quarta-feira, 26 de agosto de 2015

JOSÉ PARREIRA (1865-1942)


No âmbito deste conjunto de artigos sobre o Centenário do Congresso Regional Algarvio, relembramos um dos vogais da Comissão Organizadora do Congresso: José Parreira, jornalista e político ligado ao Partido Progressista.

Nasceu em Loulé em 9 de Abril de 1865. Filho de Feliciana Parreira (falecida em 16 de Maio de 1890) e de José Maria Parreira (falecido em 16 de Dezembro de 1904, e que desempenhou as funções de escrivão da fazenda em Tavira, onde vivia[1]).
Realiza os seus estudos iniciais em Braga, depois em Lisboa onde mostra interesse nas letras iniciando colaboração em jornais da capital. Em Lisboa começa a colaborar com o Correio da Noite, depois entrou no quadro do Diário de Notícias.

Em termos profissionais foi amanuense da secretaria da fiscalização dos Caminhos de Ferro de Leste e Norte[2] em 1889.
Desempenhou também as funções de redactor na antiga Câmara dos Deputados. Como membro do Partido Progressista acompanhou José Bento Ferreira de Almeida nas suas actividades políticas e de quem era bastante próximo.

Participa numa reunião de jornalistas em 6 de Abril de 1895, onde se procurou alcançar um acordo entre os vários jornais[3]. Esta reunião teve lugar na redação do jornal Correio da Manhã por forma a não noticiar de forma circunstanciada os suicídios. Na reunião estiveram presentes entre outros: Brito Aranha (Diário de Notícias), Jaime Victor (Correio da Noite); Alves Correia e França Borges (Vanguarda), Magalhães Lima (Século), Fraga Pery Linde ( Folha do Povo), Mendonça e Costa, (Gazeta dos Caminhos de Ferro), C. Rangel de Sampaio, (Tempo), Alfredo Serrano (Nação), Armando e Silva e Machado Correia (Novidades), Segurado e Mendonça (Diário Illustrado), Mello Barreto (Correio Nacional), José Parreira (Popular), Feio Terenas (Batalha), Alberto Camara (Tarde), F. Gomes da Silva, ( O Dia), Décio Carneiro (Repórter), Mariano Pina (Universal). Apesar da visão moralizadora, este acordo acaba por não ser cumprido e alguns acontecimentos trágicos foram acompanhados e relatados com todo o detalhe pela imprensa. No jornal O Tempo, cujo representante defendia a eliminação desse tipo de notícias, referia-se mesmo que Rangel de Sampaio exigiu, para assinar a acta da reunião que houvesse uma declaração de princípio sobre o assunto e lamentava que o resultado da reunião fosse nulo.

Em 1905 o seu nome chegou a ser referido como possível candidato a deputado pelo círculo de Tavira pelo Partido Progressista[4].
Colaborou n’O Século, n’ O Teatro (1918), na Ilustração e no Diário de Lisboa. Chefiou a delegação em Lisboa do Jornal de Notícias e fundou os jornais O Combate (1929) e O Rumor, onde estudou a organização e funcionamento das sociedades anónimas. Foi também durante largo período também um conhecido crítico teatral, tendo assumido essa função em vários periódicos.

Como secretário da Antiga Associação de Jornalistas foi com Alfredo Mesquita e Leonildo Mendonça e Costa ao 8º Congresso Internacional de Imprensa, realizado em Berna, em 1902, sobre o qual publicaram um relatório.
Enquanto jornalista, sobretudo no final do século XIX, realizou alguns trabalhos de reportagem no estrangeiro sendo considerado um dos precursores do jornalismo internacional[5].

Manteve ao longo de vários anos uma secção no Diário de Lisboa onde analisava o pensamento de alguns pensadores, sobretudo Gustave le Bon, mas também outros escritores do tempo. Apesar da mudança frequente de nome da rubrica ela manteve-se com periodicidade regular.
Era considerado um elemento activo nas assembleias-gerais onde participava como accionista, com intervenções que demonstravam conhecimento das disposições estatutárias. Em algumas assembleias a sua combatividade provocava altercações que chegaram a suspender as referidas sessões. Foi secretário da mesa da assembleia-geral dos Caminhos-de-Ferro Portugueses e da Companhia dos Tabacos.

Tinha algumas condecorações como a comenda de Santiago e da ordem de Danneborg, da Noruega.

No âmbito da Comissão Organizadora do Congresso Regional Algarvio, José Parreira desempenhou as funções de vogal da comissão, tendo também sido acompanhado por seu irmão Jacinto Parreira que era secretário da mesma comissão. Neste congresso apresentou a tese cuja capa se apresenta mais acima intitulada Cantos, Músicas e Danças.

Bibliografia activa:
Além de centenas de artigos impossíveis de contabilizar na totalidade no Correio da Noite e no Diário de Notícias, bem como noutros órgãos da imprensa escrita, localizaram-se os seguintes trabalhos:
- Berne, 1902: 8 Congresso Internacional da Imprensa. Relatório, co-autores José Parreira, Leonildo Mendonça e Costa e Alfredo Mesquita, Typ. Universal, Lisboa, 1903, 14 p.;
- Cantos, Músicas e Danças. Tese, Congresso Regional Algarvio, s.n., Lisboa, 1915, 16 p.
Chamamos a atenção para um curioso trabalho assinado por este autor na revista Ilustração:
- “Breve História do Antigo Cemitério dos Israelitas Portugueses na cidade de Bordéus”, Ilustração, Lisboa, 01-05-1933, nº 9 (177), 8º ano, p. 18-19 [Consultar AQUI].

Faleceu em Lisboa, com 77 anos, em 14 de Março de 1942[6], já viúvo e deixando dois filhos: Raúl Ermida Parreira e Alice Celestina Ermida Parreira.







[1] Districto de Faro, Faro, 22-12-1904, Ano 29, nº 1496, p. 2, col. 3.
[2] Novidades, Lisboa, 31-05-1889, Ano V, nº 1531, p. 2, col. 2.
[3] “Reunião de Imprensa”, O Tempo, Lisboa, 07-04-1895, Ano VII, nº 1961, p. 2, col. 2.
[4] Novidades, Lisboa, 23-01-1905, Ano XXI, nº 6357, p. 3, col. 2.
[5] “Da Vida que Passa: Faleceu hoje o antigo jornalista José Parreira”, Diário de Lisboa, Lisboa, 14-03-1942, Ano 21, nº 6934, p. 5, col. 2. Disponível AQUI.
[6] Correio do Sul, Faro, 22-03-1942, Ano XXIII, nº 1303, p. 2, col. 3.

Bibliografia consultada:
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol. 20, Lisboa/Rio de Janeiro, s.d., p. 460.

A.A.B.M.

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