D. Carlos
" ... D. Carlos compreendia muito bem que o ‘rotativismo’ liberal estava esgotado, ou, pelo menos, que não resistiria à violência popular em Lisboa. Existiam duas soluções: reprimir pela força a agitação urbana (como a seguir se fez na ditadura) ou integrar o radicalismo no regime através de um novo arranjo partidário e de eleições, por assim dizer, ‘honestas’. Apoiando João Franco, o Rei tentou a ‘segunda via'. Sucede que a 'segunda via', com 62 por cento da população na agricultura e 75 por cento de analfabetos, para não falar da quase completa ausência de uma indústria fabril, era inteiramente ilusória. Tarde ou cedo acabava mal. Acabou cedo. Os políticos da monarquia e o Partido Republicano viram com alívio a morte do rei, que imediatamente os salvava. Mas D. Carlos tornara impraticável um regresso pacífico ao ‘rotativismo’ e, depois de uns meses de absoluta desordem, veio a revolução ..."
[Vasco Pulido Valente, in D. Carlos, jornal Público, 26/02/2008]
J.M.M.
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