AUTOR:
Luís Vaz;
EDIÇÃO: Âncora Editora, Setembro 2018
EDIÇÃO: Âncora Editora, Setembro 2018
LANÇAMENTO:
DIA:
22 de Setembro 2018 (17,30 horas);
LOCAL: Fornos de Algodres (Biblioteca Maria Teresa Maia Gonzalez);
ORADORES: Luís Vaz | José Adelino Maltez
LOCAL: Fornos de Algodres (Biblioteca Maria Teresa Maia Gonzalez);
ORADORES: Luís Vaz | José Adelino Maltez
ORGANIZAÇÃO:
Âncora Editora | Município de Fornos de Algodres | Grande Oriente Lusitano
► “[…] José Eduardo
Simões Coimbra [1908-1996] - alvo da nossa atenção nesta obra e com quem tivemos o
privilégio de conviver – foi um desses Mestres que na nossa mais profunda
convicção, entendemos que os iniciados e aqueles que vierem a ter o privilégio
de serem iniciados, devem conhecer. A sua vida impoluta e prenhe de virtudes
raras, deve ser conhecida na sua componente profana que creio poucos maçons
conhecem, e na sua componente Maçónica, conhecida por muitos, mas, por muitos
desconhecida atendendo ao devir do tempo e à pouca tendência para que o futuro
seja pensado com o fermento do passado e da memória.
Quanto á componente profana, tentamos conhecer o seu percurso histórico
desde o seu nascimento até ao seu ingresso no curso de Engenharia Maquinista
Naval na Escola Superior Naval da Marinha Portuguesa. Tivemos algumas
dificuldades, sobretudo no histórico da sua infância e adolescência, atendendo
a que o tempo fez mudança e a mobilidade dos arquivos colocou documentação a
seu respeito em espaços que se desconhecem. Não obstante, foi interessante o
recurso á tradição oral que nos facultou informação sobre o seu percurso
escolar, do Liceu á Escola Superior Naval, que se nos afigura aproximar-se de
uma realidade inteligível. Foi mais fácil a análise do seu percurso académico
superior e profissional como quadro da Marinha Portuguesa e cuja documentação
foi possível analisar com as autorizações legalmente instituídas.
É esta história que começa em Vila Chã – Fornos de Algodres, passa por
Coimbra, continua o seu percurso pela Escola Superior Naval, no Alfeite em
Almada, e percorre continentes e mares, nas residências flutuantes de uma das
mais nobres instituições militares, mas sobretudo, de educação, instrução e
formação profissional. Passado á reforma fixou-se em Lisboa, só regressa ao
“berço”, após o seu desaparecimento físico, onde jaz no cemitério de Vila Chã,
Concelho de Fornos de Algodres.
Como Maçon [Irmão Victor Hugo - integrou a loja Simpatia e União, nº4, de Lisboa], destacamos a data da sua iniciação clandestina em 1945,
assumindo riscos que poderiam fazer perigar a sua carreira e a sua vida. Mas o
GOL - Grande Oriente Lusitano, Maçonaria Portuguesa, lembra Simões Coimbra nas
suas facetas especiais e plurais, considerando-o uma referência na convivência
cívica entre os maçons e de uma extrema dedicação á Obediência, com destaque
para o período da transição da ditadura para a democracia. Muito se deve a
Simões Coimbra, a prática á luz do dia, do culto da pedagogia dos três valores
mais sublimes da Maçonaria – Liberdade, Igualdade e Fraternidade. A ele se deve
a pedagogia do pragmatismo, que conferiu o carácter apolítico à organização que
entendia constituir o factor de convergência, indispensável para cimentar a
fraternidade na pluralidade de pensamento entre todos os irmãos. Foram Homens
que ao longo da História e senhores destas componentes que mantiveram a
Maçonaria na vanguarda de grandes iniciativas, dos grandes movimentos de
opinião liberal, republicana, progressista e democrática a que não são alheias
as grandes reformas verificadas com cunho eminentemente iniciático.
Na verdade, foi com Simões Coimbra, Dias Amado, Adão e Silva, de entre
outros - muito poucos - que resistiram no decurso da longa noite de ditadura,
que a Maçonaria, em Abril de 1974, quase a partir do nada, recomeçou em
Liberdade, uma nova etapa da sua longínqua História. A eles se deve a
restituição do Palácio Maçónico, a sua reabilitação, seu apetrechamento em
equipamentos e adaptação aos fins das actividades do Grande Oriente Lusitano. A
eles se deve o retorno do património desviado, nomeadamente, documentação,
obras literárias, livros de registos e de actas.
Foi grande o trabalho de
organização administrativa e financeira que envolveu um Conselho da Ordem que
funcionava em regime de Comissão Administrativa, que integrava, para além de
Simões Coimbra, Dias Amado e Adão e Silva, também Araújo e Sá e Adosindo de
Sousa Leite. Foi este Conselho da Ordem que procedeu ao recenseamento “dos
antigos associados que não perderam a qualidade e promoveu a regularização das
suas situações e secções”. Porém, o mais hercúleo trabalho foi proceder à
elaboração do primeiro orçamento – 25 de Abril a Dezembro de 1974 que encerrou
a fase de clandestinidade e apresentou várias soluções de receitas em que foram
evidenciadas as receitas das quotizações ordinárias, suplementares, eventual
única e pedido ao Governo de um subsídio de indemnização definitiva, por todos
os prejuízos decorrentes da ocupação do edifício pela Legião Portuguesa. Foram
estas receitas que vieram a assegurar as despesas com pessoal, com o normal
funcionamento administrativo, seguros, manutenção e obras, cuja evolução se
verificou nos anos sequenciais de gestão de Simões Coimbra como presidente do
Conselho da Ordem ou como Grão-Mestre [1984-1988], com destaque para o desenvolvimento das
relações exteriores com outras Potencias Maçónicas [...]"
J.M.M.
1 comentário:
Faltou referir que o sr.º José Coimbra, foi sócio do Centro Académico de Democracia Cristã, organização regida pela ideologia de Vincenzo Pecci-Prosperi-Buzzi, líder do Clero com o posto de Papa e também conhecido como Leão XIII; as chamadas Incíclicas de Leão XIII seriam uma das bases da ditadura do Estado Novo.
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