LIVRO:
“Há Constituição em Coimbra”. No Bicentenário da Revolução Liberal;
AUTOR:
Vital Moreira e José Domingues;
EDIÇÃO:
Câmara Municipal de Coimbra, Dezembro 2020, 222 p.
“Habitantes de Coimbra […], a Pátria agradecida vos / dará uma recompensa digna de vós, transmitindo à posteridade, / nas páginas da história, os memoráveis feitos do vosso honrado / patriotismo, para servirem de estímulo a vossos netos e os / fazerem dignos de tão rico património de glória e de virtude».
(Proclamação da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino, Paço do Governo em Coimbra, 17 de setembro de 1820
1. Este ano de 2020 evoca-se em Portugal o bicentenário da Revolução Liberal, iniciada no dia 24 de agosto de 1820, na cidade do
Porto. Coimbra desempenhou um papel
fulcral no sucesso do movimento revolucionário vintista, chegando a ser a
sede da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino durante alguns dias, a
caminho da entrada triunfal na capital no dia 1 de outubro de 1820.
A Câmara Municipal de Coimbra foi das primeiras a manifestar a sua
adesão à causa da Revolução e a prestar juramento de fidelidade e apoio à
referida Junta Provisional do Governo
e às futuras Cortes Constituintes, logo
após a entrada das forças liberais na cidade em finais de agosto (primeiro, o
coronel Silveira, vindo de Leiria,
tendo ficado aquartelado no mosteiro de Santa Cruz, e logo depois o coronel Sepúlveda, vindo do Porto, tendo ficado
aquartelado no Paço da Universidade).
Posteriormente, no rescaldo da Martinhada
(11 de novembro), regozijando- se com a derrota dos golpistas, a Academia
coimbrã organizou um “outeiro” ou sarau poético na Sala dos Capelos da
Universidade e a cidade decretou três dias de luminárias. Frei Francisco de São Luís (futuro cardeal Saraiva), professor em
Coimbra e membro da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino (em
“representação da Universidade”), deixou escrito um testemunho de penhorado
agradecimento à cidade e à Academia, da qual fazia parte.
Em dezembro de 1820, as eleições das Cortes Constituintes em Coimbra ficaram
particularmente marcadas pelo combate travado pelos estudantes da Universidade
contra o Senado Municipal, para que fossem admitidos a votar nas juntas
eleitorais das respetivas paróquias e assim participarem na escolha da
representação nacional, que iria aprovar a Constituição para o País.
2. O objetivo deste livro consiste em apurar qual foi, há
precisamente dois séculos, o papel de Coimbra no triunfo da Revolução
Liberal nesse ano de 1820 – desde a chegada da primeira notícia da
sublevação da cidade do Porto até à eleição dos deputados constituintes.
Os três primeiros capítulos do livro são dedicados a cada um dos três
referidos momentos do compromisso de Coimbra com a Revolução: a pronta
adesão à causa revolucionária, a manifestação contra a Martinhada e
as eleições constituintes. O quarto capítulo apresenta as personalidades
e instituições que sobressaíram no alinhamento de Coimbra com a Revolução, desde
Almeida Garrett à Universidade e à Academia de Coimbra, assim como os seus opositores.
Um nutrido anexo documental, incluindo vários documentos inéditos, fundamenta
e ajuda a compreender esse movimentado período da história de Coimbra, nos
quatro meses que vão desde a entrada das tropas liberais no fim de agosto de
1820 até às eleições dos deputados às Cortes Constituintes, no final de
dezembro desse ano.
O título do livro, “Há Constituição
em Coimbra”, é retirado de um documento de 2 de setembro de 1820 (cf. os
documentos anexos n.º 15 e n.º 16), em que um partidário do Antigo Regime
comunica “em código” a Lisboa a adesão de Coimbra à Revolução Liberal,
identificando esta com o seu principal objetivo - a Constituição […]”
in Apresentação, pp. 7-8 – sublinhados nossos
J.M.M.
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