CARICATURAS PESSOAIS, de F.[rancisco] Valença, Edição da Renascença Gráfica, Lisboa, 1931,
p. 216
“Colecção
de caricaturas publicadas no periódico Sempre Fixe, com amáveis legendas do
próprio desenhador, que, partindo de uma inspiração de 1900 subsidiária de
Rafael Bordalo Pinheiro (O Chinelo, Varões Assinalados, etc.), ganha o seu elã
precisamente nesta época” [AQUI]
FOTO
via FRENESI
► [NOTA
BREVE] SOBRE FRANCISCO VALENÇA:
Francisco
Valença [1882-1963] foi um notável desenhador, ilustrador, figurinista e
caricaturista. Feroz crítico dos “costumes” nacionais, “comentador” satírico e
implacável, deixou uma obra copiosa, desde que se estreou no quinzenário
humorístico “O Chinelo” (1900), passando pelo seu incontornável “Varões
Assinalados”, espécie de reprise do “Álbum das Glórias” de mestre Bordallo
Pinheiro.
Nasceu
Francisco Valença, em Lisboa, a 2 de Dezembro de 1882. Frequentou [cf. Diário
de Lisboa, 18 de Janeiro 1963; “Os Comics em Portugal”, Bedeteca, 1997; “Dicionário
dos Autores de Banda Desenhada e Cartoon em Portugal, 1999] o Instituto
Comercial e Industrial. Começa, como se referiu, n’O Chinelo [que funda com
André Brun e o escritor Carlos Simões], apresentando depois um curioso álbum,
“Salão Cómico” (1902), publicando [ibidem] trabalhos avulsos n’A Comédia
Portuguesa (1902), “Brasil-Portugal” (1902-1909), “A Crónica” (1903-1904) e na
revista infantil “O Gafanhoto” (1903-1904).
A
partir de 1904, com a colaboração em “O Século – Suplemento Humorístico” [sob a
“orientação artística” do assumido ilustrador, monárquico, Jorge Colaço] Francisco
Valença, com as suas “ilustrações de sátira político-social” que marcaram
decisivamente o periódico, toma lugar de relevo entre os desenhadores, caricaturistas
e o público. Espalha [ibidem], ainda, a sua genialidade artística n’A
Tribuna (1904), “Tiro e Sport” (1905-1911), “Ilustração Portuguesa” (1906),
“Novidades" (1907), “Arte Musical” (1907-1908), “O Raio” (1909 – curioso
semanário ilustrado, sob direcção de Joaquim Guerreiro), “Alma Nacional”
(1910), ou na “Límia” (1910). Mas é entre 1909 e 1911 lança um conjunto de gravuras humorísticas - caricaturas sobre personalidades da época - que publica com o título de os “Varões Assinalados”. A técnica, a execução e o brilhantismo do traço, a ironia e a versatilidade humorística e satírica, conheceu enorme sucesso entre o público. Colabora [ibidem] no “Diário de Notícias Ilustrado" (1912), “O Zé” (1919), “O Comércio do Porto Ilustrado” (1919), “Diário de Lisboa” (1924).
Dirige [ibidem] o semanário “O Espectro” (nº espécime data de 18 de Maio1925), publica “Os Meus Domingos” [com André Brun], “A Semana do Chiado” [com Anibal Soares, monárquico], desenha (de 1920-1952) para o Museu Etnológico Português, publica no “Lírios” (1932), no “Miau” (1934), no “Diário dos Açores”.
Ao mesmo tempo colabora [ibidem] no “Le Rire” (Paris), “La Nación” (Madrid), “Boletin Fermé" (Barcelona) e outros periódicos brasileiro. Trabalhou para teatro, como na comédia de André Brun e Carlos Simões, “O Tabelião do Pote das Almas” e ilustra um vasto conjunto de livros, publicados por Armando Ferreira, Emília de Sousa e Costa, Henrique Marques Júnior, Julieta Ferrão. Encontra-se representado em vários museus, caso do Museu Nacional de Arte Contemporânea, no Museu Soares dos Reis
Em
1927 (até 1959) colabora no “Sempre Fixe" mas a ditadura não lhe permite manter
a sua crítica política social, pelo que retrata “unicamente os hábitos e
costumes nacionais”. A Câmara Municipal de Lisboa faz-lhe uma homenagem,
promovendo uma Exposição do Palácio de Galveias (Maio 1962) sobre os seus trabalhos.
Francisco
Valença morre a 17 de Janeiro de 1963, na sua casa da Rua Latino Coelho (nº21,
4º andar), em Lisboa.
J.M.M.
1 comentário:
Ele é autor de uma caricatura sobre o quadro «Os Gaiteiros» do Carlos Reis.
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