ALMANACH DE S. BRAZ D’ALPORTEL. Ano I (1893) ao Ano II (1894);
Proprietário: João Manuel Rodrigues
de Passos; Editor
e Redactor: João Manuel Rodrigues de Passos; Impressão: Tipographia do “Recreio” (Rua da Barroca, 109; depois,
ano II, Rua do Marechal Saldanha, 59-61), Lisboa; 1892-1893, II
numrs
Trata-se
da edição de dois curiosos Almanaques, ambos editados por João Manuel Rodrigues
de Passos (1856-?), de São Brás de Alportel. A divulgação destes Almanaques
locais/regionais são raros e valiosos. Conhecem-se, antes deste(s) Almanach de
S. Braz d’Alportel, o Almanaque Curioso do Porto (1803?), muitos e
interessantes de Lisboa (a partir de 1806?), a sugestiva Folhinha da Terceira
(1831), outra Folhinha a Açoriana Micaelense (1843), o Almanaque de Leiria
(1854), o competente Almanaque de Instrução Pública em Portugal de Coimbra
(1857), o de Moçambique (1859?), de Aveiro (1862), o de Ponta Delgada
(Arquipélago dos Açores, 1864), o Maragato da Terceira (1865), de Goa (1864), o
de Margão (da Mocidade, 1868), o Almanaque do tio Brás (Horta, 1872), de Viseu
(da Beira, 1872), o Almanaque do Faialense (1872), o Almanaque Insulano (para
Açores e madeira, Angra, 1873), o curioso Almanaque Liberal de Coimbra (1875), o
magnifico Almanaque da Praia da Figueira (1878), o de Barcelos (do Minho,
1880), de Estremoz (Almanaque Ilustrado, 1884), o de Castro Daire (1888), o
Almanaque Estremocense (1889), de Bastorá (de Paredes e Bastorá, 1889?), o de
Braga (1893) e o de Montemor-o-Novo (Alentejo, 1884).
Os
Almanaques de São Brás de Alportel são “documentos importantes para a história
de São Brás de Alportel” [José do Carmo Correia Martins (JCCM), Subsídios para uma Biobibliografia São-Brasense, 2017, p. 169]. De muita “ousadia” e de franco
“pioneirismo” regional, o(s) Almanaque de São Brás de Alportel, como habitual
assente no seu “kalendário”, tem enigmas, curiosidades e passatempos
variados, insere um brevíssima monografia da povoação (Ano 1893) e outras mais
anotações antigas sobre São Brás (ver, artigo de Ataíde de Oliveira, Ano 1894),
apresenta curiosas secções sobre agricultura, “relações de mercados e feiras de
gado em todo o país”, apresenta um artigo sobre João de Deus, supostamente da
pena de Bernardo de Passos (Pa …Pi; Ano de 1893, pp. 20-21), replica artigos da
“Folha do Povo” e outras mais crónicas a consultar [ver sobre a sua
importância, JCCM, ibidem].
O
Almanaque era editado por João Manuel
Rodrigues de Passos, natural de São Brás de Alportel. Nascido a 15 de
Agosto de 1856, filho de Manuel
Rodrigues do Passo e de Inês de
Jesus (ibidem). Pertencia à poderosa família Passos, sendo primo paterno
de Bernardo Rodrigues de Passos Júnior [1876-1930; poeta, publicista, notável
jornalista, republicano e anticlerical, com cargos políticos e administrativos
locais e regionais], de Boaventura
Rodrigues de Passos [1885-1935; republicano, poeta, escritor, irmão e
sócio, com Bernardo, da oficina tipográfica “Regional Editora”, jornalista e director
do semanário Ecos do Sul], de Rosalina
de Passos [1880-1958; escultora e irmã dos anteriores Passos, tendo reproduzido
os seus bustos, bem como, entre outros, o do poeta Cândido Guerreiro] e de Virgínia Passos [1881-1965; pintora].
Integrou
João Manuel Rodrigues de Passos a
primeira geração que “dinamizou” politica e culturalmente São Brás de Alportel [José
do Carmo Correia Martins, ibidem, p.168] – a “Barcelona Algarvia”- conjuntamente
com o publicista republicano Bernardo
Rodrigues de Passos, Sénior [considerado um dos “apóstolos” do
republicanismo local], o combativo e intransigente republicano João Rosa Beatriz [1881-1960; comerciante
de ferragens e mercearia, carbonário e livre-pensador; integrou a primeira Comissão
Paroquial Republicana de S. Brás; foi um dos homens que esteve ao lado de
Machado de Santos, na Rotunda, no 5 de Outubro de 1910; pertencia à maçonaria,
integrando o triângulo nº189, do GOL, que foi fundado pelo Decreto de 20 de
Junho de 1911, como filial da Loja Luís de Camões, de Lisboa; fundador do Batalhão
de Voluntários para a Defesa da República (fundamental a repor a ordem no motim
de Abril de 1916); elemento dinamizador e reivindicador (acompanhado por
Virgílio Passos e José Pereira da Machada) da elevação de S. Brás de Alportel a
concelho, conseguindo-o a 1 de Junho de 1914, tendo sido o seu primeiro
administrador; vice-cônsul de Portugal em Mazagão; exilou-se após o 28 de Maio
de 1926, em Marrocos, onde faleceu], José
Pereira da Machada Júnior [farmacêutico e Presidente da Câmara Municipal,
em 1916; proprietário da Farmácia Machada Júnior; foi neste estabelecimento que
trabalhou, na juventude, o poeta Bernardo de Passos], o importante publicista
republicano Júlio Cesar Rosalis
[contabilista, fundador do Centro Republicano local; pertenceu ao triângulo
maçónico local; foi, em 1911, nomeado governador civil dos Distrito de Faro] e Virgílio de Passos [farmacêutico,
republicano, tendo sido nomeado Presidente da Comissão Paroquial Republicana de
S. Brás, a 18 de Novembro de 1907; maçon do triângulo maçónico local; era primo
do poeta Bernardo de Passos – refira-se que o Triângulo Maçónico de S. Brás de
Alportel nº 189, integrava além dos elementos já citados, João de Sousa Uva e Ventura
Coelho Vilhena].
João Manuel Rodrigues de
Passos foi correspondente do Diário de Notícias e era agente de seguros
das Companhias Tagus [fundada em Lisboa, em 1877, com a denominação de Companhia
de Seguros Marítimos Tagus, adotando a designação só em 1883] e da Portugal Previdente
[1907 – idem, ibidem, p. 168]. Comerciante (proprietário da Loja Progresso),
homem culto e defensor intransigente dos interesses locais, ousou editar (1893)
os dois Almanaques acima lembrados, que são documentos “importantes para a
história de São Brás de Alportel [idem, ibidem).
[Algumas assinaturas] Colaboração: Annes Baganha, Aleixo Gomes, Alexandrino Flores, “Bengalinha”, Bernardo Roiz de Passos Júnior, Casimiro Dantas, Fialho de Almeida, Hypocrates, J. J. Cyrillo Junior, J. Leonam Sossap, João António Rodrigues de Passos, João de Deus, João Manuel Rodrigues de Passos, João Pimenta, João Xavier de Ataíde de Oliveira, José Bernardo Bonga, José Felix da Cruz, Júlio Teixeira, “Keraunophobuz”, Lima João, Maria Carolina Frederico Crispin (Maria Veleda), Maria Alexandrina, Martinho de Brederode, Mendo d’Athouguia, Nogueira da Carvalho, Pa … Pi [Bernardo de Passos Júnior], Passos Pinto, “Uma Senhora Portuguesa”, Zampironi.
O Almanach de S. Braz D'Alportel AQUI digitalizado.
J.M.M.
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