domingo, 13 de setembro de 2015

PORTUGAL NA GRANDE GUERRA. POSTAIS ILUSTRADOS

 
LIVRO: Portugal na Grande Guerra. PostaisIlustrados;
AUTOR: António Ventura;
EDIÇÃO: Tinta-da-China, 2015, p. 208.

As colecções de postais alusivas à participação portuguesa na Primeira Grande Guerra dão a conhecer um universo sugestivo, onde a tragédia se mistura com o humor, a ingenuidade e o heroísmo” [AQUI]

“… O postal ilustrado emerge nos finais do século XIX, como resultado do desenvolvimento dos correios enquanto estrutura de recepção e distribuição de correspondência, do progresso nos meios de transporte que facilitavam a circulação postal, mas também em virtude de profundas transformações operadas nas sociedades europeia e norte-americana. Ainda que de forma limitada, representava a afirmação de uma nova sociabilidade em rápida mudança, a maior alfabetização e a generalização dos hábitos da escrita e da leitura, potenciados pela explosão da imprensa periódica. Os hábitos epistolares começaram a generalizar-se.

Escreviam-se cartas para assinalar momentos festivos, aniversários, endereçar votos de um feliz Natal ou de um ano novo próspero, ou simplesmente para sublinhar a amizade, o amor ou uma relação profissional. As viagens, cada vez mais frequentes, já não eram apenas de negócios mas constituíam uma forma de lazer — o turismo, que começava a afirmar-se no sentido moderno —, eram pretexto para um contacto frequente com a família e os amigos, colocando-os a par dos locais visitados, dos momentos, das termas ou das estâncias de veraneio. Nada mais rápido e eloquente para esse fim do que um postal ilustrado…

Para essas mensagens breves, não eram necessárias cartas. Começaram a ser usados preferencialmente os bilhetes-postais ilustrados, em que a imagem assumia o papel principal. A componente iconográfica era tão dominante que, durante alguns anos, não continham qualquer espaço reservado a mensagens do remetente, com a imagem numa face e, na outra, o local para o endereço do destinatário. Com o tempo, a situação alterou-se: a partir de 1904, o verso foi dividido em dois espaços, um à esquerda, para a mensagem, e outro à direita, para o destinatário.

Entre 1900 e 1914, o bilhete-postal ilustrado tornou-se um fenómeno de popularidade junto das camadas urbanas de alguns países europeus, em especial os mais desenvolvidos, mas também nos Estados Unidos e no Japão, convertendo --se no meio preferido de transmissão de mensagens de aristocratas e burgueses, alargando-se às classes médias e mesmo a alguns sectores das classes trabalhadoras. O postal era barato, simples de utilizar, atraente, com as suas imagens coloridas. Existem fotografias e até postais fotográficos com o interior de estabelecimentos comerciais exclusivamente destinados à venda de postais, mas também quiosques e postos de venda ambulante desses pequenos cartões coloridos.

O hábito de comprar, escrever e enviar postais foi reforçado por outra vertente que rapidamente se desenvolveu: o coleccionismo. Esta procura tinha de ser satisfeita e a indústria respondeu de forma exuberante, produzindo milhões de postais ilustrados …”

[António Ventura, “Combater com cartolina, tinta e fio de seda”, p. 9-10]
 
J.M.M.

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