segunda-feira, 10 de agosto de 2015

ARMANDO RIBEIRO (1881-1949)

Armando Ribeiro, jornalista, escritor e contista, hoje muito esquecido, mas uma figura muitas vezes referenciada nas bibliografias de quem estuda o período da I República Portuguesa. Propomo-nos então trazer aqui, um pouco mais sobre esta figura, sobre a qual ainda pesam dúvidas que carecem de melhor confirmação.

A nota biográfica sobre esta personalidade reveste-se de alguns contornos que nos merecem alguma breve explicação. Existem muito poucas referências sobre ele, a G[rande] E[nciclopédia] P[ortuguesa] e B[rasileira] (GEPB) tem uma entrada/verbete com a biografia, bem como no dicionário Quem é Alguém. Dicionário Biográfico das Personalidades em Destaque (imp. 1947), depois encontramos dificuldades em acompanhar o seu percurso biográfico. As referências são pontuais e com muito poucos dados relevantes, mas conseguimos elaborar a nota que a seguir se apresenta:

Armando Ribeiro nasceu em Lisboa a 30 de Abril de 1881. Era filho de José Maria da Silva Ribeiro e de D. Amélia Augusta da Piedade Ribeiro.

Completou apenas o liceu, tendo ingressado como amanuense na Repartição Central da Direcção-Geral da Contabilidade Pública, do Ministério das Finanças, em Março de 1903, onde atingiu o cargo de 2.º oficial. Foi afastado da sua carreira das Finanças em 1915 depois da revolução havida nesse ano, regressando em Abril de 1916 aos quadros da Direcção-Geral de Contribuições e Impostos. Em Março de 1920 era subinspector de Finanças.

Como escritor e jornalista, estreou-se em 1897 com um conto publicado no jornal O Século. Em 1899 integrava a lista de sócios efectivos da Associação da Imprensa Portuguesa [José Carlos Valente, Elementos para a História do Sindicalismo dos Jornalistas Portugueses, Parte I (1834-1934), Lisboa, Sindicato dos Jornalistas, 1998, p. 116] . Para além de ter colaborado assiduamente em jornais como Novidades, Vanguarda, Correio da Manhã, A Nação, O Universal, Correio Nacional, Correio do Norte, Diário da Tarde, A Ordem, A Moda Ilustrada, Correio do Norte, O Perfume, A Palavra, Ocidente, Primeiro de Janeiro, Nova Luta, Correio de Sintra, A Opinião, O Imparcial e Diário de Lisboa (onde publicou o poema/soneto «Canto do cisne», em 27-09-1923, em homenagem à sua falecida esposa Maurícia C. de Figueiredo, que tinha desaparecido um mês antes), dirigiu o semanário Bijou Ilustrado e fundou, com João da Mata, o semanário político Primeiro de Novembro. Além de colaborações nos seguintes periódicos:  Gabinete dos ReportersEchos da Avenida,O 28, Fados de Lisboa, 


Colaborou ainda no Almanaque das Famílias, Almanaque de O Século, Almanaque de Gil Brás. Foi redactor do Diário Ilustrado quando era director o Dr. Sérgio de Castro e redactor-principal da Democracia do Sul, de Montemor-o-Novo, onde publicou a rubrica “Cartas de Lisboa”, sobre a política no período de D. Manuel II, bem como o folhetim “D. Afonso IV. O Destronado”. 

Publicou obras de cariz histórico como História de Portugal (4 volumes, s.d.), romances como A conquista do Polo (1909), e peças teatrais como O fonógrafo (s.d.) e Coração de Mulher (s.d.). Na Editora Romano Torres, destaca-se a História da Revolução Portuguesa. O primeiro volume, dividido em duas partes («O começo do reinado», 1909-1910 e «A caminho da República», 1912), saiu em 1910 e foi completado em 1915 com uma nova edição que desenvolvia estas duas partes e adicionava outras quatro dedicadas à República. 

Publicou ainda uma colectânea de contos, em 1904, intitulada Relâmpagos, integrada na colecção António Maria Pereira; O Fantasma (romance); Gente desaparecida, 1930; Terras Fradescas, 1933.

Casou em Maio de 1903 com a escritora Sr.ª D. Maurícia C. de Figueiredo [D. Mauricia Máxima da Conceição Cardoso de Figueiredo, filha do escritor e poeta Augusto de Oliveira Cardoso Fonseca - neta do notável latinista António Cardoso Borges de Figueiredo, e sobrinha do escritor Antonio Cardoso Borges de Figueiredo, filho do precedente e autor da Coimbra antiga e moderna, Convento de Odivelas, etc.
D. Mauricia C. de Figueiredo nasceu em Carragosella, no casal do Soutinho, freguesia de Espapiz, distrito de Coimbra, em 18 de Setembro de 1886, Publicou:
- Raphael e Leonor, romance original. Setúbal. 1899. 148 pág.
- A elevação da mulher. Caminha. 1900. Opúsculo de 26 pág. de propaganda feminista. Publicado primitivamente no jornal Commercio de Setubal.
- Collecção Antonio Maria Pereira. XXxvIII. O Exilado. Lisboa. 1900. Romance histórico original sobre factos da vida de D. Sancho II.
- O Conde de S. Paulo. Romance. Lisboa. Livraria editora viúva Tavares Cardoso. 1906. 599 pág.
- Leonor Telles. Romance histórico. Lisboa. Emprêsa editora O Recreio. 1914. 1.º vol de 339 pág. com retrato da autora. 2.º vol. com 321 pág.
- Carlota Joaquina. Romance em publicação no Jornal Folha do Sul, de Montemor-o-Novo Neste jornal publicou duas séries de artigos intitulados:
Direitos da Humanidade. Complemento da Elevação da mulher.
Prophetas e Pythonisas.
Veio a falecer em Agosto de 1923.]

Era sócio do Instituto de Coimbra.
Morou nos últimos anos de vida na R. Mestre de Avis, 18, em Algés.
Faleceu em 23 de Setembro de 1949.

Esta data de falecimento levanta-nos algumas dúvidas, pois já pesquisamos em vários jornais desse período e nenhum se referia a esse facto, mas a data vem no volume de actualização da GEPB. Agradecem-se novos contributos e confirmações.

[NOTA: Esta nota, com a as alterações a azul, foi modificada no dia 11 de Agosto de 2015, após consulta do sempre útil, mas valiosíssimo instrumento de trabalho que continua a ser o Dicionário Bibliográfico Português, de Inocêncio Francisco da Silva, continuado por Brito Aranha].

A.A.B.M.

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