segunda-feira, 13 de novembro de 2006

CECÍLIO DE SOUSA


Um dos republicanos históricos e hoje pouco conhecido, o Dr. Cecílio de Sousa, foi um dos primeiros a combater a Monarquia através da sua pena, escrevendo em diversos jornais. Neste contexto, conviveu com outra das figuras marcantes do final do século XIX, Silva Pinto,que deixou algumas reflexões curiosas, na sua obra Pela Vida Fora (1870-1900), Livraria Editora Guimarães&Libânio, Lisboa, 1900, p. 24-25:

"O Cecílio da Folha do Povo... Era pouco amável, mas ainda não vi alguém mais convicto. De quê? De que tudo isto era uma pouca vergonha! Fóra do seu jornal - O Trinta e depois A Folha- só admirava e amava muito o seu mestre Teófilo Braga. Abaixo deste culto e rancor pela patifarias sociais, gostava muito das suas flores e dos seus galinaceos, que ele tratava no seu belo quintalinho da rua da Procissão.

Conheci-o desde 72, num grupo de republicanos socialistas de que faziam parte Silva Lisboa, Azedo Gneco e Conceição Fernandes. Foi ele quem numa das minhas crises de falta de trabalho me relacionou com o editor Vieira Paré, para o qual escrevi uma tradução da Eugenie Grandlet, de Balzac, e um romance intitulado O Padre Maldito. Há poucos anos voltei a ver o Cecílio, na Folha do Povo, dirigindo ele a parte política e eu uma secção humorística. Ele estava então mais misantropo do que noutros tempos; breves palavras trocamos.

Era muito arrebatado em palestras e em artigos e locais jornalísticas. Pão pão, queijo queijo! E daí alguns conflitos pessoais, que o não desviavam do seu rumo. Tinha suas altercações com o proprietário da Folha do Povo, José António Ferreira, mas não podiam viver um sem o outro: breve se reconciliavam.
De resto, toda a Lisboa se lembra daquela figura."

Que outras tarefas e responsabilidades desempenhou este republicano? Sabemos que nasceu em Albarraque, Sintra, a 22 de Novembro de 1840, por isso a nossa opção de fazer um pequeno retrato sobre esta personalidade.

AABM

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