Teve
o periódico figueirense, "A Razão", como primeiro editor José Maria Roque dos Reis [era
oficial-encadernador e já antes (21 de Janeiro de 1900) tinha sido editor do
jornal bi-semanal “O Figueirense”, na sua 2ª série], vulto republicano e
católico, pertencente ao Centro Republicano José Falcão.
Acontece que ao nº4 do jornal (19/02/1904) publica-se um artigo [sob o título “Verdade”] relativo à substituição do seu editor, José Maria Roque dos Reis [JMRR]. Nesse artigo [assinado por Eduardo Fernandes, José Soares Cornelo, José Augusto Germano Alves, Custodio de Moura, Joaquim Gaspar Martins, João Guerra Duarte e António da Silva], é publicada uma carta – transcrita d’O Século e assinada pelo seu correspondente na Figueira da Foz -, onde [JMRR] diz que “o Centro José Falcão faltou aos compromissos contraídos” com ele, enquanto editor do semanário “A Razão”.
Acontece que ao nº4 do jornal (19/02/1904) publica-se um artigo [sob o título “Verdade”] relativo à substituição do seu editor, José Maria Roque dos Reis [JMRR]. Nesse artigo [assinado por Eduardo Fernandes, José Soares Cornelo, José Augusto Germano Alves, Custodio de Moura, Joaquim Gaspar Martins, João Guerra Duarte e António da Silva], é publicada uma carta – transcrita d’O Século e assinada pelo seu correspondente na Figueira da Foz -, onde [JMRR] diz que “o Centro José Falcão faltou aos compromissos contraídos” com ele, enquanto editor do semanário “A Razão”.
O
jornal, como replica à notícia produzida, considera, no mesmo artigo, que se
trata de uma calúnia de JMRR e publica um “Desagravo” à notícia saída n’O
Século.
Consideram
que JMRR “se ofereceu muito espontaneamente para editar o jornal” porque
“nenhum medo tinha”, pelo que pediu um cargo no periódico. Como estava decidido
que não figurasse nenhum nome de sócio do Centro no semanário (a não ser o
proprietário, que lhes parecia ser de todo necessário legalmente), foi proposto
que JMRR figurasse, então, como proprietário “in nomine”, o que foi aprovado
pelos associados do Centro Republicano. Como se constatou – continuam - não se
verificar a questão legal da “declaração de propriedade” suprimiu-se o cargo,
ficando então JMRR como editor.
Ainda
na mesma reunião, debateu-se se se devia “abordar assuntos religiosos”,
entendendo-se que tal não era aceitável por “sistema”, mas que o assunto não
devia ser “descurado”. Ora – continua a mesma nota ao artigo que estamos a
citar, publicada ao nº 4, 19/02/1904 – no número inicial do semanário foi
apresentado uma “engraçada e curiosa” transcrição de “Os Mandamentos dos
Padres”, que (citamos) “excitou o zelo catholico do snr” JMRR. Este último
envia uma carta à direcção sobre o teor do artigo publicado, dizendo que se o
“tivesse visto, não consentiria na sua publicação”.
Assim
sendo JMRR abandona os quadros do jornal e ao nº 4, surge já como
Editor-Responsável, Amadeu Sanches Barreto [Curiosamente, ainda nas replicas ao
assunto do “Desagravo”, atrás referido, no nº 5 do semanário (25 Fevereiro
1904) há uma nota, intitulada “Pela última vez” sobre o caso que levou á
substituição de JMRR, sob a pena de Gustaf Adolf Bergstrom, e na sequência de
uma notícia saída no “Povo Figueirense”, que reza assim: “o Snr. Roque dos Reis, em
carta que o Povo Figueirense gostosamente publica, diz ter pena de um ‘melro
negro’ não assinar o desagravo. Não sendo meu intuito discutir o valor do
inofensivo epíteto, declaro ao snr Roque que quando quiser estou às suas ordens
…”].O jornalista Amadeu Sanches Barreto, o novo editor, natural de Vila Real mas “filho adoptivo da Figueira” (como afirmava) era um “velho” republicano, tendo pertencido ao grupo carbonário que se estava a organizar na Figueira da Foz [cf. carta de Amadeu S. Barreto a Bernardino Machado, 29/05/1911], era amigo pessoal do dr. Afonso Costa e um indefectível admirador do dr. Bernardino Machado, viveu na Figueira da Foz, em Coimbra e em 1914 está na administração do concelho da Baía dos Tigres (Angola). Muito tempo antes tinha sido o responsável redactorial d’O Povo da Figueira [jornal fundado pela comissão republicana municipal da Figueira da Foz, em 1895], e, mais tarde, também editou e colaborou n’O Figueirense (II série), bi-semanário (1900-1902; curiosamente esta série era editada por José Maria Roque dos Reis) que de algum modo vinha em substituição daquele.
Diga-se
que Amadeu Sanches Barreto foi proprietário do jornal “Voz do Tua” (8 de Agosto
de 1886, Mirandela), publicou [Fevereiro de 1897] o bi-semanário democrático e
republicano “Aurora da Liberdade” de Vila Real, comemorativo do 31 de Janeiro e
é director do bissemanário dedicado ao professorado, “O Ensino”, publicado em
Coimbra, em 1903. Como curiosidade refira-se que Amadeu Sanches Barreto publica
o estimado e raro livro do poeta de Alte, Cândido Guerreiro, “Sonetos”
(Coimbra, 1904, p. 67).
Os
artigos publicados são, no fundamental, de interesse local, mas bem curiosos, caso da
“Homenagem aos Vencidos do 31 de Janeiro” (nº2) que relata a comemoração dessa
data na Figueira da Foz pela gente republicana; e o comício promovido pelo Centro
Eleitoral Republicano José Falcão no Teatro Chalet [presidido por Amadeu
Sanches Barreto, em substituição do dr. Bernardino Machado, impossibilitado por
motivo de doença; foi lida inúmeros telegramas, do dr. Afonso Costa, António Luís
Gomes, Pádua Correia, Malva do Vale, França Borges, tendo participado e usado
da palavra republicanos de vulto, como Fausto de Quadros, Adriano do Nascimento,
Joaquim Cortesão] e a “grandiosa” manifestação que se lhe seguiu (nº7, 10 de
Março 1904).
[Algumas assinaturas] Colaboração: “A. Roinuj”, “Aber”, [Manuel Augusto] Cardoso Marta, Artur de Oliveira Santos, Artur Ribeiro, Cândido Guerreiro, Constantino Gomes Tomé, Cyro Ferreira, Domingos Albariño, Duarte Lima, Fausto de Quadros, Gustavo Adolf Bergstrom, “Index”, J. Astoc, João de Barros, Joaquim Cortesão, José Augusto de Medeiros, Matias d’Alverca, Maurício Aguas Pinto, “Mortsrgreb”, “Neto” (António Fernandes Silva?), “Phaon”, Tavares de Almeida, Tomás da Fonseca, Reynaldo de Carvalho, Simões Ferreira.
J.M.M.
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