sexta-feira, 1 de março de 2013

AS ARMAS DE PAPEL


LIVRO: As Armas de Papel. Publicações Periódicas clandestinas e do Exílio Ligadas a Movimentos Radicais de Esquerda Cultural e Política (1963-1974), 2013, 598 pág.;
AUTOR: José Pacheco Pereira;
EDITORA: Temas e Debates.


Trabalhei neste livro de forma intermitente nos últimos vinte anos. Fazia e faz parte de um projeto mais vasto sobre a extrema-esquerda em Portugal, que podia ter tido tradução académica, mas que ganhou tais dimensões que muito dificilmente cabe numa tese, com as limitações que hoje existem. (è um trabalho individual, com recursos próprios, como agora se diz, ‘sem apoios’. E não se deu mal por isso […]

Conheci de experiência direta - de a escrever, de a fazer, de a imprimir, de a distribuir - a imprensa clandestina radical. O impulso de revolta, os riscos da ilegalidade, a vida escondida, as tensões subjetivas, morais e éticas desses anos, a política no sentido mais lato de ação cívica pelo bem comum têm a ver com dilemas que sempre estiveram associados à ação e ao pensamento. Isso fica sempre. […]

O meu gosto pessoal por aquilo que no passado era conhecido como «erudição» levou-me a complicar o meu trabalho, até ao limite da incompletude e do erro. […]. Mas tal é útil para as bibliotecas, os centros de investigação, os arquivos, que pretendem salvar todo este material, muitas vezes raríssimo, e quase sempre perecível. Uma das minhas intenções foi ajudar essa conservação, fornecendo um inventário que permita aferir coleções, e circunscrever as faltas. […].

Neste trabalho são citadas (e foram lidas, com frequência duas ou três vezes) integralmente milhares de publicações, não só as coleções de periódicos, mas também panfletos, brochuras, livros, manuscritos associados com a imprensa radical, para além de uma extensa bibliografia nacional e internacional. E, claro, os processos da PIDE, matéria que exige um peculiar cuidado na interpretação e na utilização dos seus dados. […]

Tenho consciência de que a história da imprensa clandestina esquerdista e radical nos últimos quinze anos da ditadura começa aqui, mas não acabará aqui. É o que se pretende" [Da Nota Prévia]

J.M.M.

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