sexta-feira, 19 de outubro de 2007

IN MEMORIAM JOÃO CAMOSSA [1926-2007]


João Camossa [1926-2007]

João Carlos Camossa de Saldanha era advogado e uma figura pública de grande encantamento. De raiz "anarco-comunalista" porque gostava de ser "senhor de si mesmo", professava a dissidência espiritual ou não fosse possuído de vasta e copiosa memória cultural. Era monárquico mas dos que prezam a liberdade e a vida. Repudiou sempre aqueles que, comprometidos com o salazarismo e o fascismo, eram (são) situacionistas. E, por isso, ficou cada dia mais só, esquecido, incompreendido, maltratado.

Assinou, em 1957, com um grupo de monárquicos independentes [como Francisco Sousa Tavares, Barrilaro Ruas, Manuel Megre, Rebelo Raposo, F. Vasconcellos e Sousa, J. Rebelo Vaz Pinto, Eduardo d’Orey, José Henriques Barbosa, Fernão Pacheco de Castro, Jorge Portugal da Silveira, Jorge d'Almeida Couto, Eduardo Pizarro Monteiro, José Paulo de Almeida Monteiro] um documento "de afirmação política equidistante entre o Governo e a oposição republicana" [refª Manuel Braga da Cruz, Monárquicos e Republicanos no Estado Novo, D. Quixote, 1986] e onde se assumia "distanciação" face ao regime salazarista [vidé Diário de Lisboa, 31/10/1957]. Face ao "neutralismo colaborante" da Causa Monárquica [até pelo apoio eleitoral dado à U.N.] e da assumida idolatria da CM por Oliveira Salazar, esse grupo de monárquicos dissidentes afasta-se da CM e surge organizado em listas independentes, participando no acto eleitoral de então. João Camossa foi, então, um dos candidatos. Em 1969 entram nas legislativas e, em 1973, um elemento seu integra a lista da CEUD de Lisboa. Foram proibidos de intervir nas eleições de 1973. Mantiveram relações amistosas com a chamada oposição democrática e a "ala liberal" da Assembleia Nacional.

Como nos é dito aqui, João Camossa era um "convicto militante anti-salazarista e anti-marcelista" tendo estado "implicado antes do 25 de Abril em conspirações e movimentos revolucionários”, e foi "várias vezes interrogado, torturado e preso pela PIDE". Participou, como advogado, "ao lado de Manuel João da Palma Carlos, Salgado Zenha, Abranches Ferrão, Mário Soares, Duarte Vidal, entre outros, em julgamentos efectuados no Tribunal Plenário de Lisboa".

Em Maio de 1974, aparece João Camossa na fundação do Partido Popular Monárquico, partido que preconizava no seu manifesto uma "monarquia democrática, de características análogas às das actuais monarquias do Norte da Europa".

Morreu no passado dia 17 de Outubro, em Lisboa.

Foto:"O socialista Eduardo [Edmundo !?] Pedro (à esquerda) e o monárquico João Camossa (à direita)...", in Expresso, 3/05/1997

J.M.M.

3 comentários:

Anónimo disse...

Será correcto considerar o Estado Novo como uma das formas de Fascismo ?

Considerando que será correcto apelidar o Estado Novo (III República) de Fascismo, que dizer do nacional-Sindicalismo de Rolão Preto ?

CARLOS CLARA disse...

SE O ESTADO NOVO NÃO ERA FASCISMO, QUE ERA ENTÃO. UMA SOCIAL DEMOCRACIA. OK TAMBÉM HOJE SE CHAMA SOCIAL DEMOCRACIA AOS ANTIGOS E NOVOS SALAZARISTAS

Anónimo disse...

Não é por nada mas o Estado Novo era baseado num republica e não numa monarquia.