“A história
faz-se de extensas visões e de pontos ocasionais. Quando é possível tocar o documento
ou olhar a sua trasladação, estamos perante esse, ou esses, ponto ocasional, a ocasião.
O caminho por ela é um modo de fixar a poalha, e é uma paragem concreta, muito
embora esse concreto não deva jamais assumir a dimensão de único valor tangivelmente
histórico, em desfavor daquilo a que chamo, tateando, os sentidos, os contextos
ideológicos/vivenciais, o tencionar e o querer dos homens. Porque nada subsiste
nas obras do passado senão os homens, o seu resíduo, e o resíduo dos resíduos
que eles, epocalmente, haviam, por sua vez, recebido. Este, um domínio considerado,
habitualmente, de interpretação e não de ressurreição,
e que para não ser perigosamente alheio ao passado, tem de ser domínio de
estudo, pobre e pobre, porque sempre estamos longe, e sem instrumentos totais,
daquilo que foi, tal como terá sido ou podia ser …”
Fiama
Hasse Pais Brandão, in O Labirinto Camoniano e Outros Labirintos, 1985, p. 237
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