sábado, 5 de setembro de 2015

ANTÓNIO JÚDICE MAGALHÃES BARROS (1879-1960)


Nasceu em Portimão, em 25 de Julho de 1879. Seus pais eram Francisco Roberto de Araújo Magalhães Barros e de Emília Augusta Júdice Grade. O pai originário de famílias do Minho, estudou em Coimbra e desempenhou as funções de juiz em Silves, tendo sido colaborador em alguma imprensa do Minho. A mãe pertencente a uma das famílias ilustres do Algarve, com importantes bens em termos de propriedades agrícolas. Era irmão de Alfredo Júdice de Magalhães BarrosAlberto de Magalhães Barros Júdice Queiroz e Sofia Augusta Júdice de Magalhães Barros.

António Júdice de Magalhães Barros casou em 1909 com Maria Glória Júdice, filha de Pedro Júdice, importante proprietário na Mexilhoeira da Carregação. Exerceu durante algum tempo as funções de procurador régio em Portimão, sendo uma das importantes figuras do Partido Regenerador na então Vila Nova de Portimão.

Apreciando, tal como o pai, a escrita, a História e a Literatura, colaborou em algumas publicações e ajudou Francisco Xavier Ataíde de Oliveira nas suas pesquisas monográficas sobre o Algarve. Essa situação é reconhecida nas Monografias que Ataíde de Oliveira dedicou a Vila Real de Santo António, a Alvor e a Olhão. Frequentava com alguma regularidade a Torre do Tombo, onde o Dr. António Baião, seu cunhado e investigador trabalhava, tendo mesmo publicado a tese subordinada ao título Fontes para a História do Algarve no I Congresso Regional Algarvio. São conhecidas as suas paixões também pela ópera, pelo ballet, pelo cinema e pelo desporto que assistia quando passava largas temporadas nas suas diversas residências na cidade de Lisboa.

Apesar de monárquico nunca afrontou o regime  republicano e manteve sempre uma posição neutral em relação ao regime, mas participando civicamente na vida social e cultural de Portimão. Apaixonado pela região, sobretudo da Praia da Rocha, procurou divulgar e promover a região do Algarve, daí a sua presença e envolvimento na realização do Congresso Regional Algarvio.

Durante o período da Grande Guerra e aproveitando o impulso que conhecia a industria conserveira instala a sua própria fábrica na Mexilhoeira da Carregação, a "Fábrica de Sto. António", que Adelino Mendes visitou e fotografou durante a sua permanência na região acompanhando o congresso. Neste período, utilizou a sua embarcação pessoal, o "Judibarros" para realizar operações de vigilância junto à costa do Algarve.  Esta fábrica acabou por vir a ser posteriormente vendida a "Feu Hermanos" quando as conservas começaram a sentir algumas dificuldades para subsistir.

Foi por sua iniciativa que se promoveu a Exposição de Produtos Agrícolas e Industriais, tendo participado no evento vários expositores algarvios e outros vindos de várias partes do País. A seu cargo foi construído o "Pavilhão Mourisco", que conseguiu impressionar os visitantes.

Em 1918, durante a visita presidencial de Sidónio Pais ao Algarve, aloja-se nova residência de António Júdice Magalhães Barros, situada na Praia de Rocha e que era designada como Vila de Nossa Senhora das Dores. Nela se realizaram festas e bailes, frequentada por artistas e escritores que testemunhavam o luxo e sumptuosidade da residência. Com os meios económicos de que dispunha apoiou durante anos uma banda filarmónica na cidade de Portimão.

O falecimento prematuro da sua esposa, durante o parto da última filha, provocou o desaparecimento da alegria na casa de família. Em 1926, Marcos Algarve na sua obra Mistérios da Praia da Rocha, afirmava que era "o palácio da tristeza". Arrendando esta habitação em 1936, ela acaba por ser transformada em Hotel Bela-Vista.

Desempenhou ainda funções como delegado local da Sociedade de Propaganda de Portugal durante vários anos.

Colaborou regularmente com vários órgãos da imprensa escrita, sobretudo na região do Algarve, em especial no Algarve, no Correio do Sul, mas ainda em outras publicações, quase sempre realçando as paisagens da sua terra, fomentando o turismo e exercendo os seus direitos de cidadania. Localizaram-se alguns artigos da sua autoria que a seguir descriminamos: (não sendo um levantamento exaustivo, permite ter já uma ideia do seu envolvimento com a imprensa local, colocando-se a hiperligação onde se refere o número da publicação, para os potenciais interessados em mais detalhes)

- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 11-01-1931, Ano 23, nº 1188, p. 1, col. 5-6, p. 2, col. 1.
- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 18-01-1931, Ano 23, nº 1189, p. 1, col. 5-6, p. 2, col. 1.
- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 25-01-1931, Ano 23, nº 1190, p. 1, col. 5-6, p. 2, col. 1
- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 01-02-1931, Ano 23, nº 1191, p.1, col. 5-6 e p. 2, col.1 
- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 08-02-1931, Ano 23, nº 1192, p. 1, col. 3 e 4. 

- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 15-02-1931, Ano 23, nº 1193, p. 1, col. 5-6.
- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 22-02-1931, Ano 23, nº 1194, p. 1, col. 5-6.

- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 01-03-1931, Ano 23, nº 1195, p. 1, col. 4
- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 05-03-1931, Ano 23, nº 1196, p. 2, col. 1-2

- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 15-03-1931, Ano 23, nº 1197, p. 1, col. 3 a 6.
-  "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 22-03-1931, Ano 23, nº 1198, p. 1, col. 5-6 e p. 2, col. 1.
- "Rememorando. Homenagem a «O Algarve» decano dos jornais algarvios pelo seu aniversário", O Algarve, Faro, 29-03-1931, Ano 24, nº 1199, p. 1, col. 3 a 6.
- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 29-03-1931, Ano 24, nº 1199, p. 2, col. 3 a 5.

- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 05-04-1931, Ano 24, nº 1200, p. 1, col. 3-4.
- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 12-04-1931, Ano 24, nº 1201, p. 1, col. 5-6.
- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 19-04-1931, Ano 24, nº 1202, p. 1, col. 5-6.
- "As Caldas de Monchique", O Algarve, Faro, 26-04-1931, Ano 24, nº 1203, p. 1, col. 1-2.
- "As Caldas de Monchique II", O Algarve, Faro, 03-05-1931, Ano 24, nº 1204, p. 1, col. 1-2.
- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 03-05-1931, Ano 24, nº 1204, p. 1, col. 5-6.

- "As Caldas de Monchique III", O Algarve, Faro, 10-05-1931, Ano 24, nº 1205, p. 1, col. 1-3.
- "As Caldas de Monchique IV", O Algarve, Faro, 17-05-1931, Ano 24, nº 1206, p. 1, col. 1-3.
- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 24-05-1931, Ano 24, nº 1207, p. 1, col. 3 a 5.
-  "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 31-05-1931, Ano 24, nº 1208, p. 1, col. 3 e 4.
- "Camões", O Algarve, Faro, 07-06-1931, Ano 24, nº 1209, p. 1, col. 1-2.
- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 14-06-1931, Ano 24, nº 1210, p. 1, col. 5-6.
- "As Caldas de Monchique V", O Algarve, Faro, 05-07-1931, Ano 24, nº 1213, p. 1, col. 3-5.
- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 05-07-1931, Ano 24, nº 1213, p. 1, col. 6.
- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 19-07-1931, Ano 24, nº 1215, p. 1, col. 3-4.

- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 26-07-1931, Ano 24, nº 1216, p. 2, col. 3-4.
- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 02-08-1931, Ano 24, nº 1217, p. 1, col. 4-5.
- "O grande iniciador" O Algarve, Faro, 02-08-1931, Ano 24, nº 1217, p. 1,col. 1.
- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 09-08-1931, Ano 24, nº 1218, p. 1, col. 3-6.
- "O Nosso Algarve", O Algarve, Faro, 16-08-1931, Ano 24, nº 1219, p. 1, col. 3-4 e p. 2, col. 2.
- "Costa Vermelha - A Praia da Rocha", O Algarve, Faro, 23-08-1931, Ano 24, nº 1220, p. 1, col. 5-6, p. 2, col. 1-2.

- “Pelo Algarve Maravilhoso: Triângulo de turismo do Algarve- Praia da Rocha, Monchique, Sagres”, Diário do Alentejo, Beja, 11-06-1935, Ano IV, nº935, p. 2, col. 1 a 3. [Interessante artigo sobre a importância do turismo na região e a necessidade da sua valorização e melhoramento. O autor do texto era designado como “o nosso redactor algarvio” ];

- “Allô Portimão! Portimonense Sporting Club: Presente! Portimonenses: Respondam!” Comércio de Portimão, Portimão, 24-02-1949, Ano 23, nº 1171, p. 1, col. 4 e 5.
- “Mais um Aniversário! «O Algarve» Decano dos Jornais Algarvios”, O Algarve, Faro, 04-04-1937, Ano 30, nº 1514, p. 1, col. 6.

Durante o Estado Novo alinha ao lado dos defensores da  ditadura salazarista. Manteve-se coerente em termos políticos, sendo monárquico próximo do Integralismo. 

Foi Presidente da Comissão Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Portimão em 1945/1946. Desenvolveu também actividades nos Bombeiros Voluntários de Portimão e no Portimonense Sporting Clube.  Foi um dos fundadores do Grupo de Amigos de Portimão em 1947, organização que dinamiza várias actividades ao longo da década de 50 e 60 do século XX.

António Júdice de Magalhães Barros faleceu em Portimão em 26 de Julho de 1960, vítima de cancro. Foi sepultado no jazigo da família Júdice em Estômbar, concelho de Lagoa.

Com um lamento nosso não foi possível localizar atempadamente uma fotografia em melhores condições deste nosso biografado, agradecendo a colaboração dos nossos ledores.

A.A.B.M.

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