terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

IN MEMORIAM ALVARO DE CASTRO

 
 

"In memoriam Alvaro de Castro”, Lisboa, Of. Gráfica da Sociedade Astória, Regueirão dos Anjos, 31 de Janeiro de 1947,  297 pgs.

"Na luta pela vida que a natureza impôs às sociedades e aos indivíduos como condição essencial de sua existência, e que tem a sua mais rigorosa e feroz expressão nesse triste quadro que o nosso século pinta a labaredas de fogo e lufadas de sangue nas páginas da história, necessário é congregar todas as qualidades, corrigir defeitos e alcançar novas faculdades para produzir o esforço que, pela sua disciplina e justa orientação, evite a derrota e conquiste a vitória.

É porém lição iniludível da história que esses esforços, para terem na sua concentração útil e eficaz o máximo valor, necessitam da intervenção de um laço artificial que os funda e intimamente os ligue.

E é assim que sobre as grandes civilizações criadas e sobre os grandes impérios conquistados se ostentam sempre, como sua definitiva consagração, as representações materiais das grandes ideias que os geraram.

No decurso das empresas audazes e das lutas formidáveis com que tem escrito a história, a Humanidade tem necessitado sempre, além da ideia que forma a vontade, do símbolo que dá a decisão.

A memória dos homens que melhor encarnaram uma ideia e com mais vigor, audácia e inteligência prosseguiram a sua realização, é desses artifícios o mais eficaz e o que mais profundamente está arreigado nas tradições dos povos. A sociedade que eliminasse dos seus costumes, hábitos e tradições o culto dos grandes homens, perderia com ele o culto das suas qualidades, e em breve se diluiria na poeira inglória dos inúteis.

O culto das grande figuras precisa ser sempre consagrado religiosamente no espírito das nacionalidades, para que possa a todo o momento estimular a sua acção, como o Anteu da fábula tirava o pó da terra para cobrar alento e revigorar esforço”

[Álvaro de Castro, citado por Alfredo Ernesto de Sá Cardoso, pp. 7-8]

J.M.M.

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