Realizou-se no Domingo [5 de Outubro] em Oliveira do Bairro, no belíssimo auditório do Quartel das Artes, Dr. Alípio Sol, o lançamento do livro de António Pedro Vicente [Prof. Catedrático
aposentado de História Contemporânea da UNL, Académico de Número da Academia
Portuguesa de História e sócio correspondente de várias instituições, com valiosos
trabalhos publicados sobre história portuguesa do século XIX, a que junta estimados
contributos para a História da Fotografia e na História da 1ª República], “Os Bustos da 1ª República”.
Sob o patrocínio da Câmara Municipal
de Oliveira do Bairro - que na pessoa do seu presidente João Oliveira
apadrinhou esta preciosa obra – o lançamento do livro, que coincidiu com a
Comemoração da República, foi ornamentada com a participação, de incontestável virtude,
dos professores Amadeu Carvalho Homem e de Luís Bigotte Chorão, que cumpriram
com acrisolado saber, competência e distinção a apresentação da Obra e assim dilataram
a fé e o ideário republicano.
Entre uma assistência
dedicada, que soube tributar os aplausos merecidos, estiveram presentes alguns
dos proprietários da valiosa colecção de bustos da República, representados na
obra de António Pedro Vicente, como os drs. Emílio Rincon Peres e Aires Henriques e que sob os melhores auspícios colaboraram para a sua realização.
“Os Bustos da 1ª República”
remete-nos para o interessante conhecimento, leitura e entendimento da
iconografia e simbologia republicana, numa apologética e didáctica virtuosa,
porque contextualizado, acompanhando o “surto da propaganda republicana”. Dividindo-se
em diversas partes, desde o Tricentenário de Camões, ao 31 de Janeiro de 1891 e
à Implantação da República, toda uma iconografia ligada ao regime republicano
emerge, marcando desde logo presença o “busto da República”, ícone e símbolo da
“nova era”, dum novo mundo que “resolveria as injustiças e transportaria, para
o futuro, a justiça social, a liberdade, a igualdade e que iria acrisolar o amor
fraterno entre os seres humanos” [p. 43].
“Os Bustos da 1ª República” (177
p.) é uma obra copiosa, profusamente ilustrada e em excelente papel, que reúne reproduções
de peças de alguns dos nossos mais luminosos coleccionadores do período da 1ª
República – António Pedro Vicente (ver Fundação Mário Soares), Emílio Rincon Peres,
Aires Henriques e Luís Bigotte Chorão – e, decerto, será uma incontornável peça
da rica bibliografia republicana.
Os Professores Luís Bigotte
Chorão e o Amadeu Carvalho Homem abrilhantaram a sessão de lançamento do livro
com peças oratórias ilustradas e que deixaram viva impressão no vasto público
presente.
Como curiosidade registe-se o
debate, à margem ou talvez não, sobre o enigmático “bicho” [sic] ou “insecto” presente
no busto [e conhece-se 3 versões diferentes], abaixo do pescoço da peça, pertença
de Emílio Rincon Peres, e que é capa da obra, que marca uma sã e fraterna controvérsia
que se estende no Facebook [AQUI e AQUI] e mesmo fora dele. Trata-se de
saber que “bicho” é aquele, qual a razão de estar lá colocado e, evidentemente,
que simbólica (a ter uma) representa. Várias hipóteses foram entretanto levantadas:
centopeia [hipótese Emílio Rincon Peres], joaninha (simbolizando a Boa Nova, da
República), escorpião. Da simbologia registe-se a da já citada “República da Boa
Nova” [joaninha, hipótese Aires Henriques], passando pela identificação de uma “facção”
ou partido [reorganização do PRP, facção Afonso Costa: vidé o caso citado de António
Martins e a reorganização do PRP em Castro Daire, 1917, referido por Abílio Pereira de Carvalho] e, até mesmo, uma outra que faz referência à alegoria simbólica
[no caso de ser um escorpião] presente no grau 22.º ao 24.º do REAA. De facto,
o “bicho” que adorna alguns bustos da República é uma controvérsia bem curiosa.
O Almanaque Republicano
marcou presença e agradece, a todos, a magnifica recepção e a excelente sessão.
J.M.M.
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