terça-feira, 2 de junho de 2020

O CORREIO INTERCEPTADO – JOSÉ FERREIRA BORGES



[José Ferreira Borges] O Correio Interceptado, Ano I, nº 1 (1 de Novembro 1825) ao nº 63 (24 de Agosto 1826); Londres, Imprensa de M. Calero, nº17, Frederick Place, Goswell Road, 1825, 297-I-VI-II págs.

Trata-se de um curioso periódico publicada em Londres por José Ferreira Borges, em forma de cartas (63 cartas, sem contar com a do prólogo) e publicado sob anonimato. Faz parte, portanto, da importante e poderosa imprensa da emigração, seguindo, como será evidente, a linha liberal de D. Pedro. Inocêncio Francisco da Silva considera que nestas Cartas “são examinados com crítica chistosa e severa diversos actos do governo daquelle tempo, e se tratam muitos assumptos de interesse para a historia contemporanea”.

Uma das Cartas publicadas expõe uma censura feita ao médico (liberal e maçon), Bernardo José de Abrantes e Castro, pelo fundibulário absolutista e, na época, censor, o padre José Agostinho de Macedo. Diga-se que o dr. Bernardo Abrantes interveio a favor da concessão de uma pensão anual vitalícia (pela Oração proferida pelo padre nas exéquias de D. João VI) ao truculento Agostinho de Macedo. Porém o furibundo padre injuriava sistematicamente o dr. Abrantes, em escritos e sátiras várias. Aconteceu que o Censor Ordinário, o padre José Agostinho de Macedo, na análise e censura a uma obra introduziu um “paragrapho final, tão intempestivo quanto impertinente, em que o Dr. Abrantes era atrozmente enxovalhado” [cf. Inocêncio F. da Silva, Memórias de José Agostinho de Macedo, p. 127]. Porém, uma cópia dessa censura foi enviada para Londres, tendo sido publicada no periódico de José Ferreira Borges, O Correio Interceptado. Curiosamente esse jornal chegou a Lisboa no momento em que o dr. Abrantes prestava ao padre o assinalado serviço referente à sua pensão vitalícia. O ingrato padre, sem qualquer vergonha, recorreu a “uma falsidade, negando que tivesse escrito na Censura o período em que se revelava a baixeza do seu ânimo, e n'este sentido fez imprimir o pequeno folheto": Resposta aos colaboradores do infame papel intitulado correio interceptado numero 6 impresso em londres, Typ. de Bulhões, 1826, 16 p.
 
 
 
J.M.M.

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