► “Primeiro, uma declaração de interesses: tenho pelo meu grande
mestre, uma relação onomástica e familiar. O meu mestre é também meu avô. Posto
isto, aquilo que vos posso afiançar é que nada é comparável ao meu mestre,
Aquilino Ribeiro.
Na sua vida, nada foi fácil: exílios em França, regresso
clandestino, participação na Revolta do Regimento de Pinhel, prisões e fugas
aventurosas. Tudo isto, e muito mais, até 1932. Tinha então, 47 anos.
Depois disto, sem outra fonte de receita que a dos seus livros,
fez da sua vida uma labuta constante pela sobrevivência. A censura foi a sua
pior ameaça. Inúmeras vezes a censura discricionária do regime fascista tolheu
a difusão da sua lavra, demoradamente escrita pelo labor glorioso do seu
trabalho.
A moldura da sua geografia sentimental encontra-se nas Terras do
Demo. 'Eu sou um artista rude', diz ele, 'filho da minha serra. Nasce-se com o
berço às costas. A Beira Alta não tem símile no mundo Em poucas dezenas de
quilómetros reproduz-se a terra toda: amenidade e avareza, a colina e o vale, a
civilização e a selvajaria'.
Mas construiu outras paisagens literárias, todas elas admiráveis
e luminosamente belas. A mais perfeita e prodigiosa encontra-se no Alto Minho,
'no antigo solar de Montenegros e Meneses', onde terá criado o mais belo
território romanesco da literatura portuguesa, “A Casa Grande de Romarigães”.
O meu grande mestre chama-se Aquilino Ribeiro. Nasceu há 128
anos, no dia 13 de Setembro”
[FOTO e TEXTO de Aquilino Machado, via Facebook, com a devida vénia - sublinhados nossos]
J.M.M.
1 comentário:
Excelente texto de Antonio Valdemar sobre Aquilino ontem no Público
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