, com as universidades, depositárias tradicionais desse conhecimento e órgãos por excelência  da sua reprodução. Tenhamos presente que no projecto político, ideológico e cultural da 'política do espírito', delineado no rescaldo  do plebiscito constitucional de 1933 com a criação do Secretariado de  Propaganda Nacional (SPN), virá a ser atribuído um papel claramente  periférico e subalterno ao saber académico, à cultura científica e às   universidades de uma forma geral”.  [ler AQUI - sublinhados nossos]
 
 J.M.M.

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