Mercedes Blasco era o nome artístico de Conceição Vitória Marques, nasceu em 4 de Setembro de 1870, no Pomarão, nas Minas de São Domingos, concelho de Mértola, distrito de Beja.
Até aos sete anos de idade foi com a família viver para Huelva, na Andaluzia (Espanha) e depois disso a família fixou-se no Porto. Transformou-se ao longo do tempo numa rapariga irrequieta, viva e provocante. Como a família era remediada, o pai ambicionava que a filha prosseguisse estudos superiores, tudo indica que ambicionaria medicina, mas acabou por enveredar pela carreira de actriz. Conceição Marques escolheu o curso do Magistério Primário, momento em que se iniciou o processo de aproximação ao teatro. Assistiu às representações de Mademoiselle Nitouche , na cidade do Porto, onde se começou a notar a sua inclinação para a arte de Talma, tendo nessa época decorado todas as frases. Porém, nessa época, a reacção da família à sua opção pela carreira de actriz provocou-lhe vários dissabores tendo mesmo que fugir de casa para conseguir seguir a carreira que desejava. Mesmo com estas contrariedades estreia-se em teatro com o nome artístico de Judith Mercedes Blasco, no Teatro Chalet, no Porto, com a peça A Grande Avenida, peça escrita por Francisco Jacobetty.
Participou ao todo em 64 peças de teatro, sendo que aquelas em que teve maior sucesso foram: Reino da Bolha, Agulhas e alfinetes, Vivinha a saltar, Viagem de Suzette, Farroncas do Zé, À procura do badalo, Ali... à preta,Ramerrão, Um ano em três dias, Ó da guarda.
Pouco tempo depois, em 1884, destacou-se com a representação da peça no Teatro Trindade, mas percorre o teatro Condes, D. Amélia, Principe Real, Avenida e outros. Torna-se gradualmente uma actriz de operetas, onde conquista algum sucesso. Percorre as principais cidades de Lisboa, Porto e Braga e algumas localidades da província. Desloca-se também em digressão por vários países da Europa como Espanha e França e/ou outras regiões como o Brasil. Algumas das suas actuações causaram escândalo devido à forma como se apresentou em público, pela desenvoltura e liberdade que demonstrava. Desde andar de bicicleta pelas ruas de Lisboa, cantar o fado no Teatro de S. Carlos perante a rainha D. Amélia, ou apresentar-se com o cabelo à garçonette. Além disso, teve dois filhos sem ter casado, facto que perturbava a mentalidade da época. Quando da segunda gravidez, em 1905, afastou-se dos palcos portugueses e da vida pública. Em 1908, realiza uma digressão pelo Brasil de onde segue depois para Paris. Nessa altura permanece no estrangeiro durante vários anos, estabelecendo-se na Bélgica, onde vive com os dois filhos e um companheiro belga, o engenheiro Remi Ghekiere.
Participou ao todo em 64 peças de teatro, sendo que aquelas em que teve maior sucesso foram: Reino da Bolha, Agulhas e alfinetes, Vivinha a saltar, Viagem de Suzette, Farroncas do Zé, À procura do badalo, Ali... à preta,Ramerrão, Um ano em três dias, Ó da guarda.
Pouco tempo depois, em 1884, destacou-se com a representação da peça no Teatro Trindade, mas percorre o teatro Condes, D. Amélia, Principe Real, Avenida e outros. Torna-se gradualmente uma actriz de operetas, onde conquista algum sucesso. Percorre as principais cidades de Lisboa, Porto e Braga e algumas localidades da província. Desloca-se também em digressão por vários países da Europa como Espanha e França e/ou outras regiões como o Brasil. Algumas das suas actuações causaram escândalo devido à forma como se apresentou em público, pela desenvoltura e liberdade que demonstrava. Desde andar de bicicleta pelas ruas de Lisboa, cantar o fado no Teatro de S. Carlos perante a rainha D. Amélia, ou apresentar-se com o cabelo à garçonette. Além disso, teve dois filhos sem ter casado, facto que perturbava a mentalidade da época. Quando da segunda gravidez, em 1905, afastou-se dos palcos portugueses e da vida pública. Em 1908, realiza uma digressão pelo Brasil de onde segue depois para Paris. Nessa altura permanece no estrangeiro durante vários anos, estabelecendo-se na Bélgica, onde vive com os dois filhos e um companheiro belga, o engenheiro Remi Ghekiere.
Com o eclodir do conflito em 1914 e a ocupação da Bélgica pela Alemanha viu-se confrontada com a necessidade de trabalhar como professora de línguas em Liège, porque se recusou por questões de princípio a actuar para o exército alemão. Nessa altura conhece um período de grande carência e privações económicas.Entretanto acontece a morte do seu primeiro filho, Stélio, ainda em Liège, vítima da guerra. Alista-se então como enfermeira da Cruz Vermelha, tendo estado na frente batalha, participando mesmo na Batalha de La Lys. Durante esta fase ajudou os soldados feridos entre os quais alguns portugueses que ajudou a regressar a Portugal.
Quando terminou a Guerra e porque o marido já tinha falecido, Mercedes Blasco regressa a Portugal com o seu filho mais novo, Marcelo, já doente com tuberculose, muito provavelmente devido às graves dificuldades económicas em que tinha vivido e que viria a falecer em Lisboa em 1922. Esperava encontrar algum reconhecimento pelas suas acções durante a Guerra bem como pelo seu trabalho como actriz, mas sem grande sucesso. Ainda fez algumas aparições em palco, mas pontuais e sem grande sucesso nos teatros Apolo e no Salão Foz, onde ouviu várias vezes as pateadas do público, já esquecido e desconhecendo o valor da actriz. A sua carreira como actriz estava praticamente terminada.
Na sua obra Vagabunda, de 1920, de cariz autobiográfico, narra alguns dos episódios que viveu durante a Grande Guerra junto dos soldados portugueses, bem como relatos de vários soldados portugueses que passaram pelos campos de prisioneiros alemães.
Cantou fados, escreveu letras de músicas e tocava guitarra para acompanhar nos seus espectáculos. Percorreu vários países europeus antes do início da Grande Guerra como a Itália, Inglaterra, Holanda e Bélgica.
Em Agosto de 1920, Júlio Ribeiro, senador da República ainda apresentou uma proposta de lei para que Mercedes Blasco entrasse como societária do Teatro Nacional, mas a ideia acabou por não ter resultado.
A sua cultura acima da média faziam-na dominar várias línguas como o inglês, o francês, o italiano, o espanhol e o alemão, o que a ajudou na sua vida profissional, não só em Portugal como no estrangeiro. Por essa razão uma das actividades a que se dedicou para garantir a sobrevivência foi a tradução de várias obras. Publicou ainda diversas obras que abaixo se descriminam:
BLASCO, Mercedes (1908). Memórias de uma actriz. Porto: Editora Viúva Tavares Cardoso.
___ (1920). Vagabunda. Seguimento às Memórias de uma actriz, 1908 a 1919. Lisboa: J. Rodrigues.
___ (1923). Caras pintadas. Lisboa: Portugália Editora.
___ (1924). Desventurada. Lisboa: Portugália Editora.
___ (1926a). Esta vida… Lisboa: Portugália.
___ (1926b). Os meus homens. Lisboa: J. Rodrigues.
___ (1927). Como eles são. Lisboa: J. Rodrigues.
___ (1930). Qualquer coisa… Lisboa: J. Rodrigues.
___ (1932). Hipócritas. Lisboa: J. Rodrigues.
___ (1934). Arco de Cupido. Lisboa: J. Rodrigues.
___ (1936). Nas trincheiras da vida. Lisboa: Imp. Lucas.
___ (1937). Engeitada. Lisboa: J. Rodrigues.
___ (1938). Diário de uma escriba. Lisboa: J. Rodrigues.
Publicou ainda:-
- Musa Histérica;
- Versos de Mulher;
- Os Bastidores do Amor;
- Qualidades Magnas do Artista Dramático;
- Tagarelices;
- Adão e a sua costela;
- Caras e corações;
- Como eu fui amada;
- Quando a alma fala;
- Querem saber?;
- Batalha de Sexos;
- Qualquer coisa...;
- O Meu Príncipe;
- Uma Hora de Amor;
- Uma Mulher que acredita no Amor;
- O Homem que deu o seu cérebro;
- Namoradas e Amantes;
- Como se conquista um homem;
- Hipócritas;
- Arco de Cupido;
- Uma mulher, um beijo, uma traição;
Conhecem-se colaborações suas com vários periódicos como o Jornal da Manhã, do Porto, e o Novidades, A.B.C, O Século, A Cidade, de 1927, dirigido por Carlos Faro, A Voz Pública (1924-1927), de Lisboa, dirigido por Nogueira Júnior, na revista Civilização (1928-1937), do Porto, na revista Comédia (1921-1924), Gente Lusa (1930), Gil Braz (1898-1904), Ilustração (1926-1939), Nova Arcádia (1926-1927), O Pirilampo (1923-1925), Portugal-França (nº único, 1910), entre outros.
Para além do nome artístico Mercedes Blasco, utilizou ainda de Dinorah Noémia, Mam´zelle Caprice, e Judite Mercedes Blasco. Esta situação de vários nomes artísticos ao longo da carreira prendiam-se com o facto da família não aceitar a sua vida artística e tentar ocultar dela esse facto.
Nos últimos anos de vida foi obrigada viver em casa de benfeitores de onde fugia ocasionalmente e percorria à noite as ruas de Lisboa, onde já ninguém a reconhecia. Chegou mesmo a ser internada na Mitra em Lisboa. Faleceu em casa da família de Alberto Bartissol, na Travessa do Rosário, 6, a 12 de Abril de 1961, com 94 anos. O corpo foi sepultado no Cemitério dos Prazeres, no talhão dos Artistas Teatrais.
Fontes consultadas:
Bibliografia consultada:
- Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, vol. III, coord. Eugénio Lisboa, Pub. Europa América, Lisboa, s.d.
- LEMOS, Mário Matos e, Jornais Diários Portugueses do Século XX. Um Dicionário, Ariadne Editora/CEIS 20, Coimbra, 2006.
- OLIVEIRA, Américo Lopes de, Dicionário de Mulheres Célebres, Lello & Irmão,Porto, 1981.
A.A.B.M.
2 comentários:
Bom dia, gostaria de deixar aqui uma ligação de um video que elaborei sobre a historia de vida desta Senhora que foi a Mercedes Blasco, uma celebridade minha conterrânea esquecida, para isso elaborei estas passagens....
https://www.youtube.com/watch?v=Cso36Ez9KXM
António Pacheco
https://www.facebook.com/Mercedes-Blasco-Concei%C3%A7%C3%A3o-824818820901860/
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