No dia 1 de Abril de 1901, um
grupo de 15 confrades da Sociedade de Geografia, à frente do qual se encontrava
José Pinheiro de Melo, propôs, em sessão da Sociedade, que se “obtivesse do
governo” a reorganização da comissão para “urgente cumprimento da missão que
lhe incumbia”. Mas só a 9 de Março de 1905 [sob nomeação do ministro do reino,
Pereira de Miranda] foi constituída essa comissão executiva, ficando na sua
presidência, Veiga Beirão e na vice-presidência, Ferreira do Amaral. Foi,
então, aberta uma subscrição pública a 6 de Maio desse ano, a que se seguiu
mais reforços em 1908.
A 19 de Março de 1911 foi
aberto concurso para a “elaboração do projecto a adoptar na sua execução”,
aparecendo um único concorrente [Raul Lino], que foi rejeitado pelo júri [ibidem;
refira-se que presidiu ao júri Alfredo da Cunha como representante da comissão
– cf. Duarte Rodrigues, ibidem]. Nomeado novo júri, a 26 de Maio de 1911, o
novo concurso [Decreto de 29 de Maio de 1911], distinguiu e estabeleceu os
seguintes prémios: 1º, “Glória progressus – delenda reatio” [assinado pelos
arquitectos Adães Bermudes (Ir. Afonso Domingues) e António do Couto e pelo
escultor Francisco dos Santos]; 2º, “Cuidar dos Vivos” [Alves de Sousa e
Marques da Silva]; 3º, “Pró memória” [Maximiano Alves e Eduardo Tavares]. Após
várias peripécias, com protestos e pedidos de exoneração de membros da
comissão, por portaria de 16 de Agosto de 1913, uma nova comissão executiva foi
constituída: na presidência, Sebastião Magalhães Lima e na vice-presidência,
Luís Filipe da Mata [Ir. Marius da L. Tolerância, de Lisboa, mais tarde
presidente do Conselho da Ordem em vários ocasiões].
Sob reclamação do 2º
classificado, “Cuidar do Vivos”, que “não se conformava com a decisão do júri”,
e tendo tido parecer favorável do Ministério da Instrução Pública e
Procuradoria Geral da República, foi dado provimento à reclamação, a 4 de
Setembro de 1914 [ibidem]. Foi então nomeado novo júri [16 de Setembro 1914],
ao qual foi feita suspeição pelos “reclamantes” anteriores, pelo que foi
reformulado o júri, que ficou definitivo a 18 de Novembro de 1914. Em reunião,
o júri atribui ex aequo como vencedores os projectos que, anteriormente,
ficaram nas duas primeiras posições. Novas reclamações se lhe seguiram, novas
explicações pelo júri foram feitas [no principal, a questão do elevado custo da
execução do 2º projecto, “Cuidar do Vivos”, foi apontada como determinante para
o seu afastamento], e foi considerado vencedor o projecto “Glória progressus –
delenda reatio”.
Não acabaria aqui a
controvérsia em torno dos projectos a concurso [sobre o debate, veja-se a
posição de António Arroyo, “O caso do monumento ao Marquez de Pombal, Lisboa, 1914“;
ou também a posição tomada por Guerra Junqueiro, Manuel Sousa Pinto, Joaquim
Costa], seguindo-se-lhe novas reclamações, suspeições, inúmeras questiúnculas e
“calorosas polémicas entre artistas nacionais, na imprensa e em folhetos”, que
fizeram com que o governo não homologasse a decisão. Só a 21 de Janeiro de
1917, o Ministro da Instrução [Pedro Martins] mandou reunir o júri para votação
de acordo com novas premissas, pelo que a 7 de Junho de 1917 foi atribuído
definitivamente o 1º prémio aos autores do projecto “Glória progressus –
delenda reatio” [Oliveira Simões, ibidem]. Da memória descritiva do monumento o
arquitecto Adães Bermudes faz o seguinte relato:
"Erecto no seu pedestal de glória que as águas
triunfalmente elevam ao fastígio do monumento, o Marquês de Pombal procurando
sacudir do vil letargo secular a alma generosa e forte da nação, simbolizada
por um leão que se levanta rugindo, e esmaga reacção teocrática e a reacção
feudal que a traziam subjugada. Do seu alto posto, o genial reformador dirige e
domina a grande obra de transformação mental, económica e social que se
realizou sob o influxo da sua clarividência, do seu saber e da sua indómita
energia.
Ele traça a dinâmica da nação decadente, desnorteada e exausta a
nova rota da sua natural evolução histórica: - "O Trabalho" que devia
resgatar-nos da escravidão económica e valorizar o nosso vasto Império; e o
"Estado" a que devia redimir a mentalidade da nação dos preconceitos,
fanatismos e ignominiosa ignorância que a sequestravam à civilização. O nosso
projecto de monumento visa a representar o Marquês de Pombal na sua complexa figura
de genial estadista, de reformador audaciosíssimo, de emancipador da
consciência e vontade nacionais, de assombroso precursor da moderna civilização
…” [ler MAIS AQUI]
Passados cinco anos, os
trabalhos de execução do monumento pouco tinham avançado, a Comissão tinha
deixado de reunir e o Governo, sob presidência de António Maria da Silva,
nomeou nova comissão [pela portaria de 2 de Junho de 1923], sob presidência de
Sebastião Magalhães Lima, na vice-presidência o general Ernesto Maria Vieira da
Rocha, como 1º secretario, José Pedro Moreira, 2º secretario, dr. Custódio José
Vieira, na qualidade de tesoureiro, o dr. José de Pádua e entre os vogais,
registe-se a presença de Joaquim Maria de Oliveira Simões, dr. António Augusto da
Veiga e Sousa, capitão José Bernardo Ferreira, Alexandre Ferreira, almirante
Ernesto de Vasconcelos [exonerado, depois, a seu pedido], dr. Germano Lopes
Martins, brigadeiro João Estêvão Águas, José Pinheiro de Melo, Fernão Botto
Machado. Pelo falecimento de Magalhães Lima, José de Pádua e alguns dos vogais,
a Comissão foi posteriormente reconstituída, servindo de Presidente o general
Vieira da Rocha, vice-presidente, Filipe da Mata, e tesoureiro, Oliveira
Simões.
[CONTINUA]
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