Enquanto deputado fez parte da Comissão de
Redacção, da Fazenda, de Legislação Criminal, da Instrução Superior
(1885-1886), do Bill de Indemnidade
(1885), da Comissão de Inquérito sobre os impostos do Sal (1885), da Comissão
de Resposta ao Discurso da Coroa (1886) e da Comissão para Estudar as Causas da
Emigração (1886). Neste período tomou parte em vários debates na Câmara dos
Deputados e apresentou uma proposta de projecto de lei para a organização do
curso geral da Faculdade de Filosofia, em Abril de 1885. Envolveu-se no debate
sobre a revisão constitucional defendendo a manutenção do beneplácito na
Constituição, procurando garantir o bom relacionamento entre a Igreja e o
Estado. Numa das sessões, o deputado republicano Consiglieri Pedroso solicitou
maior rapidez na obtenção de resultados da Comissão de Inquérito ao Imposto do
Sal e Correia Barata fez questão de apresentar os resultados até ali obtidos,
bem como todas as iniciativas que tinha tomado para melhor esclarecer a
situação e no final solicitou que o dispensassem da referida comissão, porque talvez
assim os trabalhos avançassem mais depressa.
Recebeu o título de Conselheiro e já jubilado,
exerceu ainda as funções de director da Secretaria da Câmara dos Deputados, por
diploma de 1 de Fevereiro de 1897 tendo tomado posse do cargo a 3 de Fevereiro
seguinte. Desempenhava estas funções quando faleceu.
Foi dos primeiros a acolher com entusiasmo as
ideias positivistas de Augusto Comte e conquistou alguma reputação no plano
internacional, principalmente em França, onde um dos seguidores de Comte,
Pierre Lafitte, o citava com frequência nas suas aulas.
Foi um dos impulsionadores das comemorações do
Centenário do Marquês de Pombal na Universidade de Coimbra. Em 15 de Novembro
de 1881, na reunião do conselho da Faculdade de Filosofia, apresentou a
proposta para se fazer as comemorações do centenário do Marquês de Pombal. A
proposta foi aprovada por unanimidade e, no dia 8 de Maio de 1882, discursou na
sessão solene juntamente com António Cândido, tendo o discurso sido publicado
no Anuário da Universidade de Coimbra
1882/1883, p. 3 a 20. No entanto, a crítica às comemorações surgiram e, entre
eles, Ramalho Ortigão, nas suas Farpas
foi dos mais críticos. Este discurso encontra-se reproduzido no Dicionário Bibliográfico Português, de
Inocêncio Francisco da Silva, vol. 19, Lisboa, Imprensa Nacional, 1908, p. 79 a
83.
Tornou-se sócio da Sociedade de Geografia, uma das
mais prestigiadas instituições portuguesas na segunda metade do século XIX, em
27 de Março de 1877, sendo o sócio nº 170.
Foi um dos principais responsáveis pela elaboração
da Carta de Lei que criou na Universidade de Coimbra a cadeira de Antropologia, Paleontologia Humana e
Arqueologia Pré-Histórica, substituindo a de Agricultura que era lecionada até 1885. Juntamente com Bernardino
Machado, foi um dos impulsionadores das ideias que foram discutidas e
apresentadas no Congresso de Lisboa de 1880. Os professores responsáveis pela
cadeira a partir de 1885/1886 foram H. Teixeira Bastos, seguiu-se Bernardino
Machado e mais tarde Eusébio Tamagnini.
Em 1886, traduziu a obra de Júlio Verne, Cinco Semanas em Balão, viagem através de
África, para editora de David Corazzi.
Sobre a sua personalidade dizia-se que, “era o
algarvio menos falador que se conhecia. Calado e taciturno, firme e austero.
Irritava-se facilmente e seria um declarado inimigo do obscurantismo católico
reacionário, sendo frequentemente atacado por ser um confesso ateu” [Paulo
Jorge Fernandes, apud Carlos Lobo
d’Ávila, “Barata, Francisco Augusto Correia”, Dicionário Biográfico Parlamentar, vol. I (A-C), coord. Maria
Filomena Mónica, Col. Parlamento, Lisboa, Imprensa de Ciências
Sociais/Assembleia da República, 2004, p. 296]
Colaborou com os Estudos Cosmológicos, red. A. M. de Senna, Bernardino Machado, F.
A. Corrêa Barata. - Nº 1 (1870) - nº 4 (1871). - Coimbra : Imprensa da
Universidade, 1870-1871. Disponível aqui: http://purl.pt/30403/4
O Século.
Publicação de Filosofia Popular e de Conhecimentos para todos, quinzenalmente,
entre Dezembro de 1876 e Maio de 1878, em duas séries, onde colaboravam também:
Zeferino Cândido;
A Revista
de Coimbra, Coimbra, 1879, tendo sido director da publicação.
Colaborou regularmente com a revista O Instituto, de Coimbra.
Ver por exemplo aqui: https://digitalis-dsp.sib.uc.pt/institutocoimbra/UCBG-A-24-37a41_v027/UCBG-A-24-37a41_v027_item1/P578.html
Colaborou ainda em Fraternidade Militar, Coimbra, 1887 (número único). Refere
Inocêncio a propósito desta publicação: “organizado pela comissão promotora da
festa militar realizada em Coimbra pelos oficiais do regimento de infantaria nº
23, em favor da viúva e filhos do desditoso capitão do mesmo regimento José
Maria de Sousa Neves. Publicado em 10 de abril de 1887.
Bernardino Machado, faz-lhe o elogio fúnebre n’O Instituto de 1900, conforme se pode
ler aqui:
No final da sua vida, envolta em grande sofrimento
provocado por doença, acabou por se converter ao Cristianismo, ele que tinha
sido fortemente critico da religião fruta da aproximação à filosofia
positivista acabou por receber os sacramentos da Igreja, conforme noticiava o
jornal A Nação [ver aqui: http://purl.pt/28600/1/j-2976-g_1900-03-30/j-2976-g_1900-03-30_item2/j-2976-g_1900-03-30_PDF/j-2976-g_1900-03-30_PDF_24-C-R0150/j-2976-g_1900-03-30_0000_1-4_t24-C-R0150.pdf ].
Era casado com Rosalina Amélia do Couto d’Almeida
Vale Correia Barata, de quem teve filhos.
Alguma correspondência entre
Correia Barata e Bernardino Machado pode ser consultada na Casa Comum da
Fundação Mário Soares, disponível aqui: http://casacomum.org/cc/arquivos?set=e_5373
Faleceu em Lisboa, em 28 de Março de 1900.
Obras Publicadas:
Da
Atomicidade – Estudo sobre as teorias químicas modernas,
Coimbra, Imprensa da Universidade, 1871 disponível aqui: https://almamater.uc.pt/cn/fundo_antigo/da_atomicidade_estudo_sobre_theorias_chimicas_modernas_por_francisco_augusto_corr%C3%AAa
As
raças históricas da Península Ibérica, Coimbra, Imprensa da
Universidade, 1872
Origens
Antropológicas da Europa, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1873, disponível aqui:
“Juízo Crítico e Científico em
desfavor das Teorias do Génesis”, In O
Instituto, Julho de 1876, nº 12.
Lições
de Química Inorgânica, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1881.
Carta
ao sr. Ramalho Ortigão a propósito do Centenário Pombalino,
Coimbra, Imprensa da Universidade, 1882.
Bibliografia Consultada:
Cardoso,
Augusto
Correia, “Excertos da História do Laboratorio Chymico da Universidade de
Coimbra. Parte II: Período 1860–1930”, Boletim da Sociedade Portuguesa de
Química, vol. 42, n.º 148 janeiro–março 2018, p. 33-44. Disponível aqui: https://www.spq.pt/magazines/BSPQuimica/683/pdf
CATROGA, FERNANDO, “Os Inícios do
Positivismo em Portugal”, Revista de História
das Ideias, nº1, Coimbra, 1977
FERNANDES, Paulo Jorge, “Barata, Francisco
Augusto Correia”, Dicionário Biográfico
Parlamentar, vol. I (A-C), coord. Maria Filomena Mónica, Col. Parlamento,
Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais/Assembleia da República, 2004, p. 296-297
FRANCO, Mário Lyster, Algarviana.
Subsídios para uma bibliografia do Algarve e dos Autores Algarvios, vol. I
(A-B), Faro, Câmara Municipal, 1982, p. 243-245.
OLIVEIRA, Francisco Xavier de
Ataíde, Monografia do Concelho de Loulé, Faro, Algarve em Foco, 1990
SILVA, Inocêncio Francisco da, Dicionário Bibliográfico Português,
Lisboa, Imprensa Nacional, vol. 19, Lisboa, Imprensa Nacional, 1908, p. 79 a 83
NOTA: Apesar de percorrer várias Enciclopédias e Dicionários, jornais e revistas da época não se conseguiu localizar uma gravura ou fotografia de Francisco Augusto Correia Barata. Ela existirá certamente, mas não foi possível, em tempo útil, conseguir uma fotografia. Alerta-se também para o facto de na página da Universidade de Coimbra, AQUI, existirem alguns dados biográficos sobre este professor, a data de falecimento que se encontra publicada não corresponde, conforme chamámos a atenção na primeira parte destes apontamentos biobibliográficos.
A.A.B.M.
2 comentários:
Vou perguntar ao Museu Bernardino Machado se existe alguma fotografia. Abraços apertados
Manuel Sá Marques
Boa tarde,
O meu nome é Paulo Alexandre Amaral Barata, e Fernando Augusto Correia Barata era meu tio bisavô, sendo seu pai, Joaquim José da Silva Barata, meu trisavô e comerciante de Loulé.
Estou a fazer a árvore genealógica da família e não consigo obter dados sobre Joaquim José da Silva Barata. Há alguém que me possa ajudar nesta busca?
Obrigado
Cumprimentos,
Paulo Barata
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