terça-feira, 28 de agosto de 2018

FIGUEIRA DA FOZ - [ASSOCIAÇÃO CULTURAL 24 DE AGOSTO] NA EVOCAÇÃO DA REVOLUÇÃO LIBERAL E HOMENAGEM A MANUEL FERNANDES TOMÁS



DISCURSO PROFERIDO NA EVOCAÇÃO DA REVOLUÇÃO LIBERAL E HOMENAGEM A MANUEL FERNANDES TOMÁS NO DIA 24 DE AGOSTO DE 2018, NA FIGUEIRA DA FOZ, pela Associação Cívica e Cultural 24 de Agosto

O Patrono da Figueira da Foz, Manuel Fernandes Tomás, foi um Homem ímpar na história de Portugal. Único. Como apenas os que dedicam a sua vida à causa pública – no fundo dedicam a sua vida ao serviço de outros Seres Humanos – podem ser.

Mas em vida encontraríamos eventualmente apenas um homem simples. Como muitos dos presentes com a boa sorte de ter nascido Figueirense, com contradições, dúvidas, impulsos, vontade de ser um simples magistrado sem particulares responsabilidades, despojado de ambições maiores ou sonhos de qualquer mudança radical da sociedade.

Ora no momento em que poderia acomodar-se no seio da sua família, vivendo de forma relativamente confortável e segura, com um rendimento substancial e já respeitado pelos seus pares, Fernandes Tomás foi pela História chamado a desempenhar um papel de liderança. Liderança pelo exemplo. Liderança pelo carisma. Liderança pela intervenção política. Liderança pela inabalável vontade de levantar um Povo abatido e derrotado por séculos de preconceitos, de tirania, de iniquidades e profundas desigualdades, algumas das quais perduraram até há poucas décadas. Algumas das quais perduram até mesmo nos nossos dias.

Tendo grandes simpatias pelos ideais subjacentes à Revolução Francesa e da França Napoleónica, ao dar-se a invasão de 1808 de imediato se colocou porém ao serviço daquela que acreditava ser a legítima autoridade de Portugal, reagindo contra a violência, destruição e iniquidade da Invasão. Precisamente no momento em que a Figueira da Foz desempenha na história da Europa um papel sem precedentes com o desembarque em Lavos, do outro lado do nosso Mondego, das tropas de Arthur Wellington.

Nada deve ir contra a dignidade de um país. Tal como nada pode ir contra a consciência e dignidade da Pessoa Humana.

E esse é o grande legado do nosso Patrono. Legado que Portugal não esquece. Legado que Nós, Figueirenses do Século XXI, não esquecemos.

A Humanidade consegue hoje vencer no Espaço distâncias que se medem em anos-luz – muito para além do que poderíamos há poucos anos atrás sequer sonhar – mas não consegue vencer a iniquidade da distância de rendimentos e de oportunidades que continua – ainda hoje – a separar Homens e Mulheres de distintas crenças, nacionalidades e religiões.

Mas no dia 24 de Agosto de Agosto a Figueira da Foz não homenageia apenas o seu Patrono e Cidadão Emérito maior, não é a apenas a memória de MFT que junto da sua estátua lembramos hoje, mas também a tradição liberal e republicana de permanente e nunca esmorecido empenho cívico pela Liberdade.

Por isso lanço ao nosso Presidente da Câmara Municipal, Dr. João Ataíde, o desafio de que a nossa Figueira da Foz assuma, conjuntamente com a Cidade do Porto, a comemoração nacional do Bi-Centenário da Revolução de 24 de Agosto em 2020. Para tal contará com o nosso apoio.

MFT legou-nos o dever, a obrigação moral e de consciência de uma intervenção cívica empenhada, frontal, responsável, desinteressada e livre como apenas Homens e Mulheres Livres – como ele próprio foi em vida e na morte um incontornável exemplo – podem assumir ter. Perante a sua enorme figura curvamo-nos hoje Nós, Figueirenses do Século XXI.
 
Um bem-haja a todos!
 
[Associação Cívica e Cultural 24 de Agosto] - sublinhados nossos

J.M.M.

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