domingo, 19 de julho de 2020

LEVY MARIA JORDÃO DE PAIVA MANSO (1831-1875) - NOTA BREVE



Levy Maria Jordão de Paiva Manso nasceu em Lisboa, a 9 de Janeiro de 1831. Era sobrinho do filólogo Francisco Dias Gomes e filho de Abel Maria Jordão de Paiva Manso (1801-1874; curiosamente Belisário Pimenta questiona a possibilidade do seu nascimento ter sido em Buarcos), 1º barão de Paiva Manso (em 14 de Abril de 1868), prestigiado advogado, curioso escritor (tinha preparado uma investigação sobre a Casa dos 24, a apresentar á Academia das Ciências, de que era sócio), redactor da Gazeta dos Tribunais, membro da Sociedade Patriótica Lisbonense [vide Inocêncio F. Silva; idem Esteves Pereira; idem Luís Garrido, 1877; idem Pedro Caeiro, Boletim FDUC, v. 71, 1995].

Frequentou Levy Maria Jordão a Universidade de Coimbra, cursando Direito com muito brilho e mérito, tendo, enquanto estudante do 3º ano, publicado um Ensaio sobre a história do Direito Romano (Coimbra, Imprensa de E. Trovão & C., 1850), de que se imprimiu nesse ano a sua 1ª parte ou 1º período, seguindo-se depois os dois últimos períodos. No dia 19 de Junho de 1853 obteve o grau de doutor, com a dissertação O fundamento do direito de punir, após que partiu para Lisboa para exercer advocacia.

É possível que tenha sido iniciado na maçonaria já em Coimbra, porque em 1863, com o nome simbólico de Fabrício e o grau 7 (sete) surge como obreiro da Loja Liberdade (1863-64) desta cidade, oficina que estava sob os auspícios da Confederação Maçónica Portuguesa. Curiosamente não está presente no quadro listado (in O Conimbricense) por Joaquim Martins de Carvalho para as eleições de 22 de Fevereiro de 1864 da oficina, pelo que já não devia ser membro da loja.    

Teve Levy Maria Jordão grande reputação como causídico, com intervenção em causas célebres, originando curiosos folhetos: a questão da suspensão do arcebispo de Mitilene (1856), o divórcio de António Dantas da Gama (1857), a petição de agravo em defesa do prelado de Moçambique (1859). Em 1856 era Levy Maria Jordão vereador da Câmara de Lisboa e, em 28 de Julho de 1855, foi eleito sócio efetivo da Academia das Ciências de Lisboa, ainda antes do seu pai, tendo aí proferido estimadas memórias jurídicas e biográficas. Notável foi o seu trabalho de jurista e que opôs a Coroa portuguesa à Inglaterra em defesa dos inalienáveis direitos de posse dos territórios à volta da baia de Lourenço Marques, depois publicado com o título Bahia de Lourenço Marques. Questão entre Portugal e a Gran-Bretanha …. Memoria apresentada pelo governo portuguez (1873 e 1874).

Entre 1856 e 1859 foi vereador da Câmara de Lisboa, nomeado auditor junto do ministério da marinha (1859), depois deputado às Cortes (1861-1870) pelo partido Progressista, tendo pertencido a várias comissões; foi um dos revisores da reforma penal e membro da comissão encarregada da revisão do código civil; sócio de várias instituições, membro do conselho de sua majestade, foi agraciado por D. Luís com o título de visconde de Paiva Manso a 13 de Outubro de 1869.

A sua produção literária e jurídica é copiosa [sobre os trabalhos de Levy, consultar com muito proveito, Pedro Caeiro, ibidem], tendo colaborado em diversos periódicos, como O Instituto, a Semana e a Revolução de Setembro; publicou uma História do Direito e estava a trabalhar numa interessante obra sobre a Historia do Congo, de que a Academia publicou alguns dos documentos em estudo, quando faleceu a 19 de Junho de 1875, em Lisboa, com 44 anos de idade.  

J.M.M.

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