terça-feira, 13 de abril de 2021

VERDADEIRA LITANIA PARA OS TEMPOS DA REVOLUÇÃO



Mário nós não somos todos burgueses

os gatos e os ratos se quiseres,

os literatos esses são franceses

e todos soletramos malmequeres.


Da vida o verbo intransitivo

não é burguês é ruim;

e eu que nas nuvens vivo

nuvens! O que direi de mim?


Burguês é esse menino extraordinário

que nasce todos os anos em Belém

e a poesia se não diz isto Mário

é burguesa também.


Burguês é o carro funerário.

Os mortos são naturalmente comunistas.

Nós não somos burgueses Mário

o que nós somos todos é sebastianistas.


[Natália Correia, in Poesia Completa, 1999] 

J.P.P.

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