terça-feira, 10 de junho de 2014

PORTUGAL


«Desfralda a invicta bandeira/Á luz viva do teu ceu,/Brade a Europa á terra inteira/Portugal não pereceu!» [quadra inscrita no prato]
“Portugal
Não imaginas o tesão que sinto quando ouço o hino
nacional
(que os meus egrégios avós me perdoem)
(...)
Portugal
gostava de te beijar muito apaixonadamente
na boca”
 
[Jorge de Sousa Braga]
 
O nosso drama de portugueses,
O nosso maior drama entre os maiores
Dos dramas portugueses,
É este apego hereditário à Forma:
Ao modo de dizer, aos pontinhos nos ii,
Às vírgulas certas, às quadras perfeitas,
À estilística, à estética, à bombástica,
À chave de ouro do soneto vazio
- Que põe molezas de escravatura
Por dentro do que pensamos
Do que sentimos
Do que escrevemos
Do que fazemos
Do que mentimos
 
 [Carlos Queirós, Anti-Soneto]
 
“outro é o tempo
outra a medida
 
tão grande a página
tão curta a escrita
 
entre o achigã e a perdiz
entre chaparro e choupo
 
tanto país
e tão pouco”
 
[Manuel Alegre]
 
“Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncios e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades”
 
[Sophia de Mello Breyner]
 
 
“Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...”
 
[Fernando Pessoa]

[J.M.M.]

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