ALFREDO PIMENTA, “A Mentira
Monarchica: Analyse do Momento Actual da Politica Portugueza”, Centro
Republicano de Coimbra, Coimbra, Imprensa Academica, 1906, 19-I p.
“Este opusculo é o desenvolvimento logico d’um artigo na Resistencia publicado, em 25 de novembro d’este anno, sob o titulo — O bloco monarchico. O Centro Republicano de Coimbra, publicando este trabalho do sr. Alfredo Pimenta, não alimenta vaidades pessoais, mas manifesta tão só a sua vontade em contribuir, na medida das suas forças, para a reorganização nacional baseada em principios scientificos e progressivos. A decadencia politica a que chegamos, caracterisada tão claramente nas indecizões da realeza, está pedindo um ataque cerrado e constante, para que o velho regime dê logar ao advento de uma organisação nova e completamente harmonica com a s aspirações do paiz. Esse ataque ha-de ser feito, mesmo pelo seu caracter preparatorio para um movimento decisivo, pela imprensa, pelos comicios, pelos livros. Servindo-se d’esta occasião, o Centro Republicano de Coimbra, julga prestar um serviço ao paiz, publicando o presente trabalho”
via In-libris
► Trata-se de um dos
opúsculos, de juventude, do irrequieto Alfredo Pimenta – AQUI por nós referido
-, nascido em terras de Penouços, alguns anos depois da sua aventura literária
e de poetastro (o “EU” data de 1904). Alfredo Pimenta passou, sucessivamente, do
anarquismo ao republicanismo radical
[esteve presente no Congresso
Republicano de Coimbra de 1904, pertenceu aos estudantes “intransigentes” da
greve académica de 1907 em Coimbra, foi chefe de gabinete do Ministro do
Fomento no Governo Provisório da República chefiado por Duarte Leite, torna-se
apoiante (1908) de António José de Almeida, redigindo o Manifesto Evolucionista
de 1912, está, curiosamente, no centro de uma pendência entre o ofendido Afonso
Costa e o director do jornal “República”, António José de Almeida, pelo artigo (12
de Junho de 1914) publicado nesse jornal, “O partido dos escândalos”, (cf.
Política e Justiça na I República, de Luís Bigotte Chorão, vol 1, p. 389), é
candidato a deputado nas eleições de 1913, abandona o partido em 1915],
muda para o campo monárquico
(de que é um dos seus doutrinários), é deputado sidonista (1918), adere ao
Integralismo (de que se afasta, mantendo a fidelidade a D. Manuel II e fundando
a Acção Tradicionalista Portuguesa, depois Acção Realista), manifesta admiração
confessa por Mussolini, torna-se germanófilo assumido e salazarista convicto
[delicioso é a sua correspondência com venerado Oliveira Salazar – vide “Salazar
e Alfredo Pimenta. Correspondência (1931-1950)”, com curioso prefácio de Manuel
Braga da Cruz, Verbo, 2008].
Este opúsculo deve juntar-se
outros publicados na sua idade libertária, como “O Fim da Monarchia” (1906) e “Factos
Sociais” (1908).
FOTO via In-Libris
J.M.M.
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