“La libertad no hace a los hombres felices, los hace
sencillamente hombres” [Manuel Azaña]
“Nuestro
norte es una entidad que tiene dos nombres República y España. Para mi es lo
mismo. La República es la expresión jurídica de mi patria, y España es el
nombre histórico de la República” [ibidem]
Manuel
Azaña Diaz [1880-1940], “alcalaíno como Cervantes” [ver AQUI], foi um
intelectual e político notável, um orador radioso e temível, um dos apóstolos
da II República de Espanha [e seu emérito Presidente], sendo considerado uma
das personalidades mais marcantes do século XX espanhol.
Nascido
a 10 de Janeiro de 1880 em Alcalá de Henares, foi desde sempre um aluno brilhante
e uma personalidade invulgar. Formado em direito [1898 pela Universidade de
Saragoça; mais tarde doutor pela Univ. Central de Madrid], advogado, tradutor (traduziu
as “Memorias de Voltaire”), ensaísta e jornalista [começa, em 1897, na revista
“Brisas del Henares”, sob o pseudónimo de Salvador Rodrigo; em 1901, colabora
na revista “Gente Vieja”; correspondente do jornal “Figaro”
(Outubro de 1919 a Abril de 1920, durante o tempo em que residiu em França); é
fundador da revista “La Pluma” (Junho de 1920; nasce a revista já quando M.
Azaña sai do Ateneu de Madrid e se demite de secretário); dirige a revista “España"
(1923; a revista foi encerrada pela censura em 1924), etc…], amador de livros [começou
a ler na copiosa biblioteca do avô e do seu pai], membro (1900) do selecto grupo
do Ateneu de Madrid [onde foi secretário], escritor galardoado com o prémio
Nacional de Literatura (1926 – “La vida de don Juan Valera”) e com obra
memorialista importante.
Manuel
Azaña inicialmente milita (1912-23) no Partido Reformista (de Melquiades
Álvarez), que abandona face á posição tomada relativamente a Primo de Rivera,
que considera de traição, rompendo com o regime monárquico. Teve ocasião de participar
na Liga de Educação Política (1913; onde estão figuras notáveis como Ortega y
Gasset) e incentivou (1918) a constituição da secção espanhola da Sociedade das
Nações [que adopta o nome de “União Democrática Espanhola”] que curiosamente
não o apoia na questão da guerra civil. Adere ao republicanismo com o golpe de
estado do ditador Primo de Rivera, que vai combater, declarando-se republicano,
identificando a Democracia com a República, pelo que procura a união de todos
os republicanos.
Na
I Guerra Mundial toma posição ao lado dos Aliados, desenvolvendo uma activa
participação intelectual nesse apoio, publicando no semanário “España” um
manifesto a favor do Aliados [“Manifiesto de adhesión a las Naciones Aliadas”,
de Julho de 1915], o que o leva por diversas vezes a França, a Itália [em 1917,
com Unamuno, na frente de guerra], e a que se seguiu uma concorrida
conferência no Ateneu de Madrid [“Los motivos de la germanofilia"], em que
manifesta admiração pelas virtudes do patriotismo francês, revelando os
horrores da guerra, bem como inicia um ciclo de conferências no “Ateneu de
Madrid” sobre “La política militar de la República francesa”. Disso dá conta em
obra posterior, reflectindo sobre o Estado, a nação e a Guerra, assumindo o inalienável
direito de defesa do indivíduo perante o Estado.
Manuel
Azaña funda o Grupo de Acção Republicana (1925) que actua clandestinamente até
1930 [cf. José Peña González], até à retirada de Primo de Rivera, integrando-se
depois (Fevereiro de 1930) na Aliança Republicana [como curiosidade diga-se que
M. Azaña, aborda o problema da Catalunha, assumindo que, embora não o
desejasse, que se a Catalunha fazia intenção de separar-se de Espanha, tinha
esse direito] e, posteriormente, na Esquerda Republicana (1934).
Ministro
da Guerra no Governo provisório da II República (14 de Abril de 1931), foi
nomeado Presidente desse governo, levando a cabo reformas importantes
[refira-se que Azaña esteve por quatro vezes na cadeira presidencial]. Porém,
não conseguindo conjugar forças necessárias para lutar contra a Igreja
[veja-se, por exemplo, o modo como a questão do projecto da lei de Confissões e
Congregações Religiosas se desenrolou e as consequências havidas, anos mais
tarde] e a oligarquia instalada, o seu projecto liberal e socialista [para
Azaña a República não podia ser um prolongamento da monarquia sem os Bourbons]
sai fracassado e com ele o próprio regime republicano.
[em continuação]
J.M.M.
[em continuação]
J.M.M.
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