segunda-feira, 17 de setembro de 2018

JOSÉ EDUARDO SIMÕES COIMBRA – MISTÉRIOS ANTIGOS, MARINHA, MAÇONARIA



AUTOR: Luís Vaz;
EDIÇÃO: Âncora Editora, Setembro 2018

LANÇAMENTO:

DIA: 22 de Setembro 2018 (17,30 horas);
LOCAL: Fornos de Algodres (Biblioteca Maria Teresa Maia Gonzalez);
ORADORES:
Luís Vaz | José Adelino Maltez


“[…] José Eduardo Simões Coimbra [1908-1996] - alvo da nossa atenção nesta obra e com quem tivemos o privilégio de conviver – foi um desses Mestres que na nossa mais profunda convicção, entendemos que os iniciados e aqueles que vierem a ter o privilégio de serem iniciados, devem conhecer. A sua vida impoluta e prenhe de virtudes raras, deve ser conhecida na sua componente profana que creio poucos maçons conhecem, e na sua componente Maçónica, conhecida por muitos, mas, por muitos desconhecida atendendo ao devir do tempo e à pouca tendência para que o futuro seja pensado com o fermento do passado e da memória.
 
Quanto á componente profana, tentamos conhecer o seu percurso histórico desde o seu nascimento até ao seu ingresso no curso de Engenharia Maquinista Naval na Escola Superior Naval da Marinha Portuguesa. Tivemos algumas dificuldades, sobretudo no histórico da sua infância e adolescência, atendendo a que o tempo fez mudança e a mobilidade dos arquivos colocou documentação a seu respeito em espaços que se desconhecem. Não obstante, foi interessante o recurso á tradição oral que nos facultou informação sobre o seu percurso escolar, do Liceu á Escola Superior Naval, que se nos afigura aproximar-se de uma realidade inteligível. Foi mais fácil a análise do seu percurso académico superior e profissional como quadro da Marinha Portuguesa e cuja documentação foi possível analisar com as autorizações legalmente instituídas.
 
É esta história que começa em Vila Chã – Fornos de Algodres, passa por Coimbra, continua o seu percurso pela Escola Superior Naval, no Alfeite em Almada, e percorre continentes e mares, nas residências flutuantes de uma das mais nobres instituições militares, mas sobretudo, de educação, instrução e formação profissional. Passado á reforma fixou-se em Lisboa, só regressa ao “berço”, após o seu desaparecimento físico, onde jaz no cemitério de Vila Chã, Concelho de Fornos de Algodres.
 
Como Maçon [Irmão Victor Hugo - integrou a loja Simpatia e União, nº4, de Lisboa], destacamos a data da sua iniciação clandestina em 1945, assumindo riscos que poderiam fazer perigar a sua carreira e a sua vida. Mas o GOL - Grande Oriente Lusitano, Maçonaria Portuguesa, lembra Simões Coimbra nas suas facetas especiais e plurais, considerando-o uma referência na convivência cívica entre os maçons e de uma extrema dedicação á Obediência, com destaque para o período da transição da ditadura para a democracia. Muito se deve a Simões Coimbra, a prática á luz do dia, do culto da pedagogia dos três valores mais sublimes da Maçonaria – Liberdade, Igualdade e Fraternidade. A ele se deve a pedagogia do pragmatismo, que conferiu o carácter apolítico à organização que entendia constituir o factor de convergência, indispensável para cimentar a fraternidade na pluralidade de pensamento entre todos os irmãos. Foram Homens que ao longo da História e senhores destas componentes que mantiveram a Maçonaria na vanguarda de grandes iniciativas, dos grandes movimentos de opinião liberal, republicana, progressista e democrática a que não são alheias as grandes reformas verificadas com cunho eminentemente iniciático.
 


Na verdade, foi com Simões Coimbra, Dias Amado, Adão e Silva, de entre outros - muito poucos - que resistiram no decurso da longa noite de ditadura, que a Maçonaria, em Abril de 1974, quase a partir do nada, recomeçou em Liberdade, uma nova etapa da sua longínqua História. A eles se deve a restituição do Palácio Maçónico, a sua reabilitação, seu apetrechamento em equipamentos e adaptação aos fins das actividades do Grande Oriente Lusitano. A eles se deve o retorno do património desviado, nomeadamente, documentação, obras literárias, livros de registos e de actas.
 
Foi grande o trabalho de organização administrativa e financeira que envolveu um Conselho da Ordem que funcionava em regime de Comissão Administrativa, que integrava, para além de Simões Coimbra, Dias Amado e Adão e Silva, também Araújo e Sá e Adosindo de Sousa Leite. Foi este Conselho da Ordem que procedeu ao recenseamento “dos antigos associados que não perderam a qualidade e promoveu a regularização das suas situações e secções”. Porém, o mais hercúleo trabalho foi proceder à elaboração do primeiro orçamento – 25 de Abril a Dezembro de 1974 que encerrou a fase de clandestinidade e apresentou várias soluções de receitas em que foram evidenciadas as receitas das quotizações ordinárias, suplementares, eventual única e pedido ao Governo de um subsídio de indemnização definitiva, por todos os prejuízos decorrentes da ocupação do edifício pela Legião Portuguesa. Foram estas receitas que vieram a assegurar as despesas com pessoal, com o normal funcionamento administrativo, seguros, manutenção e obras, cuja evolução se verificou nos anos sequenciais de gestão de Simões Coimbra como presidente do Conselho da Ordem ou como Grão-Mestre [1984-1988], com destaque para o desenvolvimento das relações exteriores com outras Potencias Maçónicas [...]"  
 
in NOTA PRÉVIA [Extrato], por Luís Vaz – com sublinhados & notas nossas. 

J.M.M.

1 comentário:

Democrata disse...

Faltou referir que o sr.º José Coimbra, foi sócio do Centro Académico de Democracia Cristã, organização regida pela ideologia de Vincenzo Pecci-Prosperi-Buzzi, líder do Clero com o posto de Papa e também conhecido como Leão XIII; as chamadas Incíclicas de Leão XIII seriam uma das bases da ditadura do Estado Novo.