quarta-feira, 9 de abril de 2008

A TRINCHEIRA DA FLANDRES: 90 ANOS DEPOIS


Trincheira da Flandres: 90 anos depois

O Corpo Expedicionário Português [C.E.P.], formado oficialmente em 1917 [17 de Janeiro] - após a reorganização "acelerada" da tropa portuguesa [no que foi conhecido pelo "milagre de Tancos"] pelo [então] Ministro da Guerra, Norton de Matos, e o general Tamagnini de Abreu -, entra no dia 8 de Fevereiro de 1917 no território da Flandres, disposto [passe a impreparação e o desconhecimento da situação] a lutar, na guerra que se travava na Frente Ocidental, contra as forças alemães. Foi a 23 de Novembro de 1914 que, em reunião extraordinária, o Parlamento Português aprova a intervenção, ao lado da "velha" aliada Inglaterra e a seu pedido [através do Memorando de Outubro de 1914], contra a Alemanha.

A declaração formal de guerra da Alemanha a Portugal [9 de Março de 1916] que se seguiu, era o esperado, face à guerra surda que portugueses e alemães travavam no norte de Moçambique [datavam de Julho de 1914, as "primeiras escaramuças"] e a sul da Angola.

O aceso debate que então se travou entre os intervencionistas [como Afonso Costa, Bernardino Machado, João Chagas, Norton de Matos, Jaime Cortesão, Machado Santos] e os neutralistas [caso de Brito Camacho, Freire de Andrade, Sidónio Pais] no envolvimento de Portugal na I Grande Guerra, a par da enorme instabilidade política que então existiu [movimentações monárquicas, queda de governos, dissolução da Assembleia, cisões na Maçonaria, greves e lutas operárias contra a carestia de vida e a fome], tornam este período particularmente difícil e conturbado.

A 9 de Abril de 1918, a 2ª Divisão do CEP chefiada por Gomes da Costa [cansada, sem ser reforçada, abandonada pelos oficiais e esquecida deliberadamente pelo então levantamento militar Sidonista, que era contrário à presença portuguesa na guerra], sofre uma pesadíssima derrota e fica destroçada, pela ofensiva ["Georgette"] do 6º Exercito alemão, traçada por Ludendorff, na Batalha de La Lys. Com milhares de baixas e muitos prisioneiros [7.500] a Flandres será, no dizer de Jaime Cortesão [in Memórias] o novo Alcácer-Quibir, da nossa memória.

J.M.M.

1 comentário:

Luís Bonifácio disse...

Permita-me discordar em absoluto do último parágrafo.

O transporte de tropas para Brest era assegurada por navios britânicos.
Esses navios foram desviados para o transporte do corpo expedicionário Norte Americano a partir de Setembro de 1917.

Sidónio não mandou parar o envio de tropas, pura em simplesmente não tinha meios para as reforçar nem meios para as retirar.

Quanto às deserções elas ocorreram mesmo antes de começar o envio de tropas.
Os oficiais que voltavam em licença já não retornavam, sem que nada lhes acontessesse. E isso passava-se antes e depois do 5 de Dezembro.