segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
A SEMANA DE LOYOLA
Apresentamos hoje a capa do primeiro número, de um dos periódicos que defendia um dos pontos que os dirigentes republicanos apoiavam de forma cada vez mais radical: o anticlericalismo. Esta posição, sobretudo anti-jesuítica, era já típica da sociedade liberal, mas conquista cada vez mais adeptos com a afirmação da filosofia positivista de August Comte, que encontrou em Teófilo Braga, Magalhães Lima e Emídio Garcia grandes adeptos e divulgadores.
Ao longo dos anos setenta e oitenta do século XIX, iniciam-se grandes movimentações anticlericais que vão culminar em grandes manifestações públicas no início do século XX, como o que aconteceu no "Caso Sara de Matos" ou nas manifestações da Junta Liberal em 1909 e 1910.
A Semana de Loyola foi um dos órgãos da imprensa que não sendo declaradamente republicano, afirmava um dos pressupostos que unia quase todos os republicanos.
Local: Lisboa
Periodicidade: semanário anti-jesuítico
Dia de publicação: Domingo
Proprietário: Não refere
Director: Não refere [embora algumas fontes indiquem Silva Graça]
Tipografia: Typ. do Commercio; a partir do nº 5 passa a ser realizado na Tipografia Luso-Hespanhola; e a partir do nº 139, ano 3, 28-11-1886, passa para a Typ. Nacional, Rua Formosa, 43;
Páginas: cerca de 30 pág.
Colunas: página inteira
Surgiu em: 06-04-1884
Terminou publicação em: nº 138, de 21-11-1886
Rubricas regulares: Folhetim (As Intrigas de um Jesuíta)
Colaboradores: Gomes Leal, Alexandre da Conceição, João Monteiro, Mello Júnior, António F. Campos, José de Oliveira Gancha, Augusto José Vieira, Francisco da Silva Magalhães, José Joaquim do Ó, Luís de Judicibus, Jorge Matheus e Guerra Junqueiro (poema). Porém, a maior parte dos artigos eram publicados sob anonimato ou com pseudónimos como Desmoulins, J., Lúcifer, Calígula, Sallustius, entre muitos outros.
A.A.B.M.
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1 comentário:
O chamado "Caso Sara de Matos" nunca ficou bem explicado. Supostamente, teve a sua origem na morte de uma educanda ou seja, de uma noviça, no antigo Convento das Trinas (do Mocambo), em Lisboa, em resultado da ingestão de um laxante de sódio em demasia, ministrado pela madre superiora. Mas estou em crer que a campanha foi liderada pela Associação Promotora do Registo Civil... ou estarei equívocado?
O caso levou inclusive à alteração da toponímia "rua das Trinas" para "rua Sara de Matos", a qual apenas durante o Estado Novo voltaria à sua designação original, não sem que tivésse permanecido ainda durante muitos anos com o nome que lhe foi atribuído em memória de Sara de Matos. Aliás, o assunto foi debatido na Assembleia Nacional.
Foi sepultada no cemitério dos Prazeres mas não sei se ainda aí se encontra algum memorial.
O Convento das Trinas onde o caso ocorreu encontra-se actualmente ocupado pelo Instituto Hidrográfico, da Marinha.
Carlos Gomes
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