segunda-feira, 19 de maio de 2014

A MEMÓRIA DO ELEFANTE


A MEMÓRIA DO ELEFANTE. Jornal de Música Popular, Jazz, Erudita e Rádio – Ano I, nº 1 (1971 – saiu um número experimental a 25 de Fevereiro de 1970 (!?), segundo a BNP) ao Ano IV, nº 13 (Dezembro de 1974); Edição: Mário Jorge Morais; Direcção: Joaquim Lobo; Administração: Rua dr. Vasco Valente, 40, 2º, Porto (depois na Rua Passos Manuel, nº 134, 1º, Porto); Relações Públicas: João Afonso Almeida; Supervisão: Pedro Nunes; Impressão: Empresa de Publicidade do Norte, Porto (depois Tip. Aliança, Porto); Porto, 1971-1974, 13 numrs
[Alguma] Colaboração/textos assinados: António Barredo Oliveira, António José Fonseca, Jorge Lima Barreto, Mário Gonçalves, Octávio da Fonseca e Silva, Pedro Proença, Renato Silva, …
Do seu nº 11 (Janeiro de 1974), transcrevemos [via nosso post no Almocreve das Petas, com a data de 7 de Abril de 2004 – para que se conste], o seguinte:

A Memória do Elefante tem sido e continua a ser por enquanto, um trabalho quase só de amadores não remunerados cuja acção procura concretizar um ideal de crítica. Estamos alheios aos jogos de interesses que orientam, sub-repticiamente ou não, muitos representantes da nossa informação profissional (orgulhosamente). Os nossos redactores não têm obrigação de, como último recurso de incapacidade, encher umas quantas folhas de papel com as futilidades mais incríveis da vida mundana de personalidades pseudo-importantes do nosso putrefacto meio artístico, precisamente as personalidades «progressistas» (ah! ah!) que conduzem à recuperação da contra-cultura. A Memória do Elefante não é de, nem para escatófagos (…)” [A Memória do Elefante, nº 11, Janeiro de 1974]
“… A música urbana, na noção ideal, está ligada à vanguarda e à revolução sob todas as formas. Neste sentido pode dizer-se que em Portugal não há música urbana. Está, por aqui, num estado embrionário, simplista e pseudo-artístico. Abortadas que resultaram as experiências bem desenvolvidas mas inacabadas da Filarmónica Fraude e Quarteto 1111, não há para já perspectiva de uma música nova …” [Octávio Fonseca e Silva, in José Afonso, ibidem]
Em Janeiro de 1973 (nº10), lia-se: “Este artigo é uma pequena e despretenciosa homenagem a Guy Debord e à I. S. Funda-se numa aplicação das teses reais do livro «A Sociedade do Espectáculo» e numa relação afectiva que a carta recentemente recebida dum fugitivo em França, Pedro Jofre, reavivou decisivamente …” [Jorge Lima Barreto, in Jazz In Situ, ME nº 10, Agosto 1973].
Refira-se que este importante jornal de contracultura, transgressor nos seus textos e de um grafismo estético inovador, estava de algum modo ligado à denominada extrema-esquerda, acentuando a “radicalização política” que marca os anos 70 entre a juventude. Não por acaso teve, a partir de 1973, apoio da revista “Mundo da Canção”, surgida em 1969 (o nº1 data de Dezembro de 1969), ela própria, embora noutro registo, de estimada intervenção social e, por isso, incómoda ao regime.   

J.M.M.

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