quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

A MENTIRA MONARCHICA - ALFREDO PIMENTA


ALFREDO PIMENTA, “A Mentira Monarchica: Analyse do Momento Actual da Politica Portugueza”, Centro Republicano de Coimbra, Coimbra, Imprensa Academica, 1906, 19-I p.

Este opusculo é o desenvolvimento logico d’um artigo na Resistencia publicado, em 25 de novembro d’este anno, sob o titulo — O bloco monarchico. O Centro Republicano de Coimbra, publicando este trabalho do sr. Alfredo Pimenta, não alimenta vaidades pessoais, mas manifesta tão só a sua vontade em contribuir, na medida das suas forças, para a reorganização nacional baseada em principios scientificos e progressivos. A decadencia politica a que chegamos, caracterisada tão claramente nas indecizões da realeza, está pedindo um ataque cerrado e constante, para que o velho regime dê logar ao advento de uma organisação nova e completamente harmonica com a s aspirações do paiz. Esse ataque ha-de ser feito, mesmo pelo seu caracter preparatorio para um movimento decisivo, pela imprensa, pelos comicios, pelos livros. Servindo-se d’esta occasião, o Centro Republicano de Coimbra, julga prestar um serviço ao paiz, publicando o presente trabalho

via In-libris   

Trata-se de um dos opúsculos, de juventude, do irrequieto Alfredo PimentaAQUI por nós referido -, nascido em terras de Penouços, alguns anos depois da sua aventura literária e de poetastro (o “EU” data de 1904). Alfredo Pimenta passou, sucessivamente, do anarquismo ao republicanismo radical

[esteve presente no Congresso Republicano de Coimbra de 1904, pertenceu aos estudantes “intransigentes” da greve académica de 1907 em Coimbra, foi chefe de gabinete do Ministro do Fomento no Governo Provisório da República chefiado por Duarte Leite, torna-se apoiante (1908) de António José de Almeida, redigindo o Manifesto Evolucionista de 1912, está, curiosamente, no centro de uma pendência entre o ofendido Afonso Costa e o director do jornal “República”, António José de Almeida, pelo artigo (12 de Junho de 1914) publicado nesse jornal, “O partido dos escândalos”, (cf. Política e Justiça na I República, de Luís Bigotte Chorão, vol 1, p. 389), é candidato a deputado nas eleições de 1913, abandona o partido em 1915],

muda para o campo monárquico (de que é um dos seus doutrinários), é deputado sidonista (1918), adere ao Integralismo (de que se afasta, mantendo a fidelidade a D. Manuel II e fundando a Acção Tradicionalista Portuguesa, depois Acção Realista), manifesta admiração confessa por Mussolini, torna-se germanófilo assumido e salazarista convicto [delicioso é a sua correspondência com venerado Oliveira Salazar – vide “Salazar e Alfredo Pimenta. Correspondência (1931-1950)”, com curioso prefácio de Manuel Braga da Cruz, Verbo, 2008].

Este opúsculo deve juntar-se outros publicados na sua idade libertária, como “O Fim da Monarchia” (1906) e “Factos Sociais” (1908).

FOTO via In-Libris

J.M.M.

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