sábado, 5 de abril de 2008

MANUEL JOSÉ MARTINS CONTREIRAS (parte I)


MANUEL JOSÉ MARTINS CONTREIRAS

Nasce na Fuzeta (Olhão), em 1848, aí frequentou a escola primária onde aprendeu a ler e a escrever. Filho de um abastado proprietário, falecido ainda ele era bastante jovem, foi ele que se encarregou de continuar os trabalhos nos campos, vigiando os trabalhadores e lendo os livros e jornais que conseguia obter.

Aos 18 anos parte para Lisboa e frequenta a Escola Normal, saiu de lá como aluno distinto, tentando por isso estudos superiores.
Em 1870 foi nomeado professor na escola de Moncarapacho (Algarve), e dois anos depois foi colocado em Oeiras, seguindo-se a escola central de Lisboa.
Em 1875 obteve por concurso em provas públicas a nomeação de professor da escola municipal nº 1, entrando com Simões Raposo, Teófilo Ferreira e outros, na propaganda, pela palavra e pela imprensa, que levou o ministro António Rodrigues Sampaio e o director-geral A. M. de Amorim a fazerem a reforma de 1878.

Assistiu em 1880 aos Congressos de Bruxelas, tomando parte nas discussões daquela assembleia, visitou ainda nessa altura muitas escolas na Inglaterra, Bélgica, França e Espanha. No ano seguinte rejeitou o lugar de inspector, preferindo ficar em Lisboa.

Defensor das ideias liberais e democráticas, tomou parte nos congressos das Associações, na organização de muitas associações operárias, de instrução e cooperativas, e especialmente nas estabelecidas pelo partido republicano, onde muito trabalhou ao lado de Oliveira Marreca, Latino Coelho, Sousa Brandão e Elias Garcia.

Eleito vice-presidente do 1º Congresso de Professores, realizado em Lisboa, nos dias 16, 19, 20 e 21 de Maio de 1892. Na comissão organizadora deste congresso, encontravam-se também Bernardino Machado, António Sérvulo Mata, António Maria de Freitas, Francisco José Cardoso, Francisco José Pinto Coelho, Manuel José Felgueiras, José Narciso Braga Condé, Manuel José Ferreira, Cândido de Figueiredo, e Guilherme José da Silva.

Parte para Angola em 1893 para estudar a instrução primária naquele território. Regressa a Portugal em 1894, onde apresentou um importante e desenvolvido relatório sobre a situação. Durante a sua estadia estudou também a administração colonial portuguesa e publicou um livro sobre o assunto, intitulado A Província de Angola, bem como dois outros opúsculos: O Crédito Predial Agrícola e o Regime Bancário em Angola, e As Fazendas do Banco Ultramarino em Angola. Publicou ainda outras obras como a Cartilha da Escola, por proposta de João de Deus; A Gramática da Escola, Sinopses da História Prática e Análise das Teorias Gramaticais do Sr. Epifânio, trabalhos estes que rapidamente esgotaram e que não conheceram nova reimpressão. Foi também assíduo colaborador da imprensa republicana da época O Século, Encyclopedia Republicana, entre outros.

No regresso da sua viagem de Angola recebeu a notícia da morte de sua esposa a senhora Ana Rosa Nunes Contreiras, que foi regente da escola central nº10.
Dedicou-se sempre ao trabalho, quer na escola nº 20, onde foi regente, quer nos seus negócios particulares, pois tinha constituído fortuna. Dedicou também parte do seu tempo ao estudo do problema colonial convencido que a criação do crédito agrícola e a organização do ensino público naquela província traria grandes vantagens tanto para o país como para a região.

Em 1897 foi presidente do Congresso Nacional do Professorado Primário, que se realizou em Lisboa entre 12 e 15 de Abril desse ano.

Foi também um conhecido elemento do Grande Oriente Lusitano Unido, tendo pertencido a uma loja maçónica entretanto desaparecida, manteve-se activo até às vésperas da República.
Faleceu em data que não conseguimos apurar.

Encontram-se algumas referências dispersas sobre Martins Contreiras aqui e ainda aqui, ou sobre a sua visita a Angola para estudar a instrução popular naquele território a consultar aqui ou ainda aqui.

[Nota: Na fotografia uma imagem de uma sala de aula no final da Monarquia, retirada do Arquivo Fotográfico de Lisboa, com a devida vénia. Não nos foi possível obter neste momento, em formato digital, uma imagem de Martins Contreiras].

A.A.B.M.

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