AUTOR: Luís Farinha;
EDITORA: Edições Assembleia da República, 403 p.
Inicia-se na política com a Greve Académica de 1907 e entra nas
Constituintes como uma jovem promessa dos 'anos da propaganda'. Integra a
designada Geração do Resgate, revolucionária e radical, profundamente
anticlerical e, simultaneamente, democrática e socializante.
Desenvolveu uma intensa atividade política e parlamentar, como
um convicto afonsista, numa primeira fase do regime, até ao golpe sidonista.
Depois da 'guerra civil', empenhou-se na refundação da
República. É durante esta segunda fase que faz o trânsito para o Partido
Socialista Português (PSP), de que se tornou líder em 1920).
Manteve a condição de parlamentar - com um significativo
interregno entre 1921-1925 –, até à queda da República, mas abandonou o
Parlamento uma semana antes do Golpe Militar de 28 de Maio. Neste período,
livre da atividade parlamentar, enceta uma reorganização do PSP, especialmente
a partir do X Congresso Nacional do partido, realizado em Tomar, em 1922. A
partir destes anos, no Parlamento ou na imprensa, Ramada Curto e os seus
'companheiros' socialistas assumem-se como uma espécie de consciência crítica
da República.
O livro continua a acompanhar o seu percurso socialista durante
a Ditadura Militar, até à Conferência de Coimbra de 1933, onde fica clarificada
a estratégia do PSP, tanto no que diz respeito às suas relações com a Ditadura
Militar/Estado Novo, como no que concerne à tática seguida nas relações com as
restantes oposições.
O trabalho alicerça-se sobre a dimensão processual da atividade
política de Ramada Curto, articulando, por patamares, a implantação,
consolidação e queda do regime republicano com a experiência individual:
i) do
estudante que contribuiu para a “sindicalização” da luta estudantil e desse
modo se tornou um obreiro indiscutível da República; ii) do Constituinte e do
parlamentar que lutou arduamente pela instalação de um novo regime, por meio de
um processo revolucionário; iii) do homem de Direito que quis harmonizar as
leis do país com os novos princípios democráticos em que acreditava; iv) do
combatente que exigia uma República democrática e social; v) ou, por fim, do
militante que acreditou na via reformista do socialismo democrático, ao mesmo
tempo que em Portugal e na Europa vingavam as experiências totalitárias.
Ramada foi um advogado ilustre em casos que, pelas suas relações
com o mundo político, escancaravam as portas para o interior do regime, como
aconteceu com o processo sobre a Noite Sangrenta ou com o processo sobre O Caso
Angola e Metrópole; como muitos outros, foi também advogado de opositores à
Ditadura Militar e ao Estado Novo. Personalidade multifacetada, Ramada foi,
ainda, um dramaturgo de renome, 'o mais fecundo autor de teatro' português no
período entre as duas Guerras, como considerou o insuspeito Luís Francisco
Rebello” [AQUI - sublinhados nossos]
J.M.M.
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