segunda-feira, 28 de agosto de 2017

[ASSOCIAÇÃO CULTURAL 24 DE AGOSTO] NA EVOCAÇÃO DA REVOLUÇÃO LIBERAL E HOMENAGEM A MANUEL FERNANDES THOMAZ – FIGUEIRA DA FOZ



DISCURSO PROFERIDO NA EVOCAÇÃO DA REVOLUÇÃO LIBERAL E HOMENAGEM A MANUEL FERNANDES TOMÁS NO DIA 24 DE AGOSTO DE 2017, NA FIGUEIRA DA FOZ, pela Associação Cívica e Cultural 24 de Agosto

“A Figueira da Foz continua a celebrar orgulhosamente os aniversários da Revolução Liberal de 24 de Agosto de 1820. Sob a luz que nos é proporcionada pelo nosso conterrâneo Manuel Fernandes Tomás continuamos, nesta terra, a reunir-nos, neste momento simbólico, e a assinalarmos, em conjunto, esse momento único da história da pátria em que de súbditos passámos a cidadãos.

E este encontro anual continua a ser importante. É importante porque uma cidade também se faz das tradições que se vão construindo. Das suas figuras históricas mais relevantes. Da marca cívica que elas tenham deixado. Do exemplo que tenham legado às gerações seguintes. E a Figueira da Foz tem muitas dessas personagens de quem se pode orgulhar e a quem deve prestar culto. A cidade e as suas instituições têm-no feito e é caminho que deve ser continuado. É a cidade que se une e se revê na vida e na obra dos seus mais ditosos filhos.

E à cabeça desse grupo de personalidades está, evidentemente, a figura quase tutelar de Manuel Fernandes Tomás.

Não valerá a pena repetir os aspectos centrais da sua biografia. Ela é razoavelmente conhecida e a sua valentia, probidade e a inteligência estão bem inculcadas nas mentes e nos corações da grande maioria dos figueirenses. Para isso, vale a pena dizer, em muito contribui a majestosa estátua que, há mais de 100 anos, um grupo de homens generosos lhe quis erigir.

A propósito da majestosa estátua convém dizer – e isso nem sempre é notado – que o topónimo da Praça onde está se encontra não poderia ser mais adequado. O 8 de maio de 1834, com a chegada, a Coimbra, do contingente de tropas liberais comandadas pelo Duque da Terceira colocou, praticamente, um ponto final num dos mais sangrentos períodos da história portuguesa. Passado poucos dias, a 26 de maio, a chamada “Convenção de Évoramonte” deu letra de forma a esse armistício, consumando a instituição, entre nós, de uma monarquia de índole liberal.

Mas voltando ao 197º aniversário que hoje assinalamos, importa dizer que a distância temporal a que já estamos dos acontecimentos retira-nos, talvez, alguma capacidade para captar, na íntegra, a importância da revolução liberal no curso da história do país.

O levantamento de agosto de 1820 colocou, naquele então, o nosso país na linha frente, no concerto ocidental, no plano da consagração legal dos direitos civis e políticos, na liberdade de expressão e de reunião e na separação de poderes.

E hoje, desde o 25 de abril, esses adquiridos são-nos tão familiares que nem nos apercebemos bem de quão revolucionários eles foram nos alvores do séc. XIX.

É também importante lembrar que as conjuras contra o absolutismo exigiam uma coragem bem diferente daquela que hoje, comodamente, sentados em frente ao computador, através das redes sociais, se usam para criticar tudo e mais alguma coisa. Se acaso fosse preciso prova, menos de três anos antes da revolução liberal, o martírio do Gomes Freire de Andrade estava aí para o comprovar.

E é por isto. É por tudo isto, que, na Figueira da Foz, continuamos a celebrar o 24 de agosto e exaltamos a memória de Manuel Fernandes Tomás. Porque o seu exemplo nos ilumina o caminho. Porque queremos ser cidadãos livres num país livre.

Viva a liberdade!”
 
[Associação Cívica e Cultural 24 de Agosto, 24 de Agosto de 2017] - | sublinhados nossos
J.M.M.

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