CONFERÊNCIA: "Os Divodignos e as Guerras Liberais”;
ORADOR: dr. Luís Reis Torgal [Faculdade de Letras da Univ. de Coimbra]
DIA: 18 de Março 2015 (18,00 horas);
LOCAL: Casa da Escrita (Rua Dr. João Jacinto, nº 8, Sé Nova - Coimbra);
LOCAL: Casa da Escrita (Rua Dr. João Jacinto, nº 8, Sé Nova - Coimbra);
ORGANIZAÇÃO: Pró-Associação 8 de Maio, A.A.C., Ateneu de Coimbra;
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[ANOTAÇÃO SOBRE] "A Sociedade
dos Divodignos" [Divodigus] ou Divodis (1828) - Era composta, na
quase totalidade, por estudantes liberais - o seu presidente era Francisco Cesario Rodrigues Moacho
-, e de onde saíram os estudantes que participaram nos assassinatos e
ferimentos aos lentes e cónegos [Jeronymo
Joaquim de Figueiredo e Mattheus
de Sousa Coutinho, foram os lentes mortos], no dia 18 de
Março de 1828, além de Condeixa
[sítio do Cartaxinho]. Tinham as reuniões na Rua do Loureiro, em
umas casas pequenas do lado esquerdo logo acima do Arco de D. Jacintha" [in, Apontamentos para a História
Contemporânea, p. 93]. Tinham os Divodignos "uma constituição, uma
lei orgânica, que prescrevia a obrigação de actos violentos, e nestes, até o
assassinato" [cf.
Alberto de Sousa Lamy,
in A Academia de Coimbra
1537-1990]
Segundo
um elemento pertencendo à sociedade [conta Joaquim Martins de Carvalho]
faziam os Divodigus
as assembleias num casarão quase subterrâneo, sito nos Palácios Confusos.
Foi, aí, que se resolveu a trama de Condeixa,
isto é, o cumprimento da deliberação de tirar do caminho de Lisboa os
"membros das duas
deputações " que levavam felicitações ao rei d. Miguel.
Assistiram a
essa sessão dos Divodignos, 200 académicos liberais, tendo sido sorteados 13
deles para o cumprimento da missão. Segundo Joaquim Martins de Carvalho [op. cit], os membros dos
Divodignos que "desfecharam
as armas" foram: Delfino
Antonio de Miranda e Mattos [de Barcelos], Bento Adjuto Soares Couceiro e Antonio Correia Megre.
Perante
a descoberta ocasional do crime ocorreram populares e uma força de Cavalaria,
que ali passava, pondo em debandada os Divodignos.
Foram presos e enforcados [cf. Joaquim
de Carvalho, op. cit, p. 96] nove deles [Bento Adjuto Soares
Couceiro, Delfino Antonio de Miranda e Mattos, Antonio Correia Megre, Domingos
Barata Delgado, Carlos Lidoro de Sousa Pinto Bandeira, Urbano de Figueiredo,
Francisco do Amor Ferreira Rocha, Domingos Joaquim dos Reis e Manuel
Inocêncio de Araújo Mansilha]. Foram conduzidos para Lisboa e do processo
resultou na sentença [muito contestada juridicamente] de morte por "enforcamento" no
dia 20 de Junho de 1828, no "cais do Tejo, a Santa Apolónia" [cf. Lamy, op. cit].
Ainda
segundo J. Martins de
Carvalho evadiram-se os quatro restantes [diga-se que José Germano da Cunha,
nos "Apontamentos
para história do Concelho do Fundão" (Lisboa, 1892)
diz-nos que foram enforcados 10 dos membros dos Divodignos e que escaparam 3,
referindo: Bernardo Nunes, o padre Bernardo Antonio Ferreira e Francisco Sedano
Bento de Mello], registando Martins
de Carvalho os seguintes:
Antonio Maria das Neves Carneiro (do Fundão, e que
acabou por ser enforcado em 1830), Francisco
Sedano Bento de Mello (Caldas da Rainha), José Joaquim de Azevedo e Silva
(Lisboa) e Manuel do
Nascimento Serpa (falecido na Misericórdia de Lagos, com o nome
de "Fresca
Ribeira"- ver obra citada e, principalmente, o Capitulo
XII, "Sentença
que condenou à morte os 9 estudantes enforcados a 20 de Junho de 1828";
do mesmo modo, consultar os "Grande
Dramas Judiciários", de Sousa e Costa; idem
para Oliveira Martins,
in Portugal Contemporâneo,
vol I.; ou Teófilo
Braga, "História
da Universidade de Coimbra", tomo IV; tb Camilo Castelo-Branco,
in "O Retrato de Ricardina".
[via Almocreve das Petas]
J.M.M.
1 comentário:
Excelente, amigo J.M.M., um bom contributo para a memória. Não devemos deixar morrer. Devemos sempre recordar. Obrigado. A.A.A.M
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