Grémio Lusitano –
Ano 9, nº 21,
1º Semestre 2020, p.87; Editor: Grémio Lusitano; Dir: António Lopes; Coord: António Lopes
e Álvaro Carrilho; Red.:
Rua do Grémio Lusitano, 25, 1200-211 Lisboa.
«Uma revista como Grémio
Lusitano pretende constituir-se como um espaço de livre debate de ideias, tendo
por base os valores da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, como de resto se
assinala no seu Estatuto Editorial. Com este número assumimos uma viragem no
sentido de dar à nossa revista um caráter mais académico e de instrumento de
trabalho para todos nós.
Defendendo, como de resto
sempre foi timbre da Maçonaria, a existência de uma opinião pública informada,
ativa e interveniente, condição essencial para o exercício pleno da cidadania,
compatibilizamos o livre pensamento, o refletir sobre as ideias em debate e o
equacionar novas questões, com a Tradição, considerada esta como uma memória do
passado, fundada na transmissão, onde estão presentes sinais, símbolos ou
outras formas de registo, que desembocam no enriquecimento intelectual.
As questões ligadas ao
Liberalismo são a base de uma sociedade social e politicamente democrática,
participativa civicamente e tolerante na diversidade de opiniões e onde o enriquecimento
intelectual é a ferramenta a que a Maçonaria sempre recorreu. São igualmente a
base da sociedade que hoje conhecemos e de que usufruímos. Por isso, nada melhor
do que recordar estes 200 anos da Revolução Liberal como tributo àqueles que em
1820 abriram a porta para a existência de uma Constituição. Com raízes no
Iluminismo do século XVIII, estruturante das sociedades europeias e do
continente americano do século XIX, pressupõe o Liberalismo, a existência de
Liberdade, de um consentimento e representatividade dos governados e da igualdade
perante a Lei. Pressupõe também a liberdade de escolha política, alternância de
poder e, naturalmente a liberdade de pensamento. Valores e princípios que
facilmente hoje admitimos como “naturais”, mas que infelizmente nem sempre foi
assim e dos quais nunca nos devemos esquecer. Lembremo-nos de um dos grandes
detratores da Maçonaria, José Agostinho de Macedo, que considerava que a Igualdade
era contrária à “ordem natural das coisas” e como tudo na natureza era
desigual, referindo como exemplo os dedos de uma mão, as árvores ou os homens, logo
a desigualdade era, em seu entender, natural e indispensável à sociedade.
Por isso, o ano de 1820 e a
revolução então ocorrida, constitui um marco histórico na História de Portugal,
no qual muitos maçons tiveram um papel ativo. Inspirados em Locke, Adam Smith,
Rousseau ou Montesquieu construíram o primeiro texto constitucional em 1822,
primeiro de vários onde se discutiu se uma Constituição deveria sair dos
representantes do povo ou concedida pelo monarca, se era um texto construído diligentemente
pelos deputados ou se apenas plebiscitado, um debate que em todas as épocas
atravessou a Maçonaria, como interveniente ativo na construção de uma sociedade
melhor, mais justa e fraterna» [António Lopes]
► TÁBUA: A Revolução em diferido: os Açores e a primeira experiência liberal (José Damião Rodrigues); Soberania Nacional, Monarquia e República: do 24 de Agosto de 1820 ao 5 de Outubro de 1910 (Rui Albuquerque); Vintismo e espaço público (Maria de Fátima Nunes); Transformações da propriedade fundiária: do Antigo Regime ao Liberalismo (Duarte Leite); A Crise do sistema liberal e o advento do novo regime (Amadeu Carvalho Homem); Maçonaria nos Açores: Tipografia e Jornalismo (António Valdemar); O Liberalismo visto pelos seus opositores (António Lopes); Teotónio de Ornelas – a sombra da juventude (Jorge A. Paulus Bruno); Um herói na revolução – Manuel Borges Carneiro (Albino Matos); O Jornalista Conimbricense Joaquim Martins de Carvalho (1822-1898) (José Manuel Martins); Museu Maçónico Português: Acervo do Liberalismo.
Revista à venda no Grémio Lusitano
J.M.M.
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