René
Pélissier na sua obra História de
Moçambique. Formação e Oposição, vol. I, Histórias de Portugal, Editorial
Estampa, Lisboa, 1994, p. 291 considerava Massano de Amorim um conquistador
metódico. Tinha feito um percurso feito de combates e o seu desempenho na
guerra luso-umbunda (1902) e na repressão da revolta dos ovibundizados de Seles
e de Amboim (1917), bem como os ataques a Farelay e Ibrahimo permitiram-lhe
fazer a afirmação da presença portuguesa face ao poder suahili e instalar
colonos portugueses no coração da região dominada pela etnia macua. Estes
feitos são apontados como dos mais importantes operações militares no final da
Monarquia constitucional.
O perigo das
tropas alemãs em Moçambique, sobretudo as acções de Lettow-Vorbeck e do major
Kraut, representaram um perigo para os interesses de Portugal em Moçambique.
Estas acções militares ainda continuam relativamente pouco conhecidas e mal
estudadas, pelo menos pela historiografia portuguesa. A sua acção, sobretudo na
região do rio Rovuma, invadindo os territórios portugueses na colónia africana
e, em poucos dias, entre finais de Abril e meados de Maio de 1917 fomentou a
revolta dos Ajauas, que se aliaram aos alemães contra a presença portuguesa.
Após a
missão em Moçambique regressou a Lisboa, onde assumiu as funções na 5ª
Repartição da Direcção-Geral das Colónias, de onde partiu para Angola. Nesse
território assumiu as funções de Governador-Geral entre 9 de Janeiro de 1916 e
11 de Janeiro de 1918. Segue depois para Moçambique, onde assume idênticas funções
entre Fevereiro de 1918 e Abril de 1919. De regresso a Moçambique, foi
pessoalmente, em 7 de Julho de 1918, ao porto de Quelimane, para receber as
funções do coronel Sousa Rosa. Nesta expedição a Quelimane acompanharam-no três
companhias indígenas e seis metralhadoras. Nessa altura terminam as operações
militares das tropas portuguesas em Moçambique contra as tropas alemãs
comandadas pelo general Lettow-Vorbeck. As tropas alemãs retiram embora ainda
se assinalem algumas escaramuças ao longo do tempo.
Regressado a
Portugal, assume as funções de Director Geral dos Serviços Militares do
Ministério das Colónias.
Na sessão do Parlamento de 4 de Julho
de 1924, no âmbito do projecto-lei nº 484, aprova-se a promoção a general,
atendendo a uma serie de pressupostos que tinham sido cumpridos. A proposta
tinha sido aprovada em reunião do Senado, em 23 de Julho de 1923, por proposta
de Luís Augusto de Aragão e Brito. [Ver a informação detalhada sobre o processo AQUI .
Massano de
Amorim assume as funções de governador dos territórios da Companhia de
Moçambique, mas as funções não lhe agradam e acaba por ser exonerado do cargo.
Em 16 de Junho de 1923 volta a ser nomeado Governador-Geral de Moçambique onde
se mantém até 1925. Em 1925 foi nomeado Secretário-geral do Ministério das
Colónias. Segue depois para a Índia, onde
desempenha funções de Governador-Geral da Índia, até que veio a falecer em a 31
de Maio de 1929, na cidade de Nova Goa, após demorada doença oncológica que lhe
causou grande sofrimento.
No breve
apontamento biográfico sobre Massano de Amorim na Revista Militar[1]
destaca-se a sua ligação a Mouzinho de Albuquerque e as suas características
“intrépido, leal, usando no convívio rude franqueza que, longe de ofender
captava simpatias”. Além disso, apontava-se a sua coragem, energia, decisão e
tenacidade.
O seu corpo
foi trasladado de Goa para Lisboa no ano seguinte, ficando sepultado no
cemitério do Alto de S. João em 28 de Janeiro de 1930.
Por sugestão da Sociedade de Geografia de Lisboa
foi o nome do General Massano de Amorim atribuído na Rua 1 à Travessa da
Memória, também designada por Rua Projectada nº 1, através do Edital municipal
de 28/10/1960, Freguesia da Ajuda, em Lisboa.
Um pequeno
apontamento sobre o General Massano de Amorim pode ser consultado no Boletim Geral das Colónias AQUI.
Pedro Francisco Massano de Amorim deixou vários textos publicados, entre eles destacam-se:
- Relatório do governador, 1906-1907. Distrito de Moçambique,
Lourenço Marques, Imprensa Nacional, 1908.
- A
Occupação do districto de Moçambique, Bol. Da Soc. De Geografia de Lisboa,
nº 5, 29ª s., Lisboa, Typ. Universal, 1911
- Relatório sobre a occupação de Angoche : operações de campanha e mais serviços realizados :
anno de 1910, Lourenço
Marques, Imprensa Nacional, 1911.
- Notícia histórica sobre a
região de Angoche, 1910.
- “Projecto
das bases para a organização dos serviços e trabalhos agrícolas e para o
desenvolvimento e fomento da agricultura da província de Moçambique”, Boletim da Agência Geral das Colónias, Nº
2 e nº 3, 1925.
BIBLIOGRAFIA
CONSULTADA E RECOMENDADA:
- Abecassis,
Fernando et. al., A Grande Guerra em
Moçambique, [disponível online aqui: http://www.socgeografialisboa.pt/wp/wp-content/uploads/2017/09/A-Grande-Guerra-em-Mocambique-LIVRO.pdf ]
- ARQUIVO HISTÓRICO
ULTRAMARINO, I GUERRA MUNDIAL, EXPEDIÇÕES MILITARES - ANGOLA E MOÇAMBIQUE
Inventário Parcial [Disponível para consulta e onde se encontra o arquivo
pessoal de Massano de Amorim aqui: http://actd.iict.pt/eserv/actd:AHUMUd002/AHU_MU_DGM_ExpedicoesMilitaresIGuerra.pdf ]
- Afonso,
Aniceto, “Grande
Guerra – A Campanha Portuguesa em África”, Actas
do Colóquio Internacional A Grande Guerra – Um Século Depois, Academia
Militar, Lisboa, 2015, pp. 153-161 [disponível online aqui: http://www.portugalgrandeguerra.defesa.pt/SiteCollectionDocuments/Noticia%20Atas%20Academia%20Militar/10_Aniceto%20Afonso.pdf ]
-
Coutinho, João de Azevedo, As
duas conquistas de Angoche, Col. Pelo Império, Lisboa, 11, 1935, p. 40-41.
- Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira (Maldo-Mermit), vol. 16, Editorial Enciclopédia, Lisboa/Rio de Janeiro, S.d., p. 524-526.
- Freire,
João, “Moçambique perante a hipótese de um ataque alemão”, A Grande Guerra (1914-1918): Problemáticas e
Representações [disponível online aqui: http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/14690.pdf ]
- Pelissier, René, História de Moçambique. Formação e Oposição, 2 vols., Histórias de Portugal, Editorial Estampa, Lisboa, 1994.
- Pires, António, A Grande Guerra em Moçambique, Porto, 1924.
- Sá, José
do Espírito Santo de Almeida Correia (Marquês de Lavradio), Pedro Francisco Massano de Amorim, Col.
Pelo Império, Lisboa, 1941.
[1] C.D.,
“Crónica Colonial”, Revista Militar,
Lisboa, Janeiro-Fevereiro, nº1-2, Ano LXXXII, 1930, p. 88.
A.A.B.M.
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