terça-feira, 20 de maio de 2014

CONFERÊNCIA – MAÇONARIA E DITADURAS NA EUROPA



CONFERÊNCIA: "Maçonaria e Ditaduras na Europa
ORADOR: prof. José Adelino Maltez;

DIA: 24 de Maio 2014 (16,00 horas);
LOCAL: Coimbra Business School, ISCAC [Quinta Agrícola, Bencanta, Coimbra];
ORGANIZAÇÃO: Museu Maçónico Português | Parceria com o ISCAC [Ciclo “Novos Paradigmas e Maçonaria]

“Se é um facto que em Portugal os maçons ao longo dos séculos da sua existência sofreram “na pele” perseguições, torturas e tentativas de marginalização social, política e económica, a maçonaria como instituição no Regime do Estado Novo, também por via da instituição da lei “Cabral” de Maio de 1935, de extinção das Sociedades Secretas, viu “encerradas as suas portas”, fechada a sua sede (na Rua do Grémio Lusitano) e aí ser instalada a sede da Legião Portuguesa.

Fica célebre a defesa da Maçonaria por Fernando Pessoa, em artigo publicado no Diário de Lisboa nesta época.

É igualmente um facto que depois de 1919 e sobretudo depois do crash da Bolsa de 1929 se assistiu ao início da emergência de um novo paradigma económico na Europa, também é um facto que se assistiu ao despontar de regimes totalitários e mais tarde de fascismos de várias matizes.

Na difícil convivência dos maçons com as diversas formas de ditaduras, vimos em Espanha o regime de Franco fuzilar inúmeros maçons, conotados como tal, as suas sedes serem destruídas e vandalizadas, assim como os seus arquivos, as suas famílias serem perseguidas, as instituições democráticas por si arduamente construídas serem completamente aniquiladas.

Na Alemanha com o regime Nacional Socialista e posteriormente com o III Reich de Hither e persistente perseguição, destruição de sedes (vendidas em leilão, transformadas em armazéns…), sendo por fim os maçons, como os judeus encarcerados nos campos de concentração, onde morreram inúmeros maçons e até Grão-Mestres por exaustão, não deixando, apesar das situações extremas e penosas a que foram sujeitos de se reunir e manter a chama viva da defesa da liberdade de consciência e da dignidade da pessoa humana, mantendo sempre presente a esperança de construção de uma humanidade mais solidária e de afirmação dos valores de construção dos estados democráticos de direito.

É exemplo desta circunstância os maçons alemães nos campos de concentração adoptarem a “Flôr de miosótis” como símbolo de reconhecimento e esperança, embora com ele guardando a memória, “Forget me not” das situações difíceis que tiveram de ultrapassar. Este símbolo foi posteriormente adoptado por uma loja de ingleses que estiveram na Alemanha.

Na Itália com o regime fascista de Mussolini os maçons foram perseguidos, mortos e deportados e a Maçonaria viu igualmente as suas instalações serem destruídas bem como os seus arquivos, numa tentativa de apagar a sua memória.  

Em França com o regime Vichy assiste-se igualmente a perseguições e interdições ferozes. O mesmo acontece na Áustria, Polónia, Roménia…

Apesar das ferozes tentativas de aniquilar os maçons e a Maçonaria estes souberam sempre estar na linha da frente na construção dos Estados Democráticos de Direitos e na defesa da tolerância, da paz, da liberdade de consciência, da justiça social, da dignidade da pessoa humana, da solidariedade social e da elevação intelectual e espiritual do ser humano, lutam assim e sempre pela edificação dos valores humanistas, como soi dizer-se, pelo aperfeiçoamento do ser humano e por uma humanidade mais justa e perfeita.

[Fernando Castel-Branco Sacramento - Director do MuseuMaçónico Português]

J.M.M.

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