Complementando a informação fornecida sobre a participação
de Ferreira Martins em Moçambique conseguimos apurar que a sua acção foi
destacada por Eduardo da Costa, que salienta que Luís Augusto Ferreira,
curiosamente não mencionava o apelido Martins, mas é certamente a personalidade
em apreço, quando se refere nas operações contra a gente do Marave, em terras
de Lunga e Mochélia (6 a
11 de Maio de 1897): no dia 6, “o encarregado das munições era o 1º tenente de
artilharia, Luís Augusto Ferreira” [Eduardo da Costa, Ed. da Divisão de
Publicações da Agência Geral das Colónias, Lisboa, 1938, p. 68]. Ainda nas
operações que tiveram lugar entre 16 e 22 de Maio de 1897, Eduardo da Costa se
referia que foram adjuntos no comando o tenente Ferreira de artilharia e
alferes José de Barros” [Eduardo da Costa, idem, p. 79] tendo mesmo Eduardo da
Costa reconhecido no seu relatório “Luís Augusto Ferreira pelo seu grande
trabalho na direcção da abertura de caminho e, que na marcha de regresso
acompanhou sempre a guarda da retaguarda [Eduardo da Costa, idem, p. 90-91].
Com a implantação da República, Luís Augusto Ferreira
Martins, foi logo um dos 13 militares indicados para integrar a Comissão para a
nova organização do Exército. Esta comissão, criada em 15 de Outubro de 1910,
pelo Ministro Correia Barreto, era liderada pelo General José Estêvão de Morais
Sarmento e era composta por mais 12 oficiais, entre eles o nosso biografado. A
comissão viria a ser extinta em 16 de Maio de 1911 e o decreto da Reorganização
Militar seria promulgado em 25 de Maio desse ano.
Em 1912, foi indicado como delegado do Governo às
manobras do Exército Suíço. A partir de 1913 assumiu funções como chefe de
gabinete do Ministro da Guerra, João Pereira Bastos, que ocupou a pasta entre 9
de Novembro de 1913 e 8 de Fevereiro de 1914, tendo sido uma das personalidades
envolvidas no movimento de 14 de Maio de 1915.
Durante a Grande Guerra, mesmo Ângelo Ribeiro, na História de Portugal, dirigida por Damião Peres, afirmava, que Ferreira Martins tinha sido um dos
poucos a manifestar a sua oposição ao acordo firmado entre portugueses e
ingleses em 25 de Janeiro de 1918 que misturava os oficiais do Corpo de
Artilharia Pesada ingleses e portugueses, embora se reconhecesse a sua
competência técnica, mas onde as posições portuguesas eram quase sempre
contrariadas pelos ingleses ferindo as nossas susceptibilidades [Ângelo Ribeiro, “A implantação da
República”, História de Portugal, vol. VII, Barcelos, Portucalense Editora,
1935, p. 508-509]. Muito provavelmente fruto da sua posição critica face a este
acordo Ferreira Martins que era tenente-coronel e vice chefe de Estado Maior do
Corpo Expedicionário Português pediu
a sua exoneração de funções em 2 de Fevereiro de 1918, embora mais tarde viesse
a reconsiderar a sua decisão [Armando
Malheiro da Silva, Sidónio e o Sidonismo. Vol. 2, História de
um caso político, Imprensa da Universidade, Coimbra, 2006, p. 52.]
Ferreira Martins manteve a sua posição até 1919, tendo
sido condecorado pela sua acção como vice-chefe do Estado Maior do CEP,
seguindo depois para Chefe do Estado Maior do Campo Entrincheirado de Lisboa,
função que desempenhou entre 1919 e 1926. Foi ainda, em 1923, comandante do
Regimento de Infantaria nº 5.
[Em continuação]
A.A.B.M.
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