segunda-feira, 6 de outubro de 2014

COMEMORAR A REPÚBLICA | CONDEIXA-A-NOVA - 4 DE OUTUBRO 2014





Realizou-se ontem, sábado, 4 de Outubro pelas 18 horas, em Condeixa-a-Nova. na Galeria Manuel Filipe, a anunciada conferência e inauguração da exposição sobre a Maçonaria e República.

Contando com a presença do Prof. Doutor António Ventura e de Aires Henriques que cedeu os objectos para a exposição, estiveram também presentes o Presidente da Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova, Nuno Moita da Costa e a vice-presidente, Liliana Pimentel. Com uma audiência inesperadamente grande, visto que parte da assistência acabou por ficar à porta, mas o sistema de som permitiu acompanhar as palavras que então foram proferidas.

O Prof. António Ventura começou por lançar a provocação à audiência "que relação entre República e Maçonaria? - Nenhuma", mas esclarece de seguida que esta relação parte de uma análise institucional, porque a Maçonaria se assume como como acima da política partidária, não só no passado como nos nossos dias. Mas reconhece que muitos republicanos que eram maçons, a título individual participaram nos acontecimentos que eclodiram em 5 de Outubro de 1910. Para isso socorreu-se de documentos fundadores da Maçonaria como as Constituições de Anderson e outros textos onde se definia que a Maçonaria não podia discutir política partidária, mas pode e discute, como reconheceu, questões políticas desde a assistência social até à saúde, do ensino até ao problema da defesa nacional.

Explicou rapidamente o processo de constituição do Grande Oriente Lusitano Unido com homens como o José Elias Garcia, Conde de Paraty (João Inácio Francisco de Paula de Noronha), Bernardino Machado, Francisco Gomes da Silva, Luis Augusto Ferreira de Castro, Sebastião de Magalhães Lima e António José de Almeida (todos Grão-mestres da Maçonaria). Deu particular destaque à figura de Sebastião de Magalhães Lima, tendo recorrido a vários documentos produzidos no interior do GOLU durante o período em que esteve à frente da maior obediência maçónica em Portugal.

Estabeleceu vários paralelismos entre os problemas políticos actuais e os do passado, com a preocupação de contextualizar sempre as afirmações feitas em determinado período fruto de uma conjuntura específica que as determinou. Alertou a assistência para aquelas que considera as grandes marcas da prática maçónica: Liberdade, Fraternidade e Justiça. Abordou ainda de forma superficial algumas das questões da sociedade actual em que se olha criticamente a Maçonaria, mas explicou que pelo facto de muitos terem sido iniciados não significa que tenham entendido os princípios que lhe foram sendo ensinados e que esses são afastados da organização tendo explicado como esse processo se realizava no passado.

Falou ainda Aires Henriques que explicou o papel da Villa Isaura e do Museu da República e da Maçonaria em Troviscais, Pedrogão Grande. A sua paixão pelo tema ao longo do tempo e as dificuldades na construção deste museu numa pequena localidade do interior do País. Porém, pela dimensão e importância que conseguiu alcançar já cedeu exposições para várias entidades públicas e privadas em Portugal, sendo considerada das mais interessantes e importantes.

Na fase de intervenção do público o Prof. António Ventura tentou explicar a questão do secretismo da Maçonaria na actualidade e apresentou alguns notas sobre o triângulo nª 175, criado em Condeixa-a-Nova em 1911, os obreiros que o integravam e outras pessoas que de Condeixa ou que vivendo em Condeixa, integraram a Maçonaria como os Presidentes da Câmara Manuel Simões Alegre, António Pires da Rocha, Fortunato Carvalho Bandeira e o Dr. João Cardoso Moniz Bacelar.

Por fim, procedeu-se à inauguração da exposição organizada pela autarquia com a coordenação do Dr. Rui Miranda, com destaque para um pequeno catálogo editado pelo município com os objectos expostos, com uma pequena nota de lamento pela ausência de um pequeno texto explicativo/orientador tanto ao nível das biografias como dos objectos patentes na exposição.

Na audiência destacavam-se entre outros o Dr. António Arnaut, bem como pessoas dos mais diversos quadrantes da vida política e cultural condeixense, bem como muitos visitantes de vários locais desde Coimbra, Aveiro, Figueira da Foz entre outros.

O Almanaque Republicano esteve presente e assistiu com com agrado a este evento que divulgamos.

A.A.B.M.


Sem comentários: