Durante o seu percurso militar e depois do regresso de
Angola, em 1901, apresenta-se no Ministério da Guerra e no Quartel-General da
1ª Divisão. Em Fevereiro desse ano foi incumbido de realizar uma pequena tarefa
na fábrica de armas. Em Julho de apresentou-se no Regimento de Artilharia nº 5,
e no final de Dezembro apresentou-se no Grupo de Artilharia de Guarnição nº4.
Transferido em 1902 para o Estado-Maior de Artilharia e foi
nomeado adjunto da 2ª Repartição da Direcção-Geral do Serviço de Artilharia. Em
Dezembro desse ano foi transferido para o Campo de Tiro de Alcochete onde se
manteve até Maio de 1907, tendo realizado diversas tarefas como o exame dos
terrenos e dependências do Campo, inventariar as construções e material ali
existentes. Estudando a forma mais económica e prática de juntar a Escola
Prática de Artilharia com a instrução do Exército.
Com a extinção do Campo em Maio de 1907, passou a desempenhar
as funções de vogal da comissão de serviço balístico e da comissão encarregada
de proceder à elaboração de um regulamento de tiro e armamento, para armas
portáteis e à redacção do respectivo manual.
Em Outubro de 1910, após a implantação da República foi
nomeado Chefe Interino de Repartição do Gabinete da Secretaria da Guerra. Participou
nos acontecimentos da Rotunda, mas quando soube do suicídio de Cândido dos Reis
acabou por fazer uma retirada estratégica. Integrou também a comissão
encarregada de reunir num único diploma legal as directivas sobre uniformes do
Exército, procurando simplificar e adaptar às novas realidades, em especial em
caso de guerra.
Promovido a major e nomeado Chefe de repartição do Gabinete
do Secretariado da Guerra em 29 de Junho de 1911. Exonerado destas funções foi
transferido para o comando do Grupo do 2º Batalhão de Artilharia de Costa. Em
1913 foi colocado na Repartição Técnica do Arsenal do Exército e nomeado vogal
da comissão técnica de fortificações.
Em 1914 presta serviço no Regimento de Artilharia nº2,
exercendo as funções de comandante do 1º Grupo e, em 1915, foi transferido para
o Regimento de Artilharia nº1, tendo nessa altura sido promovido a
tenente-coronel. Foi nomeado Inspector do Material de Guerra do Arsenal do
Exército. Em Setembro de 1915 passou a integrar o quadro de Artilharia de Campanha,
assumindo em Dezembro de 1916 o comando do 1º Batalhão de Obuses de Campanha.
Em correspondência de João Chagas para Sá Cardoso, em Janeiro
de 1915, é possível encontrar uma recomendação ao militar no sentido de se
conseguir o reforço do poder governamental. Mas o político republicano [João
Chagas], referia que não era partidário de uma ditadura, antes seu adversário e
Sá Cardoso, sendo militar, sabia as dificuldades e conflitualidades que se
faziam sentir no seio da instituição militar a favor e contra a intervenção dos
mesmos na vida política.
Participou na preparação do 14 de Maio de 1915, fazendo parte
da Junta Revolucionária que preparou a revolução onde pontuavam António Maria
da Silva [único civil], Norton de Matos e Sá Cardoso [majores] além de Freitas
Ribeiro [capitão-tenente] e Álvaro de Castro [capitão].
Parte para França, integrado no Corpo Expedicionário
Português, em Março de 1917. Durante esta fase é promovido a coronel para o
Estado-Maior de Artilharia e, em Outubro de 1917 passa a desempenhar as funções
de Comandante-Geral de Artilharia e Comandante de Artilharia da 1ª Divisão, mas
em Janeiro de 1918 regressa a Portugal, porque entretanto tinha subido ao poder
Sidónio Pais.
Sendo oposicionista da revolta sidonista de 5 de Dezembro de 1917,
tendo sido preso em 1918 em situações degradantes que provocaram mesmo a sua
queixa junto das autoridades. Segundo relato que nos chegou através do
testemunho do seu filho, Carlos Ernesto Sá Cardoso, seu pai teria sido preso em
sua casa e conduzido ao Governo Civil de Lisboa. Ali foi detido numa enxovia
com outros detidos e depois transferido para o Castelo de São Jorge, tendo
depois sido novamente transferido para o forte da Graça, em Elvas. Só viria a
ser libertado durante o período conhecido como Traulitânia, comandando nesse
período das forças republicanas em operações pelo Alentejo.
Em 1919, fiel à sua índole republicana, participou na
ofensiva contra a Monarquia do Norte. Nesse mesmo período foi eleito presidente
da Câmara dos Deputados. Em Junho desse mesmo ano assumiu a presidência do
governo, acumulando as pastas do Interior e dos Negócios Estrangeiros até 1920.
Nessa fase afasta-se do Partido Republicano e, juntamente com Álvaro de Castro,
funda o Partido Reconstituinte. Em 1923, transita para os Nacionalistas, que
resultaram da fusão com os liberais. Voltou a ser Ministro do Interior entre 18
de Dezembro de 1923 e 6 de Julho de 1924. Participa ainda com Álvaro de Castro
na criação da Acção Republicana, onde desenvolve actividade até 1925.
Em 1926, com a Ditadura Militar instaurada em
Portugal, Sá Cardoso foi preso e deportado. Inicialmente neutral face ao
movimento de 28 de Maio, acaba pouco tempo depois por se manifestar claramente
contrário à Ditadura Militar. Combatendo-a com firmeza acaba por ser preso,
primeiro para Cabo Verde e depois para os Açores.
[em continuação]
A.A.B.M.
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