terça-feira, 8 de julho de 2014

LUÍS AUGUSTO FERREIRA MARTINS (Parte II)

Complementando a informação fornecida sobre a participação de Ferreira Martins em Moçambique conseguimos apurar que a sua acção foi destacada por Eduardo da Costa, que salienta que Luís Augusto Ferreira, curiosamente não mencionava o apelido Martins, mas é certamente a personalidade em apreço, quando se refere nas operações contra a gente do Marave, em terras de Lunga e Mochélia (6 a 11 de Maio de 1897): no dia 6, “o encarregado das munições era o 1º tenente de artilharia, Luís Augusto Ferreira” [Eduardo da Costa, Ed. da Divisão de Publicações da Agência Geral das Colónias, Lisboa, 1938, p. 68]. Ainda nas operações que tiveram lugar entre 16 e 22 de Maio de 1897, Eduardo da Costa se referia que foram adjuntos no comando o tenente Ferreira de artilharia e alferes José de Barros” [Eduardo da Costa, idem, p. 79] tendo mesmo Eduardo da Costa reconhecido no seu relatório “Luís Augusto Ferreira pelo seu grande trabalho na direcção da abertura de caminho e, que na marcha de regresso acompanhou sempre a guarda da retaguarda [Eduardo da Costa, idem, p. 90-91].
Com a implantação da República, Luís Augusto Ferreira Martins, foi logo um dos 13 militares indicados para integrar a Comissão para a nova organização do Exército. Esta comissão, criada em 15 de Outubro de 1910, pelo Ministro Correia Barreto, era liderada pelo General José Estêvão de Morais Sarmento e era composta por mais 12 oficiais, entre eles o nosso biografado. A comissão viria a ser extinta em 16 de Maio de 1911 e o decreto da Reorganização Militar seria promulgado em 25 de Maio desse ano.
Em 1912, foi indicado como delegado do Governo às manobras do Exército Suíço. A partir de 1913 assumiu funções como chefe de gabinete do Ministro da Guerra, João Pereira Bastos, que ocupou a pasta entre 9 de Novembro de 1913 e 8 de Fevereiro de 1914, tendo sido uma das personalidades envolvidas no movimento de 14 de Maio de 1915.
Durante a Grande Guerra, mesmo Ângelo Ribeiro, na História de Portugal, dirigida por Damião Peres, afirmava, que Ferreira Martins tinha sido um dos poucos a manifestar a sua oposição ao acordo firmado entre portugueses e ingleses em 25 de Janeiro de 1918 que misturava os oficiais do Corpo de Artilharia Pesada ingleses e portugueses, embora se reconhecesse a sua competência técnica, mas onde as posições portuguesas eram quase sempre contrariadas pelos ingleses ferindo as nossas susceptibilidades [Ângelo Ribeiro, “A implantação da República”, História de Portugal, vol. VII, Barcelos, Portucalense Editora, 1935, p. 508-509]. Muito provavelmente fruto da sua posição critica face a este acordo Ferreira Martins que era tenente-coronel e vice chefe de Estado Maior do Corpo Expedicionário Português pediu a sua exoneração de funções em 2 de Fevereiro de 1918, embora mais tarde viesse a reconsiderar a sua decisão [Armando Malheiro da Silva, Sidónio e o Sidonismo. Vol. 2, História de um caso político, Imprensa da Universidade, Coimbra, 2006, p. 52.]

Ferreira Martins manteve a sua posição até 1919, tendo sido condecorado pela sua acção como vice-chefe do Estado Maior do CEP, seguindo depois para Chefe do Estado Maior do Campo Entrincheirado de Lisboa, função que desempenhou entre 1919 e 1926. Foi ainda, em 1923, comandante do Regimento de Infantaria nº 5.
[Em continuação]
A.A.B.M.

Sem comentários: