“Só temos o passado à nossa
disposição. É com ele que imaginamos o futuro” [E. L.]
Eduardo Lourenço, esse eterno
“emigrante intelectual”, levou uma vida a apontar a luz desse “amor e morte”
com que carregamos a Alma portuguesa. O murmúrio saudoso desse “profetismo” (vindo
da casa de Garrett, Alexandre Herculano e Antero de Quental), entre sombra e
nevoeiro, tem no entanto a aparência de esperança - mesmo se a nossa putativa “hiperidentidade”
ainda nos angustie - pela “liberdade e vontade” de irmos percorrendo o caminho ao
encontro com os outros e que mais não é que o “verdadeiro encontro connosco”.
Seguimos, de sol a prumo, o
seu olhar pela ideia de Portugal, “essa espécie de milagre” que nos enlouqueceu,
ali sitiado entre a velha nostalgia do império e a anomia da nossa crua realidade.
Repensar Portugal seria na prática e progressivamente, em Eduardo Lourenço, a imperiosa
“descentragem dos portugueses em relação á sua realidade”, a nível político e
necessariamente histórico.
Entre a contemplação de um “passado
glorioso” e a espera de um “futuro utópico”, Eduardo Lourenço foi propondo,
para sair deste nosso “Labirinto” um novo discurso e um novo fio
historiográfico. Que assim seja! Que assim aconteça! Vale.
Eduardo Lourenço faleceu hoje,
1 de Dezembro, na brisa deste luminoso dia da Restauração. Curiosa representação
premonitória. Fica o verbo e a memória de um pensador, ensaísta, “filósofo da cultura”,
poeta e professor, iluminado e único.
Até sempre Professor!
J.M.M.
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