sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

GLÓRIA AOS REVOLUCIONÁRIOS DE 31 DE JANEIRO DE 1891, DA CIDADE DO PORTO


Eu meu Senhor, não sei o que é a República, mas não pode deixar de se uma coisa santa. Nunca na Igreja senti calafrio assim. Perdi a cabeça então como os outros todos. Todos a perdemos. Atirámos então as barretinas ao ar. Gritámos todos: Viva, Viva, Viva a República” [testemunho, em tribunal, de um soldado implicado no movimento de 31 de Janeiro de 1891, na cidade do Porto]

A revolução republicana de 31 de Janeiro de 1891, na cidade do Porto, foi a primeira das várias “manifestações revolucionárias” visando implantar a República.

Essencialmente militar (contando com o apoio de civis), a revolta republicana foi, passe o seu insucesso, um dos muitos “gritos patrióticos” erguidos contra a degradação da situação política, social e económica do final da monarquia, sendo, sem dúvida, uma data histórica de luta e paixão pelo ideário republicano em Portugal. Como tal faz parte do vasto património revolucionário republicano e democrático.

No seu espírito mais profundo, o dia 31 de Janeiro de 1891, consubstanciou um virtuoso sentimento patriótico contra a afronta, humilhação e devassa com que a Pátria vivia (em que o Ultimatum foi o abalo insofismável, o catalisador do ambiente que gerou a revolta).

Pelo despertar das almas, contra a indiferença e o desânimo instaurado, no seu vibrante grito patriótico pela renovação da Alma Lusitana, a revolta dessa “sublime manhã” de 31 de Janeiro ficou para sempre marcada como uma “lição moralde civismo [Basílio Teles], traçando o que seria o caminho desse generoso levantamento cultural e cívico pela res publica, que patrocinou o desfecho vitorioso do 5 de Outubro de 1910. E que por isso, aqui, também honramos!

Evocar o pronunciamento militar da revolta do Porto, essa data gloriosa da República, será tentar compreender as suas motivações e consequências, as ilusões e esperanças do seu anunciado projecto republicano democrático; será homenagear a combatividade e o assombro ético dos seus intervenientes (“esses vencidos que estiveram prestes a ser vencedores” – no dizer de um jornal monárquico).

De outro modo, entender as desinteligências e controvérsias havidas no seio dos correligionários republicanos, compreender a manifesta improvisação e erros da tentativa militar de insurreição, sentir o pulsar e o ensejo de mudança das elites, da burguesia e do operariado do País, acompanhar os gestos e o papel desempenhado pelas associações/sociedades do mundo civil, em que os clubes e a maçonaria têm lugar central, é, afinal, não só enquadrar os acontecimentos de 31 de Janeiro e a marcha ascensional para revolução posterior de 5 de Outubro, mas também compreender que esta data gloriosa marcou, no tempo, as “necessidades e as aspirações nacionais” de liberdade redentora, pela construção de instituições constitucionais, liberais e democráticas (...)"

J.M.M. (datado de 31 de Janeiro de 2014)

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