domingo, 17 de abril de 2016

HISTÓRIAS DO PORTUGAL CONTEMPORÂNEO.


Na próxima segunda e terça-feira, 18 e 19 de Abril de 2016, o Instituto de História Contemporânea, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, realiza o seu encontro anual dedicado ao tema: Futuros da História.

No momento em que se reúnem os elementos do instituto realiza-se um colóquio com os investigadores do mesmo para analisar um determinado problema.

Pode ler-se na nota de divulgação do evento:
Promovido pelo IHC no quadro do seu plano estratégico, o encontro “Futuros da História” tem por finalidade estimular o questionamento de  práticas de investigação já consolidadas no domínio da História, bem  como o debate acerca de novas tendências de pesquisa. De realização  anual, na sua primeira edição, o encontro teve como tema “Os Sujeitos da História”. Nesta segunda edição, organizamos um debate sobre as diferentes análises e interpretações a que a história dos séculos XIX e XX português tem vindo a ser sujeita. De que modo a questão de género e o fim dos impérios europeus se implicam e podem implicar-se na investigação historiográfica? De que modo historiadores com diferente formação intelectual – com diferentes hábitos metodológicos, com 
diferentes percursos académicos ou com diferentes inclinações político-ideológicas – olham para a história dos movimentos políticos do Portugal Contemporâneo? Em que medida as variações na forma de problematizarmos a questão do poder – do status weberiano à governamentalidade foucauldiana – poderão repercutir-se nas análises que têm sido elaboradas? E, finalmente, perguntamos também de que maneira é que investigadores provenientes de outras tradições disciplinares – da antropologia à economia, passando pela sociologia – observam aquele 
mesmo período. 

»»» 18 de Abril 
9h45 | Abertura
por José Neves (coordenador do encontro) e Pedro Aires de Oliveira (presidente da direcção do IHC) 
10h-13h| Mesa 1 | Novas Fronteiras

História das mulheres e de género em Portugal desde o início do século XXI: linhas de investigação e impacto historiográfico, por IRENE VAQUINHAS (FLUC/CHSC) 
A cronologia colonial como problema, por NUNO DOMINGOS (ICS-UL) 
A natureza na história: perspectivas cruzadas sobre a história ambiental do colonialismo, por JOSÉ FERREIRA (ICS-UL e CHAM-FCSH-NOVA/UAç)) 
Moderação de Fátima Nunes (IHC-CEHFCi, Universidade de Évora) 

14h30-18h | Mesa 2 | História e Política 
Movimento real e movimento organizado. A historiografia portuguesa perante o protesto popular no longo século XIX, por DIEGO PALACIOS CEREZALES (Universidade de Stirling, Reino Unido) 
O regresso dos filhos pródigos de Oliveira Martins, por PAULO JORGE FERNANDES (FCSH-UNL, IHC-UNL) 
Liberalismo do indivíduo e ordem social, por CRISTINA NOGUEIRA DA SILVA (FD-UNL, Cedis)

Fernando Rosas e o Estado Novo: a trajectória de uma historiografia, por VICTOR PEREIRA (Universidade de Pau, França) 
Moderação de Luís Trindade (IHC-FCSH/UNL, Birkbeck College) 
18h30 | "Quem faz a história – Ensaios sobre o Portugal Contemporâneo".

Lançamento do livro publicado pela Tinta-da-china, coordenado por José Neves e com textos de Joana Estorninho de Almeida, Maria‑Benedita Basto, Ruy Blanes, Miguel Cardina, Diogo Duarte, Fátima Sá e Melo Ferreira, Cláudia Figueiredo, Steven Forti, Joana Cunha Leal, Emília Margarida Marques, Carlos Maurício, Tiago Pires Marques, Bruno Monteiro, Lais Pereira, Victor Pereira, Virgílio Borges Pereira, Pedro Ramos Pinto, Tiago Ribeiro, Ricardo Roque, Cristina Nogueira da Silva, Elisa Lopes da Silva, Marta Silva e Tomás Vallera. O livro será apresentado por António Sampaio da Nóvoa (Universidade de Lisboa) e Lurdes Rosa (Universidade Nova de Lisboa).






»»» 19 de Abril


10h-13h | Mesa 3 | Deslocalizar o Poder

Sociologia, História e o Portugal Contemporâneo em Hermínio Martins, por JOSÉ LUÍS GARCIA (ULisboa, Instituto de Ciências Sociais) 
As deslocações da História Contemporânea em Fernando Catroga e a modernidade portuguesa como objecto historiográfico, por FÁTIMA MOURA FERREIRA e FRANCISCO AZEVEDO MENDES (LAB2PT/Universidade do Minho) 
A historiografia como instrumento para uma análise crítica da escola moderna: um olhar sobre quatro itinerários de pesquisa (séculos XVIII a XX), por TOMÁS VALLERA (IE-UL)

Moderação de Frederico Ágoas (CICS.NOVA/ FCSH)




14h30-17h30 | Mesa 4 | História e Ciências Sociais 
Contemporaneidades imperfeitas: modernização e atraso de Portugal vistos pela História Económica, por ÁLVARO GARRIDO (FEUC, CEIS20) 
"Portugal, questão que eu tenho comigo mesmo": os antropólogos e o Portugal contemporâneo, por ROBERT ROWLAND (CRIA, ISCTE-IUL) 
A sociologia histórica em Portugal: depoimento, crítica e história, por DIOGO RAMADA CURTO (FCSH, IPRI-UNL)

Moderação de Frédéric Vidal (CRIA/ISCTE-IUL)



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Resumos das comunicações e notas biográficas dos conferencistas: 

HISTÓRIA DAS MULHERES E DE GÉNERO EM PORTUGAL DESDE O INÍCIO DO SÉCULO 
XXI: LINHAS DE INVESTIGAÇÃO E IMPACTO HISTORIOGRÁFICO



Nesta comunicação traça-se o desenvolvimento dos estudos das mulheres e de género em Portugal, desde o início do século XXI à actualidade, identificando-se o seu contributo para a historiografia recente e para a renovação da ciência histórica. Tomando como elemento de análise a investigação produzida em Portugal desde o ano de 2000, captada, sobretudo, a partir de bases de dados de repositórios científicos, apontam-se as principais linhas de pesquisa, os pressupostos 
epistemológicos em que assentam e enunciam-se os seus condicionalismos e as áreas temáticas pouco exploradas e/ou em construção. Finalmente, destaca-se o dinamismo destes campos de estudo, o modo como têm influenciado a emergência de novas áreas do conhecimento científico e conduzido ao respeito pela diversidade cultural e pela democratização da cultura

Irene Vaquinhas é professora catedrática de História Contemporânea da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É Coordenadora Científica do Centro de História da Sociedade e da Cultura da Universidade de Coimbra, unidade I&D da FCT. Publicou, entre outros, os seguintes trabalhos: Violência, justiça e sociedade rural. Os campos de Coimbra, Montemor-o-Velho e Penacova de 1858 a 1918, Porto, Afrontamento, 1996; "Senhoras e mulheres" na sociedade portuguesa do século XIX, 2ª ed., Lisboa, Colibri, 2011; Nem Gatas Borralheiras, Nem Bonecas de Luxo. As Mulheres Portuguesas Sob o Olhar da História (Séculos XIX-XX), Lisboa, Horizonte, 2005; Nome de Código 33856. Os “jogos de fortuna ou azar” em Portugal entre a repressão e a tolerância (De finais do século XIX a 1927), Lisboa, Horizonte, 2006; O Casino da Figueira. Sua evolução histórica desde o Teatro-Circo à actualidade, Coimbra, Palimage, 2012; Saber perdurar. Grandes linhas de evolução do Casino da Figueira (1884-1978), Figueira da Foz, Casino da Figueira, 2015. Colaborou na História de Portugal, Dir. de José Mattoso, V vol. - O Liberalismo (1807-1890), Lisboa, Círculo de Leitores, 1993. Fez a coordenação científica do vol. III da obra História da Vida Privada em Portugal, A Época Contemporânea, dirigida por José Mattoso (Lisboa, 
Círculo de Leitores, 2011), sendo também autora de diversos capítulos.
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A CRONOLOGIA COLONIAL COMO PROBLEMA

Esta apresentação procura pensar de que modo a cronologia do colonialismo, dotada de problemas e abordagens próprias, se relacionou com outras formas de representar a história do século XX português.

Nuno Domingos é investigador do ICS-UL. Organizou, com Elsa Peralta, Cidade e Império. Dinâmicas coloniais e reconfigurações pós-coloniais (Lisboa: Edições 70, 2013) e publicou Futebol e Colonialismo. Corpo e Cultura Popular em Moçambique (Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 
2012). 


A NATUREZA NA HISTÓRIA: PERSPECTIVAS CRUZADAS SOBRE A HISTÓRIA AMBIENTAL DO COLONIALISMO


Nas últimas décadas a História Ambiental tem-se revelado uma das correntes mais dinâmicas na historiografia internacional, colocando a relação entre as sociedades humanas e o resto da natureza no centro da análise histórica. Ao estender o seu olhar para abranger novos sujeitos 
da história, abordagens como as da História Ambiental são parte integrante de um panorama mais alargado de novas interpretações – que vão da História da Ciência e da Tecnologia, à Ecologia Política ou ao Material Turn – que têm questionado a dicotomia natureza/cultura e 
proposto narrativas históricas em que os actores humanos e não-humanos são colocados em diálogo constante.
Esta comunicação procura examinar algumas das possibilidades e dos limites destas propostas, tomando como ponto de partida os trabalhos dedicados à História Ambiental do colonialismo, principalmente no caso do império britânico, e traçando uma genealogia das suas diferentes 
perspectivas e dos seus debates internos. Por fim, procurarei desenvolver alguns pontos da minha própria investigação sobre as relações entre natureza e colonialismo em Goa, de forma a debater os caminhos destas abordagens no âmbito da historiografia portuguesa.

José Miguel Moura Ferreira é licenciado em História pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e Mestre em História Moderna e dos Descobrimentos pela mesma faculdade. Bolseiro de doutoramento do programa «PIUDHist. História: Continuidade e Mudança num Mundo Global» (SFRH/BD/52283/2013), no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL), e investigador no Centro de História d’Aquém e d’Além Mar (CHAM-FCSH-NOVA/UAç). 


MOVIMENTO REAL E MOVIMENTO ORGANIZADO. A HISTORIOGRAFIA PORTUGUESA PERANTE O PROTESTO POPULAR NO LONGO SÉCULO XIX

Durante muito tempo a história do movimento social identificou-se com a história do movimento operário. Os historiadores procuravam os momentos em que os operários desenvolveram a sua identidade de classe, organizaram sindicatos e partidos autónomos e abraçaram ideologias 
avançadas. Através de um diálogo com a obra de Manuel Villaverde Cabral, Fátima de Sá e Melo Ferreira e José Tengarrinha, esta comunicação analisa como a historiografia portuguesa saiu desse paradigma e, participando da renovação historiográfica internacional, passou a encarar as formas não ideologicamente enquadradas de protesto popular como uma dimensão autónoma e rica para a análise da vida política do século XIX.

Diego Palacios Cerezales é professor de História da Europa na Universidade de Stirling. Trabalha sobre os movimentos sociais e o Estado em Espanha e em Portugal durante os séculos XIX e XX. É autor dos livros «Estranhos Corpos Políticos. Protesto e Mobilização no Portugal do Século XIX» (Lisboa, Unipop, 2014), «Portugal à Coronhada», (Lisboa, Tinta da China, 2012) e «O Poder Caiu na Rua. 1974-1975» (Lisboa, ICS, 2003).



LIBERALISMO DO INDIVÍDUO E ORDEM SOCIAL 
O século XIX foi o momento da recepção e adesão do liberalismo em Portugal, bem como da noção correspondente de uma ordem fundada na liberdade e nos direitos do indivíduo. Essa ordem envolvia processos contraditórios de construção da liberdade e de “libertação” de ordens 
normativas antigas. Mas houve zonas da existência onde a opção pareceu ser a da não intervenção mas para deixar atuar (mesmo que transitoriamente), a ordem antiga, paternalista, a ordem das velhas pertenças e obediências, da natureza e da história. O sentido a minha intervenção será o indagar sobre o que está feito e o que se pode fazer para caracterizar melhor esta última dimensão do liberalismo português.

Cristina Nogueira da Silva é Professora na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e investigadora do Cedis. As suas principais áreas de investigação são, atualmente, a história intelectual do liberalismo, da cidadania e do estatuto jurídico dos territórios e populações do ultramar português nos séculos XIX e XX, temas sobre o qual publicou o livro Constitucionalismo e Império. A cidadania no Ultramar português (Lisboa, Almedina, 2009), e vários textos em 
publicações nacionais e internacionais 


O REGRESSO DOS FILHOS PRÓDIGOS DE OLIVEIRA MARTINS


A publicação de O Poder e o Povo – a Revolução de 1910, em 1976, a versão editada da tese de doutoramento defendida em Oxford dois anos antes por Vasco Pulido Valente, representou um momento de ruptura na moderna historiografia portuguesa. O impacto causado por esta obra 
garantiu quase imediatamente ao seu autor um lugar de destaque na comunidade académica nacional. Antecipando-se a François Furet ou a Simon Schama, propunha-se introduzir nos meios domésticos algumas das tendências metodológicas de inspiração anglo-saxónica na linha 
interpretativa de autores como a norte-americana Gertrude Himmelfarb. Ao aproximar-se da visão de uma “history from bellow”, cultivada por Richard Cobb, o autor surpreendeu ao recusar de forma tão polémica como inovadora uma visão marxista da História, então maioritária na 
Universidade portuguesa, na altura ainda submersa pelas correntes estruturalistas inspiradas na sempre muito celebrada “Escola dos Annales”. Ao mesmo tempo que se recuperava a centralidade do “Político” contestava-se o predomínio do “Económico”. A perspectiva adoptada afastava-se do campo de estudo das Ciências Sociais e aproximava-se do domínio literário. A partir deste ângulo polémico, a História voltou a 
centrar-se sobre as pessoas, sobre a acção do indivíduo, sobre o 
singular, sobre os actores enquanto intérpretes únicos da mudança 
histórica. Incidindo sobre a dimensão narrativa da disciplina, ao mesmo 
tempo menos problematizante dos acontecimentos, Vasco Pulido Valente 
seria o precursor em Portugal de uma variante da escrita da História. De 
forma provocadora, pode-se mesmo afirmar que seria o criador de uma 
verdadeira “Escola Historiográfica”, na linha do proposto por Oliveira 
Martins ainda no século XIX, sendo a genealogia cultivada por figuras 
como Maria Filomena Mónica, Maria de Fátima Bonifácio, Rui Ramos ou José 
Miguel Sardica, autores que a seu modo se assumiriam como continuadores 
e devedores do trabalho pioneiro de Vasco Pulido Valente. Esta 
comunicação pretende discutir os pressupostos em que assentou a 
concepção desta corrente, discutir o seu alcance e comentar a sua 
validade enquanto projecto historiográfico coerente.

Paulo Jorge Fernandes é Investigador Integrado do Instituto de História 
Contemporânea e Professor Auxiliar do Departamento de História da 
FCSH-NOVA onde tem leccionado História de Portugal Contemporâneo (Século 
XIX), História do Brasil Contemporâneo, História de Espanha, História 
Comparada do Colonialismo Europeu no Século XIX e História Política do 
Liberalismo em Portugal. Doutorado em História Institucional e Política 
Contemporânea pela FCSH-NOVA (2007). Publicou mais recentemente: Mariano 
Cirilo de Carvalho: o «Poder Oculto» do liberalismo português, 1876-1892 
(2010) e Mouzinho de Albuquerque: um soldado ao serviço do Império 
(2010). 


FERNANDO ROSAS E O ESTADO NOVO: A TRAJETÓRIA DE UMA HISTORIOGRAFIA 
Em 1999, num artigo publicado numa revista francesa, Fernando Rosas 
propunha como fio condutor da historiografia do regime salazarista a « 
história das relações do Estado Novo com a modernidade económica e 
social, com a modernidade política e sócio-cultural ». Uma problemática 
claramente inspirada no modelo da revista dos Annales dos anos 1950-1970 
: o económico e o social antecedem o político e o sócio-cultural. O 
artigo acabava com um apelo à «história comparada» para superar «os 
limites autárquicos nos quais o Estado Novo pretendeu fechar as 
realidades do país». No entanto, como se nota no seu livro Salazar e o 
poder. A arte de saber durar, a obra de Fernando Rosas foi 
progressivamente dando maior relevo ao político e ao cultural, em 
detrimento do económico-social e das relações internacionais. Como se 
pode compreender a evolução deste olhar?

Victor Pereira é doutorado pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris 
e é professor auxiliar em história Contemporânea da Universidade de Pau 
et des Pays de l’Adour. É também investigador do Instituto de História 
Contemporânea. 


SOCIOLOGIA, HISTÓRIA E O PORTUGAL CONTEMPORÂNEO EM HERMÍNIO MARTINS 
Hermínio Martins, falecido no Verão do ano passado (Agosto de 2015), 
para além dos seus ensaios em filosofia da ciência, sociologia da 
tecnologia e teoria social, deixa como legado vários estudos sobre o 
Portugal Contemporâneo, entre eles um inédito de grande escopo. A 
comunicação debruça-se sobre esse acervo de “sociologia histórica” a 
partir da sua conceptualização da relação tempo e teoria e de conceitos 
como “nacionalismo metodológico”, “cesurismo” e “pré-formação”.

José Luís Garcia é doutor em Sociologia pela Universidade de Lisboa e 
Investigador Principal do quadro do Instituto de Ciências Sociais da 
Universidade de Lisboa (ICS-UL).Tem leccionado em várias universidades 
portuguesas e estrangeiras, entre as quais se encontram a ULisboa, USP, 
UNESP e o IPL. A sua bibliografia mais recente inclui La Contribution en 
ligne: Pratiques participatives à l’ère du capitalisme informationnel 
(co-editor com S. Proulx e L.Heaton), Quebec: Presses de l’Université du 
Québec, 2014; Jacques Ellul and the Technological Society in the 21st 
Century (co-editor com H. M. Jerónimo e C. Mitcham), Nova Iorque, 
Springer, 2013; Estudos sobre os jornalistas portugueses: Metamorfoses e 
encruzilhadas no limiar do século XXI, Lisboa, Imprensa de Ciências 
Sociais, 2009, Razão, Tempo e Tecnologia: Estudos em Homenagem a 
Hermínio Martins (co-editor com M. V. Cabral e H.M. Jerónimo), Lisboa, 
Imprensa de Ciências Sociais, 2006 e Dilemas da Civilização Tecnológica 
(co-editor com H. Martins), Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais. É 
ainda autor de dezenas de artigos e capítulos de livros e colaborador 
das revistas Journal of Risk Research, Análise Social, Revista Española 
de Sociologia, Revista Iberoamericana de Ciência, Tecnologia y Sociedad, 
Scientiae Studia: Revista Latino-Americana de Filosofia e História da 
Ciência, entre outras.





AS DESLOCAÇÕES DA HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA EM FERNANDO CATROGA E A 
MODERNIDADE PORTUGUESA COMO OBJECTO HISTORIOGRÁFICO 
Propomos aqui explorar a investigação de Fernando Catroga sobre o 
Portugal contemporâneo em dois planos: o das histórias das ideologias 
modernas e o das teorias da história. Entre as opções abertas pela 
operação catroguiana interessa-nos destacar a investida lançada no 
rasgar de horizontes mais compreensivos sobre a história intelectual e a 
história política. No horizonte de deteção desta galáxia interpretativa, 
atenderemos às intertextualidades e afinidades eletivas que mobilizam os 
caminhos percorridos até agora pelo autor, numa constelação suportada 
por focos intensos e cosmopolitas de problematização. Atenderemos 
sobretudo a três: a disseminação historicista e a memória da morte em 
Portugal; a hermenêutica da história e a heteronímia da teoria; a 
política respublicana portuguesa e a reatualização histórica dos afetos 
pátrios.

Fátima Moura Ferreira é Professora auxiliar e atual diretora do 
Departamento de História do Instituto de Ciências Sociais da 
Universidade do Minho, investigadora do Laboratório de Paisagens, 
Património e Território (Lab2PT). Os seus interesses de investigação 
movem-se em áreas de interseção do político e do ideológico. Entre os 
seus trabalhos mais recentes, saliente-se a coordenação conjunta dos 
livros “Organizar o País de alto a baixo: expressões políticas e 
políticas de ação na construção corporativa do Estado Novo” e “A 
Conquista Social do Território. arquitetura e corporativismo no Estado 
Novo” (ambos no prelo), no quadro do Projeto Space and coordination: 
planning, agencies and corporatism in Portuguese State Experience. A 
multi-scaling analysis (Lab2PT), e a coordenação da obra História da 
Universidade do Minho 1973-1974/2014 (Braga: Fundação Carlos Lloyd 
Braga, 2014).

Francisco Mendes é Professor auxiliar do Departamento de História do 
Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, onde ensina na 
área da teoria e metodologia da história. Investigador integrado do 
Laboratório de Paisagens, Património e Território (Lab2PT), e 
investigador colaborador do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais 
(CICS.Nova.UMinho).





A HISTORIOGRAFIA COMO INSTRUMENTO PARA UMA ANÁLISE CRÍTICA DA ESCOLA 
MODERNA: UM OLHAR SOBRE QUATRO ITINERÁRIOS DE PESQUISA (SÉCULOS XVIII A 
XX) 
Tomando como exemplo trabalhos produzidos no âmbito da História da 
Educação por Jorge Ramos do Ó, Catarina Martins, Helena Cabeleira, Ana 
Luísa Paz e Tomás Vallera (IE-UL), propõe-se a identificação de um campo 
de estudos que, tendo como alicerce teórico a literatura 
pós-estruturalista e por objecto comum os processos de constituição do 
sujeito escolarizado, procura capturar a permanência histórica e os 
inquestionados da gramática escolar a partir de perspectivas diferentes. 
Desde o discurso pedagógico que acompanhou o estabelecimento do ensino 
liceal nos séculos XIX e XX à ideia de génio como tecnologia de governo 
no âmbito das aprendizagens artísticas, desde a reflexão de carácter 
"policial" sobre a educação dos marginais no século das Luzes à 
formulação do currículo moderno; na base destas investigações 
encontramos o princípio de que, pela análise do passado, se constitui 
uma história do presente.

Tomás Vallera é doutorando em Educação, variante de História da 
Educação, no IE-UL. Tem estudado a relação entre o conceito setecentista 
de "polícia" como ciência de governo e os fundamentos do sistema escolar 
moderno, tomando a Intendência-Geral da Polícia (1760-1833) e a Casa Pia 
de Lisboa (1780 -) como principais objectos de pesquisa. 

CONTEMPORANEIDADES IMPERFEITAS: MODERNIZAÇÃO E ATRASO DE PORTUGAL 
VISTOS PELA HISTÓRIA ECONÓMICA


Álvaro Garrido é Professor com Agregação da Faculdade de Economia da 
Universidade de Coimbra, onde coordena o grupo de História Económica e 
Social. Investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século 
XX da Universidade de Coimbra (CEIS20). O seu trabalho incide nas áreas 
da História Económica e das Instituições na época contemporânea. Os 
temas do corporativismo, da economia marítima e da economia social são 
centrais no seu projecto de investigação. Recentemente publicou, com 
Fernando Rosas, Corporativismo, Fascismos, Estado Novo (Almedina, 2012); 
Cooperação e Solidariedade. Uma História da Economia Social 
(Tinta-da-China, 2016). Publicará em breve Queremos uma Economia Nova! O 
Corporativismo Salazarista (Temas & Debates). Prepara um projecto sobre 
história das políticas públicas do mar em Portugal.




"PORTUGAL, QUESTÃO QUE EU TENHO COMIGO MESMO": OS ANTROPÓLOGOS E O 
PORTUGAL CONTEMPORÂNEO

A tese de doutoramento de José Cutileiro, defendida em Oxford em 1968, 
foi inovadora, quer em relação à tradição antropológica britânica, quer 
em relação à etnologia portuguesa que então se praticava. Em certa 
medida, foi uma antecipação da antropologia renovada que viria a 
desenvolver-se em Portugal nas décadas seguintes. Esta comunicação irá 
examinar alguns dos estudos sobre Portugal efectuados após 1974, numa 
tentativa de esclarecer os eventuais traços distintivos do processo de 
construção do objecto "Portugal" pelos antropólogos contemporâneos.

Robert Rowland foi Professor de Antropologia no ISCTE-IUL (1979-2010) e 
Professor de História Social Europeia no Instituto Universitário 
Europeu, de Florença (1987-95). Inicialmente, efectuou trabalho de campo 
no Nordeste brasileiro (1965) e na Itália meridional (1967-70), tendo-se 
dedicado desde então a variados temas de antropologia histórica, 
demografia e história da família. 


A SOCIOLOGIA HISTÓRICA EM PORTUGAL: DEPOIMENTO, CRÍTICA E HISTÓRIA 
O ensino e a investigação da sociologia histórica, em Portugal, foi uma 
experiência tentada no Departamento de Sociologia da FCSH-UNL, por 
iniciativa de Vitorino Magalhães Godinho e de um pequeno grupo dos seus 
discípulos, no último quartel do século XX. Esse projecto foi concebido 
e vivido como um combate militante destinado a impor uma concepção 
aberta da história ao conjunto das ciências sociais, da economia à 
sociologia. O objectivo deste exercício é relativamente modesto: 
trata-se de submeter algumas reflexões sobre o sentido desse projecto. 
Através de tais reflexões, algumas delas de extrema dureza por 
implicarem críticas e denúncias, será possível perceber melhor e fazer 
compreender aos outros o sentido desse mesmo projecto, que alcançou 
alguns resultados, mas que, a ser julgado pelos critérios comuns da 
institucionalização académica, se saldou aparentemente num fracasso.

Diogo Ramada Curto ensina desde 1981 na FCSH-UNL, onde coordena o 
Doutoramento de Estudos sobre a Globalização. Co-dirige, com Nuno 
Domingos e Miguel Jerónimo, a colecção "História e Sociedade" das 
Edições 70. Publicou recentemente História política da cultura escrita: 
Estudos e notas críticas (Verbo, 2015).


Uma interessante iniciativa que merece a melhor atenção dos investigadores e a maior divulgação entre os que se interessam pela História Contemporânea.

A.A.B.M.

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