quinta-feira, 21 de julho de 2022

[COIMBRA] – JOSÉ LIBERATO FREIRE DE CARVALHO. EXPOSIÇÃO DOCUMENTAL E BIBLIOGRÁFICA

 

JOSÉ LIBERATO FREIRE DE CARVALHO. EXPOSIÇÃO DOCUMENTAL E BIBLIOGRÁFICA

DIA: 22 de Julho de 2022 (16,00 horas);

LOCAL: Sala de D. João III do Arquivo da Universidade de Coimbra (Universidade de Coimbra);

ORADOR: Luís Francisco Munaro (videoconferência)

ORGANIZAÇÃO: Arquivo da Universidade de Coimbra | Comissão Liberato 

O Arquivo da Universidade de Coimbra e a Comissão Liberato patrocinam uma Exposição Documental e Bibliográfica nos 250 Anos do Nascimento de José Liberato Freire de Carvalho (1772-1855). Trata-se de mais um tributo de Homenagem, das reconhecidas e bem estimadas levadas a bom termo pela incansável Comissão Liberato, à memória do cidadão de Montessão, emérito jornalista e figura relevante do nosso primeiro liberalismo.


Os atos recordatórios têm por finalidade evocar acontecimentos e personalidades que se procuram fazer reviver, contextualizando-os, trazendo-os ao conhecimento das novas gerações, alargando o entendimento que deles fazem os especialistas e conhecedores íntimos dessas vidas e momentos. José Liberato Freire de Carvalho (1772-1855) veio ao encontro do Arquivo da Universidade de Coimbra (AUC) pela mão da Comissão Liberato, particularmente acompanhado pelo Sr. Dr. Manuel Seixas, sugerindo a sua evocação, neste ano em que perpassam 250 anos do seu nascimento. As obras que, recentemente, têm sido lançadas, sobre a sua vida e obra, com particular ênfase na sua atividade como jornalista de opinião, em Londres (nos jornais O Campeão Portuguez, O Investigador Portuguez em Inglaterra e Paquete de Portugal) ou, ainda, a reedição dos seus trabalhos, são bem reveladores de como José Liberato, ainda desconhecido para muitos, abraçou a causa da liberdade de expressão e pensamento e foi fiel aos mais altos valores que regeram a sua vida. Começou a redigir as Memórias da Vida em 1852, aos 80 anos, tendo escolhido uma frase de Plínio (Epistola II) que surge na folha de rosto da obra, só publicada em 1855: «Aqui de que vivi deixo a lembrança».

Foi essa sua lembrança de vida que se procurou seguir, em pesquisa documental no acervo do AUC, começando por trazer a lume os que o ajudaram a formar a personalidade, em ambiente familiar e solidário: seu avô paterno e seu pai, ambos formados na Universidade de Coimbra e seus irmãos. A vocação religiosa, foi decidida em tenra idade. A sua entrada na Congregação dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, em idade muito jovem veio a revelar-se uma escolha não desejada. Quando decidiu a secularização, invocou que entrara aos 15 anos para o claustro daquela congregação «sem ter conhecimento das obrigações que devia observar...pelo que tem vivido aflito e descontente», tendo-se ausentado para Londres, onde vivia quando, em 1818, solicitou a secularização. O acervo do AUC, infelizmente, não guarda fundos monásticos íntegros, os quais se fracionaram, por várias instituições, após a nacionalização de bens e extinção das ordens religiosas, em 1834. Por essa razão, não se puderam apresentar documentos que confirmam o ingresso no citado Mosteiro, ou a frequência no Colégio da Sapiência, da mesma ordem religiosa Mas foram selecionados muitos outros documentos que, juntamente com o acervo bibliográfico cedido para a exposição, formam um conjunto documental significativo, evocador de diversos momentos da vida de José Liberato. Entre os diversos trabalhos que preencheram a sua longa vida, estão o de editor, tradutor, parlamentar e também arquivista da Câmara dos Pares.

A sua personalidade íntegra manifesta-se em diversos atos ao longo da sua vida, mencionemos apenas um: renunciou ao seu subsídio de deputado, por ser já remunerado como arquivista e tesoureiro da Câmara dos Pares e não aprovava «a pluralidade de ordenados na mesma pessoa». Aí está, perante visitantes desta exposição e leitores deste catálogo, uma vida que merece ser conhecida, apreciada e homenageada.”

[Ana Maria Leitão Bandeira (Arquivista do AUC) – in Introdução ao Catálogo da Exposição Documental e Bibliográfica]

J.M.M.

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